Nova lista de doenças do trabalho inclui covid-19, burnout e câncer

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Alterações da lista de doenças do trabalho dão respaldo a auditores fiscais do trabalho - foto Marcelo Camargo / Agência Brasil
Alterações da lista de doenças do trabalho dão respaldo a auditores fiscais do trabalho - foto Marcelo Camargo / Agência Brasil

O Ministério da Saúde reconhece que o uso de determinadas drogas pode ser consequência de jornadas exaustivas e assédio moral

Patologias como a covid-19, distúrbios músculos esqueléticos e alguns tipos de cânceres foram incluídas na lista de atualização de doenças relacionadas ao trabalho do Ministério da Saúde. A portaria publicada inclui 165 novas patologias, apontadas como responsáveis por danos à integridade física ou mental do trabalhador. Os ajustes receberam parecer favorável dos ministérios do Trabalho e Emprego e da Previdência Social e passam a valer em 30 dias.

As alterações fortalecem a capacidade de fiscalização dos auditores fiscais do trabalho, favorecem o acesso a benefícios previdenciários e ampliam a proteção ao trabalhador diagnosticado pelas doenças elencadas. A atualização leva em conta todas as ocupações. Ou seja, vale para trabalhadores formais e informais, que atuam no meio urbano ou rural. Transtornos mentais como Burnout, ansiedade, depressão e tentativa de suicídio também foram acrescentados à lista.

O Ministério da Saúde reconhece que o uso de determinadas drogas pode ser consequência de jornadas exaustivas e assédio moral, da mesma forma como o abuso de álcool, que já constava na lista.

Com as mudanças, o poder público deverá planejar medidas de assistência e vigilância para evitar essas doenças em locais de trabalho, possibilitando ambientes laborais mais seguros e saudáveis.

Lista de doenças ocupacionais

A lista de doenças ocupacionais foi instituída em 1999. O documento é composto por duas partes: a primeira apresenta os riscos para o desenvolvimento de doenças e a segunda estabelece as doenças para identificação, diagnóstico e tratamento.

Com a atualização, a quantidade de códigos de diagnósticos passa de 182 para 347. A lista pode ser conferida no Diário Oficial da União.

De acordo com o Ministério da Saúde, a atualização foi prioridade da nova gestão e reflete a retomada do protagonismo da coordenação nacional da política de saúde do trabalhador.

As inclusões foram avaliadas pela Rede Nacional de Atenção Integral à Saúde do Trabalhador (Renast) em seu 11º encontro conhecido como Renastão, que começou na segunda-feira (27) e se encerrou nesta quarta-feira (29), em Brasília.

Instituída em 2002, a Renast tem papel estratégico no desenvolvimento da atenção integral à saúde do trabalhador e envolve o Ministério da Saúde e as secretarias de saúde de estados, municípios e do Distrito Federal.

Indicadores

Quase 3 milhões de casos de doenças ocupacionais foram atendidos pelo Sistema Único de Saúde (SUS) entre 2007 e 2022, segundo apontam dados Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan), que é gerenciado pelo Ministério da Saúde. De todas as notificações, 52,9% está relacionada com acidentes de trabalho graves.

Conforme os dados do Sinan, 26,8% das notificações foram geradas pela exposição a material biológico; 12,2% devido a acidente com animais peçonhentos; e 3,7% por lesões por esforços repetitivos (LER) ou distúrbios osteomusculares relacionados ao trabalho. Somente em 2023, já são mais de 390 mil casos notificados de doenças relacionados ao trabalho.


Com informações de Léo Rodrigues, repórter, e Maria Claudia, editora, da Agência Brasil.

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