Jornalistas que cobrem diariamente a Assembleia Legislativa de Minas Gerais foram surpreendidos hoje pela decisão da mesa diretora da Casa, presidida pelo deputado Agostinho Patrus (PV), que proibiu seu acesso à antessala do plenário, local tradicional de trabalho dos repórteres. A medida foi considerada uma restrição à liberdade de imprensa e ao direito da sociedade à informação. Eles disseram esperar que a decisão seja revista.
“Sou totalmente contra essa decisão”, disse a repórter Edilene Lopes, da Rádio Itatiaia, que há muitos anos cobre a Assembleia. “Os jornalistas precisam de liberdade para trabalhar, espero que a Assembleia reveja a decisão”.
Edilene disse que a proibição tará prejuízo para a população, pois dificultará o acesso à informação.
“É da antessala do plenário que nós acompanhamos as discussões e os diálogos entre os deputados. Sempre foi assim. A proibição é um entrave ao nosso trabalho”, explicou.
Ela defendeu o acesso livre dos jornalistas aos espaços públicos. “Isso é essencial para a democracia”, enfatizou.
Isabella Souto, experiente repórter de política do jornal Estado de Minas, que há 21 anos cobre a Assembleia, disse que sempre teve acesso à antessala do plenário. “É lá que fazemos entrevistas e acompanhamos as deliberações”, informou.
Ela criticou a decisão da nova mesa diretora do legislativo mineiro.
“É uma forma de impedir o trabalho da imprensa e a transparência dos trabalhos da Assembleia”, disse. “Está sendo tirado o direito da população à informação.”
Além da proibição, o trabalho dos jornalistas que cobrem a Assembleia foi tumultuado neste terça-feira 19/1 pela exigência de credenciamento para acesso à sala de imprensa. Os repórteres sempre tiveram acesso ao legislativo mediante apresentação do crachá funcional da empresa para qual trabalham, mas a partir de hoje, a direção da casa também está exigindo um credenciamento próprio.
“É muito estranho”, disse Desirée Miranda, repórter da Rádio Inconfidência, que há 14 anos cobre a Assembleia. “É da antessala que nós, jornalistas, conseguimos acompanhar o plenário e ver o que está acontecendo.”
Ela não concorda que o trabalho dos jornalistas seja motivo de tumulto, conforme justificativa da deliberação 2.700, publicada hoje. Segundo a deliberação, a decisão foi tomada para “garantia da ordem dos trabalhos legislativos, da segurança das pessoas e da defesa do patrimônio público”. Entrevistas, cobertura e apuração de informações agora ficarão restritas à sala de imprensa.
Desirée disse que sempre bastou a identificação com crachá funcional para circular pela sede do legislativo mineiro, sem que houvesse problemas. Ela espera que a medida seja revista em prol da liberdade de imprensa.
O jornal O Tempo publicou matéria sobre o assunto como o título “Resolução limita acesso de jornalistas a deputados”.
O Sindicato posicionou-se por meio de nota contra a proibição, considerando-a “uma das atitudes mais antidemocráticas da história da Assembleia Legislativa de Minas Gerais”.
“A proibição do acesso dos jornalistas à antessala é um desrespeito ao trabalho da imprensa, e, sobretudo, um desrespeito ao cidadão, pois dificulta que a informação seja transmitida para a a sociedade”, acrescenta a nota. “O Sindicato dos Jornalistas Profissionais de Minas Gerais repudia essa deliberação e vai lutar de todas as maneiras para que ela não siga adiante.”
Os deputados que compõem a mesa diretora da Assembleia e que assinam a deliberação são os seguintes: Agostinho Patrus (PV), Antônio Carlos Arantes (PSDB), Cristiano Silveira (PT), Alencar da Silveira Jr. (PDT), Tadeu Martins Leite (MDB), Carlos Henrique (PRB), Arlen Santiago (PTB).
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(Crédito da foto: Guilherme Dardanhan / ALMG.)
[19/2/19]