Jornalistas foram vigiados pela Abin

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Agência monitorou, de forma ilegal, políticos, ambientalistas, jornalistas, caminhoneiros e até aliados de Bolsonaro, diz jornal

Antonio Cruz
Agência Brasil

Políticos, assessores parlamentares, ambientalistas, acadêmicos e caminhoneiros estariam entre os alvos do suposto esquema de espionagem ilegal instalado na Agência Brasileira de Inteligência (Abin) durante o governo Jair Bolsonaro e que é alvo de investigação da Polícia Federal (PF). Segundo informações o jornal O Globo, até aliados do ex-presidente teriam sido monitorados clandestinamente.

A investigação foi aberta após a PF descobrir que a Abin usou o software First Mile, desenvolvido pela empresa israelense Cognyte. O programa não permite o grampo de mensagens e ligações, mas dá acesso à geolocalização em tempo real e a dados pessoais registrados junto a operadoras de telefonia com base na localização de aparelhos que usam as redes 2G, 3G e 4G. O sistema espião teria sido usado mais de 60 mil vezes pela Abin entre fevereiro de 2019 e abril de 2021, segundo a PF.

Relatórios da PF que vieram à público no mês passado, quando a Operação Vigilância Aproximada foi deflagrada, apontavam que entre os alvos dos monitoramentos estariam nomes como os ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes e Gilmar mendes, o ex-presidente da Câmara Rodrigo Maia, o ex-governador do Ceará e atual ministro da Educação Camilo Santana, a ex-deputada federal Joice Hasselmann e a promotora de Justiça do Rio de Janeiro Simone Sibilio, que atuou na investigação do assassinato da vereadora Marielle Franco.

Abin paralela

Na lista divulgada por O Globo na sexta-feira, 23, constam nomes como o do ex-deputado federal Jean Willys, que teria sido vigiado no mesmo período em que insinuações falsas sobre um acordo de venda de mandato para seu sucessor, David Miranda, circularam na internet. Miranda também foi vigiado.

Dentre os aliados de Bolsonaro que teriam sido alvo da espionagem, estão Gustavo Gayer, hoje deputado federal pelo PL de Goiás, e um assessor da deputada federal Bia Kicis (PL-DF). Dirigente do Ibama e um líder da greve de caminhoneiros em maio de 2018 também aparecem (leia mais abaixo).

Quem foi monitorado

Jornalistas

Leandro Demori – Repórter do The Intercept Brasil.
Afonso Mônaco – Repórter da TV Record.
Pedro César Batista – Consultor de comunicação e ativista pró-Palestina.

Políticos

Jean Willys – Ex-deputado federal.
David Miranda – Ex-deputado federal, morto em 2023.
Gustavo Gayer – Hoje deputado federal pelo PL.

Assessores

Alessandra Maria da Costa Aires – Assessora do senador Confúcio Moura (MDB-RO).
Evandro de Araújo Paula – Ex-assessor da deputada Bia Kicis (PL-DF).
Giacomo Romeis Hensel Trento – Foi secretário especial de Relações Governamentais da Casa Civil durante a gestão de Onyx Lorenzoni.

Ambientalistas

Marcelo José de Lima Dutra – Ex-analista ambiental do Ibama e ex-presidente do Instituto de Proteção Ambiental do Amazonas.
Hugo Ferreira Netto Loss – Ex-coordenador de Operações de Fiscalização do Ibama.
Acadêmicos
Chang Chung Yu Dorea – Professora do Departamento de Matemática da Universidade de Brasília (UnB).

Caminhoneiros

Wallace Landim, o Chorão – Uma das lideranças da greve de caminhoneiros em maio de 2018.
Carlos Alberto Litti Dahmer – Dirigente da Confederação Nacional dos Trabalhadores. em Transporte e Logística (CNTTL), foi candidato a vereador em Ijuí em 2012 pelo PT.

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