Neste sábado, 7, celebra-se o Dia Nacional da Liberdade de Imprensa, uma data que convida à reflexão sobre a importância da imprensa livre, independente e ética para a construção de uma sociedade democrática e bem informada. A data faz referência a 1977, quando jornalistas e entidades de comunicação se mobilizaram contra a censura imposta pelo regime militar daquela época, em defesa da livre expressão e do direito da população ao acesso à informação.
De acordo com Carlos Barroso, jornalista e poeta e presidente da Casa de Jornalista, a liberdade de imprensa, desde tempos seculares, foi propulsora da História, permitindo à humanidade sair de períodos de trevas, da opressão medieval, de governos totalitários, para o iluminismo, a democracia e o socialismo, embora essas ideais estejam quase sempre ameaçados, com a necessidade de trabalho diuturno para conquistá-los e mantê-los. “Governos tirânicos desde sempre abominaram e sistematicamente atentaram contra a liberdade de imprensa. O que comprova a necessidade, até por princípio democrático, de tê-la, historicamente, como um princípio básico humanitário”, enfatiza.
Ele entende ainda que muitos entraves à liberdade de imprensa, desde o interesse econômico das mídias, passando por práticas políticas retrógradas, que podem contaminar até mesmo governos de princípios libertários. “Mas uma das maiores ameaças, na atualidade, parte das ações da extrema direita, de tendência fascista, que, de certa forma, domina os meios e plataformas digitais. Surgiram, a partir daí, um pelotão de ‘jornalistas’, ‘comentaristas’, “articulistas” de fake news, enfim, toda uma pretensa “imprensa” que atua contra os princípios básicos do jornalismo, como honestidade, veracidade, busca do fato, do contraditório, entre outros”, ressalta.
Com experiência de mais de 40 anos como repórter, comentarista e articulista, o presidente da Casa do Jornalista, entende que para manter ou até mesmo ampliar as leis que preservam a Liberdade de Imprensa, os profissionais da área, principalmente aqueles que atuam em redações, precisam manter uma luta diária. “Certamente não estou descartando o papel importante das entidades sindicais do jornalismo, que têm de ficar sempre atentas, denunciando e se organizando contra os descalabros que surgem. Mas o papel do profissional de imprensa, no jogo de pressão e contrapressão, é essencial e preponderante para vencer a censura, a derrubada de pautas por interesses econômicos e comerciais”, complementa.
Diploma – O presidente da Casa do Jornalista enfatiza também, que a primeira luta que tem de ser enfrentada, por toda a categoria, é a derrubada da lei que acabou com o diploma de jornalista. Isso abriu espaço para a pretensa “imprensa”, para os picaretas e extremistas que se dizem jornalistas. “É importante também lutar contra os que querem confundir liberdade de imprensa com o festival de abominações que defendem extremistas, notadamente da direita, que querem atuar com difamações, ataques pessoais e até mesmo atentados contra a democracia, intitulando os crimes que cometem como liberdade de pensamento e de informação, conclui.
Thiago Cândido, repórter do portal BHAZ, concorda e vai mais além. “É fundamental atualizar e fortalecer a legislação que protege o exercício do jornalismo. Isso inclui garantir mais segurança aos profissionais, combater a impunidade nos casos de violência contra jornalistas, frear o assédio judicial e regulamentar as plataformas digitais para coibir a disseminação de desinformação, explica.
O repórter também considera que a liberdade de imprensa é um dos pilares de qualquer democracia e garante à sociedade o direito à informação, à crítica e à pluralidade de ideias. “Quando os jornalistas podem trabalhar sem medo de censura, retaliação ou violência, toda a população se beneficia com uma imprensa vigilante, que denuncia abusos de poder, fiscaliza governos e dá voz à diversidade de opiniões. Sem liberdade de imprensa, o espaço público é tomado pela desinformação e pelo autoritarismo”, argumenta.
Para Thiago, atualmente, a liberdade de imprensa é ameaçada por vários fatores: a violência contra jornalistas; a perseguição judicial e o uso abusivo de processos como forma de intimidação; o avanço da desinformação em redes sociais; e os ataques diretos por parte de autoridades que deslegitimam a imprensa como instituição. “Além disso, a concentração dos meios de comunicação nas mãos de poucos grupos econômicos reduz a pluralidade e enfraquece o jornalismo independente”, completa.
Ele vai além e acha que a independência editorial só é possível com modelos sustentáveis de financiamento do jornalismo. “Isso significa diversificar fontes de receita, fortalecer assinaturas, fomentar o apoio direto do público e criar fundos públicos que respeitem critérios técnicos e democráticos de distribuição. A pressão de anunciantes sobre pautas precisa ser enfrentada com ética profissional, transparência e união da categoria”, finaliza