Manifesto do Coletivo Lena Santos

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Os assassinatos de João Pedro no Rio de Janeiro e de George Floyd em Minneapolis nos Estados Unidos trouxeram para o debate na esfera pública a necessidade de um enfrentamento ao racismo que representa, nos dois países, não só menos oportunidades em todos os âmbitos da vida para pessoas negras, mas também, de forma brutal, o assassinato de pessoas devido à cor de sua pele.

Os dois homicídios ocorreram pela mão de policiais, agentes do Estado. A situação, já recorrente, impulsionou protestos pelo fim dessas práticas que tanta dor trazem às famílias negras. O caso de Floyd, mais do que João Pedro, levou o debate para esfera midiática, sendo o debate apresentado nas mídias comerciais e nas chamadas mídias sociais.

Nós, aqui subscritos, somos jornalistas que atuamos em vários campos da comunicação. Entendemos que a superação dos racismos estrutural e institucional passa por uma construção simbólica que desnaturalize preconceitos e reforce o protagonismo e a luta dos negros ao longo da história desses países. O discurso é um campo de batalha não só linguístico. É nele em que se busca insumos para a vida cotidiana, para as relações sociais e para as decisões e ações tanto da esfera privada como pública.

Tendo esse entendimento como premissa, desde muito tempo, jornalistas negros ocupam as páginas de jornais para reportar situações de racismo e apresentar as lutas de cada tempo. A imprensa negra é protagonista tanto nos EUA como no Brasil numa luta por igualdade racial. No entanto, a despeito dos esforços de jornalistas negros em seguir essa profissão, nem sempre temos representatividades nos veículos de comunicação. No século 21, avançamos. A própria existência do coletivo de jornalistas negros Lena Santos demonstra que conquistamos e ocupamos espaços.

No entanto, diante da cobertura feita dos protestos por justiça a George Floyd percebemos a urgência de que as redações de jornais, de rádio, TV, impresso e multiplataforma façam uma discussão sobre o quanto suas equipes espelham a diversidade do povo brasileiro. Em muitos comentários feitos ao longo da cobertura, percebemos argumentos e usos de termos que denunciam que ainda é preciso avançar muito nesse debate no Brasil. Não existirá avanço se não houver a presença de negros e negras nas redações, em equidade e não só representatividade.

Que os profissionais de comunicação possam estar atentos às questões raciais e que isso se manifeste não só no uso da linguagem, mas também num processo de reflexão de o quanto essas redações prezam pela diversidade de seu quadro.

#JornalistasNegrosDeMG#JornalistasAntirracistas
#coletivolenasantos
#jornalistasdeminas

[4/6/20]

 

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