O exemplo do Paraná: mobilização garante aos jornalistas conquistas que podem inspirar os mineiros

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Neste ano em que os donos de jornais e revistas mineiros avançam sobre os direitos dos trabalhadores, o Paraná dá um bom exemplo a Minas Gerais. Graças à sua mobilização e união, os jornalistas paranaenses vêm mantendo conquistas históricas da categoria, algumas delas inclusive ausentes em Minas e que podem servir também de inspiração.

A Convenção Coletiva de Trabalho (CCT) de 2017 dos jornalistas do Paraná já foi assinada, em junho, ao contrário do que acontece com os jornalistas de jornais e revistas mineiros. Embora a data-base lá seja um mês depois da nossa: 1º de maio. Os jornalistas paranaenses conseguiram a reposição integral da inflação: 3,39%, retroativo.

A reposição integral de uma inflação muito mais elevada – 9,83% – também aconteceu em 2016. Embora sem retroatividade, a reposição, que só aconteceu em dezembro, graças a uma luta persistente dos trabalhadores, garantiu que não houvesse perda salarial.

“A campanha salarial é o momento em que os jornalistas do Paraná se mobilizam”, conta o presidente do Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Paraná (Sindijor PR), Gustavo Henrique Vidal (na foto acima, com a presidenta Alessandra Mello).

Gustavo esteve em Belo Horizonte para participar de um encontro nacional de jornalistas do judiciário. Ele informou que o Sindijor PR planeja realizar ainda este ano um debate sobre a reforma trabalhista com participação de sindicatos de outros estados. O objetivo é preparar os jornalistas para as próximas campanhas salariais.

Piso: R$ 3.384

Mais inspirador ainda para os jornalistas mineiros é o piso dos jornalistas paranaenses: R$ 3.384, para a jornada de cinco horas. Em Minas, pela CCT de 2016-2017 de jornais e revistas, o piso é de R$ 2.474.

A sexta e a sétima horas extras, no Paraná, como em Minas e em outros estados, são pagas em dobro, o que significa a elevação dos salários para 5.414, neste caso.

Outra diferença: o piso salarial no Paraná é unificado para todas as empresas jornalísticas, seja de impressos, seja de rádio, seja de televisão. Isto porque, embora jornalistas façam negociações com diferentes sindicatos patronais, a CCT é uma só e vale para todos os profissionais e todas as empresas, da capital e do interior.

A unificação é uma conquista da década de 90, em dissídio coletivo, que os jornalistas paranaenses defendem bravamente. “Os patrões tentam fracionar as negociações, mas não conseguem”, disse Gustavo Vidal.

Outra conquista histórica é o anuênio de 1% cumulativo, a principal forma de valorização dos profissionais mais antigos nas empresas.

A CCT dos jornalistas paranaenses tem uma cláusula restringindo o número de estagiários, proporcionalmente ao número de jornalistas profissionais. Além disso, só podem estagiar estudantes que tenham concluído metade do curso, durante um período de seis meses, prorrogado por outro igual.

Outra cláusula também limita a demissão coletiva proporcionalmente ao número de trabalhadores: numa redação com 50 jornalistas, por exemplo, só 15 podem ser dispensados ao mesmo tempo.

Tudo isso não significa que o Paraná seja uma exceção no tumulto da imprensa brasileira. Lá também vêm acontecendo muitas demissões, como no maior grupo de mídia do estado, proprietário do maior jornal e da principal emissora de televisão, que atingiram cerca de 30% dos trabalhadores. O jornal impresso só tem agora uma edição, no fim de semana, e uma versão diária na internet.

A diferença – fundamental – é que as demissões continuam seguindo a CLT. Os patrões paranaenses não são os calotes que se tornaram comuns em Minas Gerais.

[6/9/17]

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