Hoje em Dia questiona reforma trabalhista, mas não respeita direitos dos seus empregados

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O jornal Hoje em Dia publicou nesta quinta-feira 13/7 um editorial surpreendente intitulado “Sobre o trabalho”.

Mereceria elogios, se não fosse cínico.

Nele, o jornal defende um ponto de vista equilibrado sobre a reforma trabalhista aprovada pelo Senado e sancionada pelo presidente golpista esta semana. Bem diferente do defendido pelos maiores veículos da mídia brasileira, que saudaram a reforma. Mas bem diferente também, e na verdade oposta à prática do Hoje em Dia em relação aos seus empregados.

Ao mesmo tempo em que manifesta ao leitor posições equilibradas, o jornal, juntamente com os demais jornais e revistas da capital, tenta impor aos seus empregados uma agenda de corte de direitos na Campanha Salarial 2017/2018.

E não é só. Há tempos o Hoje em Dia infringe a legislação trabalhista, desrespeitando os direitos dos seus empregados e motivando ações na Justiça do Trabalho.

Não recolhimento do FGTS; atrasos de salários; atraso no pagamento de férias; não pagamento de verbas rescisórias; desconto do vale-alimentação no salário e não fornecimento do benefício aos trabalhadores; pagamento do adicional noturno de forma indevida; folgas de sábados descontadas no banco de horas; redução aleatória do banco de horas; acúmulo de funções; atraso no pagamento de férias; desconto do vale-refeição e pagamento com atraso e descumprimento do prazo para pagamento dos retroativos.

Todas essas infrações à legislação trabalhista foram denunciadas ao Ministério do Trabalho ou são motivadoras de ações na Justiça do Trabalho nos últimos anos.

O jornal diz que “mesmo com uma legislação considerada muito severa para o empregador há ainda centenas de casos de exploração indevida da mão de obra de um ser humano”.

Poderia exemplificar com os 36 jornalistas dispensados em fevereiro de 2016 sem receber o acerto rescisório e sequer o salário do mês trabalhado! E que até hoje estão na Justiça do Trabalho tentando receber o que a empresa lhes deve.

Trabalhar sem receber salário é trabalhar como escravo. Por isso, o jornal parece estar falando de si mesmo quando afirma no trecho seguinte: “Não importa quanto a norma é considerada severa ou permissiva, sempre haverá empresários sem escrúpulos interessados em burlá-la. Isso é o que causa o registro de casos análogos a escravidão em pleno século XXI”.

O atual proprietário do Hoje em Dia, empresário Ruy Muniz, foi preso no ano passado pela Polícia Federal acusado de, na condição de ex-prefeito de Montes Claros, prejudicar hospitais públicos para favorecer o hospital da sua família. Muniz é conhecido por comprar empresas falidas e recuperá-las, usando para isso o expediente de fazer dispensas em massa e não pagar os trabalhadores demitidos.

Foi assim que formou um império no ramo de escolas privadas. E foi também o que fez no Hoje em Dia, conforme ficou mundialmente sabido na delação da JBS.

O editorial finaliza desejando que a reforma dê os frutos prometidos pelo governo golpista. Dize ele: “O que nos resta é aguardar as consequências dessas novidades e desejar que os que defenderam as mudanças estejam certos: que mais postos de trabalhos sejam abertos, menos pessoas fiquem na informalidade e que essa flexibilização deixe as relações de trabalho mais próximas de um futuro promissor do que de um passado que nos envergonha até hoje”.

Nós, jornalistas, também podemos fazer sugestões ao jornal para que as relações de trabalho no Hoje em Dia sejam mais promissoras: pague a dívida dos trabalhadores dispensados em fevereiro e março de 2016, acerte todos os direitos pendentes dos seus empregados, cumpra a legislação trabalhista, reponha as perdas salariais dos últimos anos e abandone a proposta de cortes de direitos que, juntamente com os demais jornais e revistas, vem fazendo na Campanha Salarial 2017/208.

Sindicato dos Jornalistas Profissionais de Minas Gerais

[14/7/17]

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