Justiça manda Hoje em Dia reintegrar o jornalista Aloísio Morais, outra vez

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A juíza Liza Maria Cordeiro, da 47ª Vara da Justiça do Trabalho em Belo Horizonte, condenou o jornal Hoje em Dia a reintegrar o jornalista Aloísio Morais. Aloísio foi demitido no dia 15 de dezembro de 2017. Como diretor do Sindicato no mandato 2014-2017, ele tem direito a estabilidade até junho próximo, conforme previsto na CLT. Aloísio também receberá os salários e benefícios a que tinha direito no período em que ficou afastado.

Esta foi a segunda vez que o Hoje em Dia dispensou Aloísio ilegalmente. A primeira vez foi em 2014, após a eleição presidencial, e ele também foi reintegrado, em 2016, depois de ganhar ação na Justiça, em todas as instâncias.

As duas demissões configuram prática antissindical e perseguição ao jornalista, que sempre se destacou na defesa dos direitos dos jornalistas. Aloísio foi presidente do Sindicato em dois mandatos, além de diretor da Federação Nacional dos Jornalistas – Fenaj. Ele trabalha no Hoje em Dia desde a criação do jornal, há 30 anos.

A perseguição a Aloísio Morais não é a única ilegalidade cometida pelo Hoje em Dia. Nos últimos anos o jornal tem se especializado em desrespeitar a lei e não cumprir os direitos trabalhistas. Em fevereiro de 2016, o jornal dispensou 38 jornalistas sem pagar a rescisão e nem o salário do mês trabalhado. Em 2017, atrasou pagamentos e vale-alimentação.

Todas as irregularidades são motivo de ações movidas pelo Sindicato na Justiça do Trabalho. Há dez dias, outra vitória importante foi obtida: o juiz Maurício Barroso expediu alvará para pagamento das rescisões dos jornalistas demitidos em 2016.

O Hoje em Dia pertence ao ex-prefeito de Montes Claros Ruy Muniz, que em 2016 foi preso pela Polícia Federal. Em junho de 2017, a antiga sede do jornal foi ocupada por jornalistas e movimentos sociais, depois de aparecer na delação da JBS, numa negociata envolvendo o senador Aécio Neves e ex-donos do jornal.

Aloísio explica por que foi demitido pela segunda vez

A seguir a explicação do jornalista Aloísio Morais para a sua segunda demissão do Hoje em Dia.

“Condenado a pagar a dezenas de jornalistas demitidos, a direção do Hoje em Dia vinha usando vários artifícios para driblar a Justiça a fim de dar o cano no pessoal. Diante disso, a Justiça do Trabalho decidiu nomear uma interventora para acompanhar diariamente, dentro do jornal, toda entrada e saída de dinheiro no Hoje em Dia. A saída encontrada pelo Ruy Muniz e sua turma, então, foi começar a pagar os profissionais do jornal por meio da Fundação Santa Úrsula, uma faculdade que o grupo do ex-prefeito de Montes Claros possui no Rio de janeiro. Comuniquei isso ao advogado do Sindicato, Luciano Marcos, e uma cópia do meu extrato bancário foi anexada ao processo de um grupo de 28 jornalistas que estão na Justiça contra o HD. Logicamente, o meu nome foi excluído do extrato bancário, mas lá permaneceu o valor do salário recebido. E, assim, logo que um advogado do jornal constatou que o extrato tinha partido de mim, fui demitido sumariamente no dia 15 de dezembro, uma sexta-feira, mesmo tendo estabilidade, que segue até 14 de junho próximo. Isso foi ótimo para todos os que estão na Justiça contra o jornal. Afinal, foi a partir daí que um juiz decidiu estender a dívida com os jornalistas a todas as cerca de 20 empresas do Ruy Muniz. Foi assim que foram bloqueados R$ 2,1 milhões do Fies que acabaram depositados como pagamento de parte da dívida da empresa com 28 jornalistas. Que venham novos bloqueios!”

 

(Na foto, Aloísio Morais no Hoje em Dia, quando foi reintegrado pela primeira vez. Crédito da foto: Marcelo Ramos.)

[23/4/18]

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