Cobrindo eleições: kit de segurança para jornalistas

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Durante as eleições, os jornalistas frequentemente cobrem comícios, eventos de campanha e protestos, o que pode aumentar o risco de serem atacados, assediados e detidos. A Equipe de Resposta a Emergências (ERT, sigla em inglês) do Committee to Protect Journalists (CPJ) compilou um Kit de Segurança para editores, repórteres, fotojornalistas com informações sobre como se preparar para as eleições e como atenuar os riscos digital, físico e psicológico.

Jornalistas que precisam de assistência podem entrar em contato com o CPJ via emergencies@cpj.org.

O Manual de Segurança para os Jornalistas do CPJ contém informações adicionais sobre preparação básica e avaliação e resposta a riscos. O centro de recursos do CPJ possui informações e ferramentas adicionais para a preparação prévia de coberturas e assistência pós-incidente, ambos disponíveis em inglês.

Orientações de segurança: covid-19

Durante a preparação para as eleições, os trabalhadores da mídia frequentemente cobrem reuniões de grande escala como comícios, eventos eleitorais e protestos relacionados. Em tais ocasiões, as medidas de segurança de distanciamento físico decorrentes da covid-19 podem não ser implementadas e / ou cumpridas, aumentando as chances de exposição ao vírus

Aqueles que se enquadram na categoria vulnerável à covid-19 e / ou que residem com pessoas vulneráveis ​​devem considerar e discutir os riscos associados a reportar de tais eventos. Os profissionais da mídia devem ficar atentos às pessoas que possam tossir ou espirrar sobre ou perto deles (seja proposital ou acidentalmente), e observar que muitas gotículas de vírus podem circular no ar se gás lacrimogêneo e / ou spray de pimenta forem usados pelas autoridades . Os equipamentos de proteção individual (EPI) relevantes devem ser considerados, bem como o entendimento sobre a lavagem regular e minuciosa das mãos, evitando tocar o rosto, e a rotina de limpeza dos equipamentos.

Para obter conselhos de segurança mais detalhados sobre covid-19 e relatórios, consulte as recomendações de segurança do CPJ: Cobrindo o surto de coronavírus.

Conteúdo

Lista de verificação de segurança do editor
Segurança psicológica: gerenciando traumas na redação
Segurança física: cobrindo manifestações e protestos
Segurança física: cobrindo áreas hostis
Segurança física: cobertura de crime
Segurança psicológica: estresse relacionado a trauma
Segurança digital: preparação básica de dispositivos
Segurança digital: identificando bots
Segurança digital: assédio on-line
Segurança digital: proteção e armazenamento de materiais

Lista de verificação de segurança do editor ao distribuir a equipe em uma cobertura hostil

Durante o período que antecede a eleição, os editores e as redações podem designar jornalistas para matérias em curto prazo. Esta lista de verificação inclui questões-chave e etapas a serem consideradas para reduzir o risco para a equipe.

● Sua equipe é experiente o suficiente para a cobertura?

● Você discutiu quaisquer problemas de saúde que sua equipe possa ter que poderia afetá-los durante a tarefa?

● Você gravou e salvou com segurança os contatos de emergência de toda a equipe que está sendo designada?

● A equipe tem o credenciamento adequado, credenciais de imprensa ou uma carta indicando que trabalha para sua organização?

● Você considerou o nível de risco ao qual sua equipe pode estar exposta associado à reportagem? Este nível de risco é aceitável em comparação ao ganho editorial?

● Detalhe os riscos potenciais e as medidas implementadas para tornar a equipe mais segura:

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● A função ou perfil de qualquer jornalista que está sendo destacado os coloca em mais risco? Por exemplo, fotojornalistas que trabalham mais próximos da ação ou mulheres jornalistas.

Se sim, forneça detalhes:

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● É necessário equipamento especial como coletes à prova de balas, máscaras contra gás / respiradores ou kit médico? Os jornalistas têm acesso ao equipamento necessário e sabem como usá-lo?

● Os jornalistas irão dirigir e, em caso afirmativo, o veículo está em boas condições e é adequado?

● Você identificou como se comunicará com a equipe e como eles sairão de uma situação, se necessário? Em caso afirmativo, detalhe abaixo:

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● Você identificou as instalações médicas locais em caso de lesão? Se sim, registre abaixo:

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● A equipe possui seguro apropriado e você providenciou cobertura médica adequada?

● Você já considerou a possibilidade de estresse de longo prazo relacionado ao trauma?

Para obter mais informações sobre avaliação e planejamento de riscos, consulte o Centro de Recursos do CPJ.

Segurança psicológica: Gerenciando traumas na redação

Reportagens e situações que, com frequência, resultam em angústia e quando você deveria pensar sobre o impacto do trauma incluem:

● Imagens gráficas de violência (morte, cenas de crime, encontros com a morte)

● Acidentes ou desastres de grandes proporções (acidentes de trem / avião / carros)

● Casos de abuso, especialmente envolvendo crianças ou idosos

● Qualquer história angustiante que tenha uma conexão pessoal com a equipe

● Quando funcionários inexperientes forem expostos a esse tipo de conteúdo pela primeira vez.

A chefia deve orientar a equipe nesses dias e compartilhar a responsabilidade pelo cuidado. A abordagem a seguir deve ser considerada e posta em prática, se necessário. A extensão em que a orientação é implementada dependerá da gravidade da história.

No período:

● Tente alternar as atribuições para que o mesmo produtor não faça filmagens sobre assuntos difíceis por dias a fio.

● Certifique-se de que os membros da equipe saibam que podem dizer “não” quando um assunto é pessoalmente angustiante para eles. Eles devem sentir-se capazes de expressar preocupações sobre como lidar com assuntos desafiadores e devem ser tratados com sensibilidade, discrição e sem mais perguntas. Isso representa uma exceção importante à forma como os vídeos são geralmente distribuídos entre a equipe.

● Certifique-se de que os integrantes tenham intervalos entre as edições e possam respirar ar fresco ao trabalhar em materiais difíceis.

● Pergunte às pessoas se elas estão bem o quanto antes e com frequência – e não apenas por mensagem de texto. Você deve entrar em contato com sua equipe pelo menos uma ou duas vezes por dia, verbalmente, para ter certeza de que todos sabem que você está disponível para conversar. Deve-se encorajar a conversa entre a equipe sobre o assunto.

● Se sua equipe não estiver envolvida nessas áreas, seja generoso emprestando membros para ajudar outras equipes durante períodos particularmente estressantes.

● Em dias estressantes, tente garantir que haja uma conversa antes de todos deixarem o ambiente de trabalho.

● Ao perguntar, o chefe responsável deve reconhecer que as pessoas podem ficar angustiadas com a história e que tais sentimentos são uma resposta natural a curto prazo. Se a equipe for afetada, deve falar com um de seus chefes. Conversar com os colegas também pode ajudar.

● Se eles preferirem falar com um consultor imparcial em sigilo, há um programa de assistência ao funcionário (EAP, sigla em inglês) ou um conselheiro com quem possam falar?

Segurança física: cobrindo comícios e protestos

Durante as eleições, os jornalistas repetidamente cobrem manifestações, eventos eleitorais e protestos. Em geral, essas situações devem ser cordiais, mas dependendo do clima da campanha, os jornalistas podem estar em risco.

Para minimizar o risco:

Eventos e comícios políticos

● Certifique-se de ter o credenciamento ou identificação de imprensa correto. Para freelancers, uma carta do empregador contratante é útil. Exiba-a apenas se for seguro fazê-lo. Não use um cordão, mas prenda a credencial a um cinto.

● Avalie o humor da multidão. Se possível, ligue para outros jornalistas que já estão no evento para verificar o clima. Considere levar outro repórter ou fotógrafo com você, se necessário.

● Use roupas sem a marca da empresa de mídia e remova os logotipos de equipamentos / veículos, se necessário. Use calçados adequados.

● Tenha uma estratégia de fuga caso as circunstâncias se tornem hostis. Você pode precisar planejar isso na chegada, mas faça-o antes de iniciar a cobertura. Estacione seu veículo em um local seguro ou garanta um meio de transporte confiável.

● Se o clima se tornar hostil, não fique circulando fora do local / evento e não comece a questionar as pessoas.

● Se o objetivo é reportar de fora, trabalhar com um colega é sensato. Relate de um local seguro com saídas claras e familiarize-se com o trajeto até o seu transporte. Se uma agressão for uma perspectiva realista, considere a necessidade de segurança e reduza seu tempo no local ao absolutamente necessário.

● Dentro do evento, realize a cobertura na área de imprensa, a menos que seja seguro fazer o contrário. Verifique se a segurança ou a polícia ajudarão se você estiver em perigo e identifique suas saídas.

● Se a multidão / oradores forem hostis à mídia, prepare-se mentalmente para o abuso verbal. Nessas circunstâncias, basta fazer seu trabalho e noticiar. Não reaja ao abuso. Não se envolva com a multidão. Lembre-se de que você é um profissional, mesmo que os outros não sejam.

● Se cusparadas ou pequenos objetos vindos da multidão forem uma possibilidade e você estiver determinado a prosseguir a cobertura, considere usar um boné de proteção discreto com capuz.

● Se a tarefa foi difícil, não reprima suas emoções / impressões. Conte a seus superiores e colegas. É importante que estejam preparados e que todos aprendam uns com os outros.

Protestos

● Planeje a cobertura e certifique-se de que a bateria do seu celular esteja carregada. Conheça a área para a qual você está indo. Calcule com antecedência o que você faria em uma emergência. Leve um kit médico se souber como usá-lo.

● Sempre tente trabalhar com um colega e tenha um procedimento regular de check-in com sua base / redação, especialmente se estiver cobrindo comícios ou eventos com público.

● Use roupas e calçados que permitam uma movimentação rápida. Evite roupas largas e cordões que possam ser agarrados, bem como qualquer material inflamável (como nylon, por exemplo).

● Considere sua posição. Se possível, procure encontrar um ponto de vantagem elevado, que possa oferecer maior segurança.

● Em qualquer local, sempre planeje uma rota de evacuação, bem como um ponto de encontro em caso de emergência, se estiver trabalhando com outras pessoas. Saiba o ponto de atendimento médico mais próximo.

● Mantenha o foco sempre na situação e limite o número de objetos de valor que leva. Não deixe nenhum equipamento nos veículos, que podem ser arrombados. Depois de escurecer, o risco de criminalidade aumenta.

● Se estiver trabalhando em uma multidão, planeje uma estratégia. É sensato manter-se do lado de fora da aglomeração, nas laterais. Evite ser sugado para o meio, de onde é difícil escapar. Identifique uma rota de fuga e tenha um ponto de encontro de emergência se estiver trabalhando com uma equipe.

● Os fotojornalistas geralmente precisam estar no meio da ação, portanto, correm mais riscos. Os fotógrafos, em particular, devem ter alguém dando cobertura e devem se lembrar de olhar para cima do visor a cada poucos segundos. Para evitar o risco de estrangulamento, não use a alça da câmera ao redor do pescoço. Os profissionais muitas vezes não podem se dar ao luxo de trabalhar à distância, por isso é importante minimizar o tempo gasto em meio à multidão. Tire suas fotos e saia.

● Todos os jornalistas devem estar cientes de não permanecer descuidados no meio de uma multidão, que pode se tornar hostil rapidamente.

Para minimizar o risco ao lidar com gás lacrimogêneo:

● Use equipamento de proteção pessoal que inclui máscara de gás, proteção para os olhos, colete à prova de balas e capacete.

● Indivíduos com asma ou problemas respiratórios devem evitar áreas onde o gás lacrimogêneo está sendo usado. Da mesma forma, lentes de contato não são aconselháveis. Se grandes quantidades de gás lacrimogêneo estiverem sendo usadas, existe a possibilidade de altas concentrações de gás em áreas sem movimento de ar.

● Anote todos os pontos de referência em potencial, como postes e meios-fios, que podem ser usados ​​para ajudar a se direcionar para fora da área se você estiver com dificuldade para enxergar.

● Se você estiver exposto à gás lacrimogêneo, tente encontrar um terreno mais alto e fique ao ar livre para permitir que a brisa leve o gás embora. Não esfregue os olhos ou o rosto, pois isso pode piorar a situação. Quando possível, lave-se com água fria para tirar o gás da pele, mas não tome o banho em banheira. A roupa pode precisar ser lavada várias vezes para remover os cristais completamente ou, até mesmo, descartada.

● Avalie o humor dos manifestantes em relação a jornalistas antes de entrar em qualquer multidão e observe possíveis agressores.

● Leia a linguagem corporal para identificar um agressor e use a sua própria para pacificar a situação.

● Mantenha contato visual com o agressor, use gestos abertos com as mãos e continue falando de maneira calma.

● Mantenha um braço estendido longe da ameaça. Recue e se afaste firmemente, sem agressão, se segurado. Se encurralado e em perigo, grite.

● Se a agressão aumentar, mantenha a mão livre para proteger a cabeça e mova-se com passos curtos e deliberados para evitar cair. Se estiverem em equipe, fiquem juntos e deem os braços.

● Embora haja momentos em que documentar a agressão seja um trabalho jornalístico crucial, esteja ciente da situação e de sua própria segurança. Tirar fotos de indivíduos agressivos pode agravar a situação.

● Se você for abordado, entregue o que o agressor deseja. O equipamento não vale sua vida.

Segurança física: cobrindo áreas hostis

Jornalistas são frequentemente solicitados a fazer reportagens em áreas hostis à mídia ou a estranhos. Isso pode acontecer se moradores de uma determinada área perceberem que a imprensa não os representa de forma justa ou os retrata de forma negativa. Durante uma campanha eleitoral, jornalistas podem ser obrigados a trabalhar por longos períodos em áreas que são hostis a meios de comunicação social.

Para ajudar a reduzir o risco:

● Se possível, pesquise a área e as opiniões de seus moradores. Desenvolva uma compreensão de qual será a reação à mídia e adote um perfil discreto, se necessário.

● Use roupas sem a marca da empresa de comunicação e remova os logotipos de equipamentos e veículos, se necessário. Use roupas e calçados adequados.

● Leve um kit médico se souber como usá-lo.

● Acesso seguro à área: aparecer sem ser convidado ou acompanhado de alguém de confiança pode causar problemas. Contrate ou obtenha a aprovação de um auxiliar local, líder comunitário ou pessoa de reputação na área que possa ajudar a coordenar suas atividades. Identifique alguém influente no local que possa ajudar em caso de emergência.

● Em todos os momentos, seja respeitoso com as pessoas e suas crenças / preocupações.

● Evite trabalhar à noite: o risco aumenta drasticamente.

● Se houver abuso endêmico de álcool ou drogas na área, o fator de imprevisibilidade aumenta.

● Limite a quantidade de objetos de valor e dinheiro que você leva. Os ladrões serão atraídos pelo seu equipamento? Se você for abordado, entregue o que eles querem. O equipamento não vale sua vida.

● Idealmente, trabalhe em equipe ou com apoio. Dependendo dos níveis de risco, o backup pode esperar em um local seguro próximo (shopping center / posto de gasolina) para reagir, se necessário.

● Planeje sua visita. Pense na geografia da área e esquematize de acordo com ela.

● Estacione seu veículo de forma que esteja pronto para partir, de preferência com um motorista no veículo.

● Se você tiver que trabalhar distante do seu transporte, saiba como voltar para ele. Identifique pontos de referência e compartilhe essas informações com os colegas.

● Saiba para onde ir em caso de emergência médica e planeje uma estratégia de saída.

● Considere a necessidade de segurança se o risco for alto. Um “guarda-costas” contratado localmente para proteger você e seu material pode estar atento a alguma ameaça em desenvolvimento enquanto você está se concentrando no trabalho.

● Em geral, é sensato pedir consentimento antes de filmar ou fotografar uma pessoa, principalmente se você não tiver uma saída fácil.

● Quando você tiver o conteúdo de que precisa, saia e não demore mais do que o necessário. É útil ter um horário limite combinado e retire-se naquele momento. Se um membro da equipe estiver desconfortável, não perca tempo discutindo. Apenas saia.

● Antes da transmissão / publicação, considere que você pode precisar voltar ao local. Sua cobertura afetará a forma como será recebido se você retornar?

Segurança física: cobertura de crime

Jornalistas frequentemente são vítimas de crimes quando trabalham em áreas perigosas ou fazem reportagens em cenas de crimes.

Para minimizar o risco:

● Pesquise os locais em que trabalhará e entenda a dinâmica antes de entrar. Adapte seus planos de acordo.

● Evite trabalhar à noite em áreas de alta criminalidade. Se você tiver que reportar, certifique-se de que outras pessoas estejam com você.

● Esteja ciente da geografia da área para que as rotas de entrada e saída possam ser avaliadas para o caso de potenciais problemas, como becos sem saída ou pontos de estrangulamento. Os pontos de assistência / instalações médicas mais próximos adequados devem ser identificados e as rotas de acesso estabelecidas antes da partida.

● Mantenha um perfil discreto. Devem ser evitadas exibições ostensivas de riqueza, em particular jóias ou relógios, ou carregar abertamente itens caros, como câmeras e telefones.

● Decida sobre uma quantidade razoável de dinheiro para levar e onde melhor guardar seu dinheiro / cartões de crédito.

● Deve-se considerar o estabelecimento de contatos de confiança, na área que você pretende visitar, que possam fornecer conselhos ou assistência.

● Não use o telefone abertamente em vias e ruas públicas.

● A posição de onde será feita a reportagem deve ser considerada com cuidado. Sempre tenha saídas claras, cobertura e pessoas ao seu redor protegendo-o de ataques. Se houver potenciais elementos criminosos visíveis nas proximidades, considere um local diferente.

● O tempo da cobertura deve ser minimizado. Entre, obtenha o que você precisa e saia. Mais de 15 a 20 minutos no local aumentam a vulnerabilidade.

● Um plano de comunicação deve estar em vigor durante todo o processo para garantir check-ins regulares entre os responsáveis ​​pela cobertura e seus principais pontos de contato, e combine uma forma de alerta.

● Se estiver relatando um crime, leve em consideração os sentimentos da comunidade e das vítimas. Trate-os com respeito e, sempre que possível, obtenha consentimento para que sejam entrevistados ou fotografados.

● Se for abordado, é geralmente aconselhável cumprir totalmente as exigências do criminoso em vez de tentar revidar.

Segurança psicológica: estresse relacionado a trauma

O transtorno de estresse pós-traumático (PTSD, sigla em inglês) tem sido cada vez mais reconhecido como um problema enfrentado por jornalistas que cobrem histórias inquietantes / extremas.

O problema é mais comumente associado a jornalistas que trabalham em zonas de conflito ou quando são expostos a situações de quase morte ou ameaças. Mais recentemente, há uma maior consciência de que jornalistas que trabalham em qualquer história angustiante podem apresentar sintomas de PTSD. Histórias que envolvem abuso ou violência (reportagem de cenas do crime, processos judiciais criminais ou roubos) ou que envolvem uma grande perda de vidas (acidentes de grandes proporções / desabamento de minas) são todas causas potenciais de trauma para aqueles que as cobrem. Aqueles que estão sendo assediados ​​on-line ou trollados também são vulneráveis ​​a traumas relacionados ao estresse.

O crescimento de material gerado por usuários e desprovido de censura [como alertas para sensibilidade de cenas / histórias] criou uma linha de frente digital. Jornalistas que veem imagens traumáticas de morte e horror são suscetíveis ao trauma secundário, conhecido como trauma vicário.

É importante que todos os jornalistas percebam que sofrer de estresse depois de testemunhar incidentes / filmagens horríveis é uma reação humana normal. Não é sinal de fraqueza.

Para todos:

● Fale sobre isso. Todos, desde a alta chefia até a maioria dos produtores juniores, são afetados por lidar com eventos difíceis, imagens gráficas ou condições desafiadoras. Fale com seu chefe ou com outro supervisor, converse com a pessoa que se senta ao seu lado. Não sofra em silêncio.

● Lembre-se de que não é, de forma alguma, um fator limitante para sua carreira dizer que você precisa de um intervalo entre os vídeos, depois de uma história específica ou do trabalho in loco.

● Não olhe para as imagens antes de dormir e não beba demasiado após um dia difícil. O sono interrompido pode prejudicar o processo de recuperação.

● Exercício e meditação são alternativas importantes, assim como conservar uma dieta saudável e manter-se bem hidratado.

● Lembre-se de que o vídeo não precisa ser explícito para causar angústia. Filmagens envolvendo sangue ou violência requerem cuidados óbvios, mas testemunhos particularmente penosos também podem ser desgastantes, assim como vídeos de abuso verbal. Pessoas diferentes acham coisas diferentes desafiadoras e dolorosas, portanto, seja compassivo.

● Tire seus dias de folga se você trabalhou durante os fins de semana ou por longos períodos durante vários dias, seja editando ou em campo. Pegue logo alguns dias , pois você precisa desse esse tempo para se recuperar.

Para produtores de edição:

● Não assista mais do que o necessário nem sinta que precisa provar seu valor assistindo a vídeos perturbadores. Converse com seu supervisor ou direção desde o início sobre como tratar a filmagem para que você não precise assistir repetidamente algo que depois vai ser cortado de qualquer forma.

● Ao mostrar ao seu supervisor, gerente ou membro da equipe jurídica, um vídeo particularmente explícito ou angustiante, sempre avise o que eles assistirão. Por exemplo, pergunte: “Você se importa em assistir a um vídeo que mostra as consequências imediatas de um ataque violento?” em vez de “Você se importa em olhar meu vídeo?” A filmagem é bem mais perturbadora se o espectador não sabe o que está por vir.

● Desenvolva uma rotina. Algo tão simples como colocar os dois pés firmemente no chão, respirar mais fundo do que o normal antes de assistir a algo particularmente difícil e alongar-se depois pode ajudar. Encontre uma rotina que funcione para você.

● Se você tem um projeto que exige exposição diária contínua a filmagens difíceis, converse sobre isso. Reconheça o efeito que isso está tendo em você e pense ativamente sobre como cuidar de si mesmo ao concluir o projeto.

Para produtores em campo:

● Lembre-se de que é perfeitamente normal se sentir desamparado ou chateado por não poder fazer mais ao cobrir histórias perturbadoras. Reconheça como você está se sentindo para com seus colegas ou outra pessoa com quem você se sinta à vontade. Falar sobre isso, em vez de evitar o assunto, costuma ser fundamental.

Se for particularmente intense:

● É normal sentir-se nervoso, ansioso ou rever imagens difíceis em sua mente imediatamente após um evento. Admitir como você está se sentindo é útil, assim como fazer uma pausa, mesmo que seja apenas uma pequena parada.

● Se esses sentimentos não passarem nos dias e semanas após os eventos, vale a pena conversar com seus superiores. É melhor procurar ajuda mais cedo se os sentimentos forem esmagadores.

Segurança digital: preparação básica do dispositivo

Antes de uma cobertura, são boas práticas:

● Fazer backup de seus dispositivos em um disco rígido e remover todos os dados confidenciais do dispositivo que você está levando.

● Sair de quaisquer contas, aplicativos e de todos os seus navegadores e limpar seu histórico de navegação. Isso impedirá que as pessoas acessem suas contas pessoais e de trabalho, como e-mail e sites de mídia social.

● Proteger todos os dispositivos com senha e configurá-los para limpeza remota. A limpeza remota funcionará apenas com uma conexão à internet.

● Levar o mínimo possível de dispositivos. Se você tiver dispositivos sobressalentes, leve-os em vez de dispositivos pessoais ou de trabalho.

Segurança digital: identificando bots

É cada vez mais provável que os jornalistas que cobrem as eleições sejam alvo de campanhas on-line de difamação que visam a desacreditá-los e ao seu trabalho. Pode ser difícil descobrir quem está por trás de uma campanha ou ataque. Os autores dos ataques podem ser pessoas reais ou bots de computador mal-intencionados – contas que são executadas por computadores em vez de humanos. Os bots imitam o comportamento humano em contas de mídia social como uma forma de espalhar desinformação ou propaganda que apoie uma causa. Diferenciar os bots de pessoas reais pode ajudar os jornalistas a entender melhor o assédio e identificar quando uma ameaça digital pode se tornar física.

Para identificar um bot:

● Observe os relatos das pessoas que o assediaram on-line e verifique o ano em que foram criados. Uma conta que foi configurada recentemente ou ficou inativa por um longo período pode ser um bot.

● Verifique os dados pessoais da pessoa por trás da conta, como local ou data de nascimento. A falta de informações pessoais ou uma biografia vazia geralmente pode significar que a conta é um bot.

● Contas falsas podem não conter uma foto do usuário ou podem estar usando uma foto tirada de banco de imagens ou retirada de outra conta falsa. Os jornalistas podem copiar a imagem e enviá-la ao Google Imagens, por exemplo, para ver se a foto foi usada em outro lugar na internet.

● Observe as informações postadas na conta. Se o usuário está retuitando muito conteúdo de outros usuários ou apenas postando conteúdo com um título e um link, é provável que a conta seja falsa. É improvável que um bot interaja com outras pessoas no site de mídia social.

● Se a conta tiver um número baixo de seguidores, provavelmente é um bot.

● Postagens de mídia social que têm um baixo número de seguidores, mas um alto número de curtidas ou retuítes provavelmente são falsas e fazem parte de uma rede de contas de bot.

● Veja as contas daqueles que seguem o bot suspeito e analise o conteúdo que eles estão postando. Os bots são frequentemente programados para publicar conteúdo idêntico ao mesmo tempo.

● Verifique o nome da conta e o identificador do Twitter (a parte que começa com @). Se o nome e o identificador não corresponderem, a conta geralmente é falsa.

Os jornalistas podem silenciar ou bloquear os bots que os atacam on-line. Aconselha-se que relatem quaisquer contas maliciosas às empresas de mídia social. Documente as postagens abusivas ou ameaçadoras, incluindo links, capturas de tela das contas, a data do comentário e qualquer ação que você tenha realizado. Essas informações podem ser úteis mais tarde, caso você deseje proceder judicialmente.

Segurança digital: assédio e trolagem on-line

Os jornalistas podem enfrentar um nível cada vez maior de assédio on-line durante o período eleitoral e devem tomar medidas para se proteger e proteger suas contas. Os jornalistas devem monitorar contas de mídia social regularmente para níveis elevados de trollagem [no sentido de mensagens humilhantes o desmoralizantes] ou sinais de que um ataque on-line possa se tornar uma ameaça física.

Para minimizar o risco:

● Crie senhas longas e fortes para suas contas. Elas devem ter entre seis a oito palavras e você deve criar uma senha exclusiva para cada conta. Considere o uso de um gerenciador de senhas, que atualmente é a maneira mais segura de gerenciar senhas. Isso ajudará a evitar que contas sejam hackeadas.

● Ative a autenticação de dois fatores (2FA, sigla em inglês) para as contas.

● Revise suas configurações de privacidade para cada conta e remova todos os dados pessoais, como números de telefone e data de nascimento. Bloqueie as configurações de privacidade de cada uma de suas contas.

● Examine suas contas e remova todas as fotos ou imagens que possam ser manipuladas e usadas como forma de desacreditá-lo. Esta é uma técnica comum usada por trolls.

● Considere que sua conta seja verificada pela empresa de mídia social. Esta é uma marca azul ao lado do seu nome, confirmando que a conta é sua. Isso ajudará outras pessoas a identificar sua conta no caso de contas falsas serem configuradas em seu nome.

● Monitore suas contas em busca de sinais de aumento da atividade de trollagem ou indicações de que uma ameaça digital pode se tornar uma ameaça física. Esteja ciente de que certas reportagens podem atrair níveis mais altos de assédio.

● Fale com a família e amigos sobre assédio on-line. Os trolls costumam obter informações sobre jornalistas por meio de contas de mídia social de seus parentes e de seu círculo social. Considere pedir às pessoas que removam fotos suas de seus sites ou bloqueiem contas.

● Fale com o seu veículo de mídia sobre o assédio on-line e tenha um plano de ação em vigor se o trolling se tornar sério.

Durante um ataque:

● Tente não se envolver com trolls, pois isso pode piorar a situação.

● Procure determinar quem está por trás do ataque e seus motivos. O ataque on-line pode estar vinculado a uma história que você publicou recentemente.

● Os jornalistas devem relatar qualquer comportamento abusivo ou ameaçador à empresa de mídia social.

● Documente quaisquer comentários ou imagens que sejam preocupantes, incluindo o link, capturas de tela do trolling, a hora, a data e o identificador de mídia social do troll. Esta informação pode ser útil em uma data posterior, se houver um inquérito policial.

● Fique atento a sinais de invasão. Certifique-se de ter senhas fortes e longas para cada conta e de ativar a autenticação em duas etapas.

● Informe sua família, funcionários e amigos que você está sendo assediado on-line. Os adversários frequentemente entrarão em contato com membros de sua família e de seu local de trabalho e enviarão informações / imagens na tentativa de prejudicar sua reputação.

● Você pode bloquear ou silenciar aqueles que o estão assediando on-line. Você também deve relatar qualquer conteúdo abusivo a empresas de mídia social e manter um registro de seu contato com essas empresas.

● Analise suas contas de mídia social em busca de comentários que possam indicar que uma ameaça on-line está prestes a se transformar em uma ameaça física. Isso pode incluir pessoas postando on-line suas informações pessoais, como seu endereço (conhecido como doxing) e chamando outros para atacá-lo e / ou o aumento do assédio por parte de uma determinada pessoa.

● Considere ficar off-line por algum tempo, até que o assédio diminua.

● O assédio on-line pode ser uma experiência isoladora. Certifique-se de ter uma rede de apoio para ajudá-lo. Na melhor das hipóteses, isso incluirá seu empregador.

Segurança digital: proteção e armazenamento de materiais

É importante ter bons protocolos em relação ao armazenamento e segurança de dados durante os períodos eleitorais. Se um jornalista for detido, é possível que seus dispositivos sejam levados e revistados, o que pode ter consequências graves para o jornalista e suas fontes.

As etapas a seguir podem ajudar a proteger você e suas informações:

● Revise quais as informações que estão armazenadas em seus dispositivos, incluindo telefones e computadores. Qualquer coisa que coloque você em risco ou contenha informações confidenciais deve ser copiada e excluída. Existem maneiras de recuperar informações excluídas, portanto, tudo o que for muito sensível precisará ser apagado permanentemente usando um programa de computador específico, em vez de apenas excluído.

● Ao revisar o conteúdo em um smartphone, os jornalistas devem verificar as informações armazenadas no telefone (o hardware), bem como as informações armazenadas em nuvem (Google Fotos ou iCloud, por exemplo).

● Os jornalistas devem verificar o conteúdo em aplicativos de mensagens, como o WhatsApp. Eles devem salvar e excluir todas as informações que os colocam em risco. Esteja ciente de que o WhatsApp faz backup de todo o conteúdo para o serviço de nuvem vinculado à conta, como iCloud ou Google Drive.

● Pense em onde você deseja fazer backup dos dados. Você precisará decidir se é mais seguro manter seus materiais na nuvem, em um disco rígido externo ou em um USB.

● Os jornalistas devem retirar regularmente o material de seus dispositivos e salvá-lo na opção de backup de sua escolha. Isso garantirá que, se seus dispositivos forem confiscados ou roubados, você terá uma cópia das informações.

● É uma boa ideia criptografar todas as informações das quais você tenha feito backup. Você pode fazer isso criptografando seu disco rígido externo ou USB. Você também pode ativar a criptografia para seus dispositivos. Os jornalistas devem revisar a legislação do país em que estão trabalhando para garantir que estão cientes da legalidade em torno do uso da criptografia.

● Se você suspeita que pode ser um alvo e que um adversário pode querer roubar seus dispositivos, incluindo discos rígidos externos, mantenha-os em um lugar diferente de sua casa.

● Coloque um bloqueio de PIN em todos os seus dispositivos. Quanto mais longo o PIN, mais difícil é quebrá-lo.

● Configure seu telefone ou computador para limpeza remota. Esta função permite que você apague seus dispositivos remotamente, se necessário – por exemplo, se as autoridades os confiscarem. Isso só funcionará se o dispositivo for capaz de se conectar à internet.

 

(Publicado pelo Committee to Protec Journalists. Arte: Jack Forbes.)

 

[8/10/20]

 

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