Rede de apoio já recebe doações para ocupações de escolas em Minas Gerais

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A Rede de Apoio às Ocupações em Defesa da Educação Pública, formada na sexta-feira 28/11, em ato realizado na Casa do Jornalista, já está recebendo e distribuindo doações para os estudantes que ocupam escolas públicas em Minas Gerais. A sede do Sindicato (Avenida Álvares Cabral, 400, Centro, Belo Horizonte) é um dos quatro pontos de doações. Os outros são: Sind-UTE Venda Nova (Rua Cascalheira, 75, sala 310), Sind-UTE Contagem (Rua Rodrigues Alves, 223) e Sind-UTE Floresta (Rua Ipiranga, 80).

As doações serão recebidas de segunda a sexta, de 9h as 18h. Algumas das escolas, universidades e institutos ocupados estão passando por reais necessidades de alimentação e os estudantes precisam de ajuda. As primeiras doações já foram entregues no Sindicato.

Ato de solidariedade

O ato de solidariedade às ocupações contou com a presença de mais de 150 pessoas, entre estudantes, professores, pais, sindicalistas, jornalistas e sociedade em geral. A presidenta da União Brasileira de Estudantes Secundaristas (UBES), Camila Lanes, que lidera o movimento, relatou que já são mais de 1.200 ocupações em todo o país e o número não para de crescer. O Paraná é o estado com maior número de ocupações (843), seguido de Minas Gerais. Uberlândia é a cidade mineira que tem mais escolas ocupadas: 26. A primeira ocupação em Belo Horizonte aconteceu na Escola Estadual Governador Milton Campos.

A presidenta da União Colegial de Minas Gerais (UCMG), Késsia Teixeira, disse que as ocupações são a forma encontrada pelos estudantes para resistir à ofensiva do golpe e lutar contra a PEC 241, que arrocha os gastos com educação durante 20 anos, e a reforma do ensino médio, feita por meio de Medida Provisória pelo governo federal. Ela afirmou que a Rede de Apoio às Ocupações é fundamental para que os estudantes continuem sua luta em defesa da educação pública.

A Rede de Apoio às Ocupações formou comissões de comunicação, estrutura e alimentação, oficinas, aulas e cultural, jurídica e segurança e saúde. Uma nova reunião das comissões está marcada para esta segunda-feira 31/10, às 19h, na Casa do Jornalista (Avenida Álvares Cabral, 400, Centro, Belo Horizonte).

As ações da Rede de Apoio e as atividades nas ocupações em defesa da educação pública podem ser acompanhadas em textos e vídeos na página da Frente Brasil Popular no Facebook: https://www.facebook.com/frentebrasilpopularmg/.

Outra escola

Nesta segunda-feira 31/10, Minas Gerais tinha 110 ocupações, oito delas ocorridas hoje. “O processo é muito rápido”, avaliou a vice-presidente estadual da UBES, Bruna Helena. Também é rápido o processo de aprendizagem que ocorre na vida e na cidadania destes jovens, quando decidem passar da simples frequência às aulas à ocupação.

“Quando o aluno ocupa a escola descobre que a escola é sua”, disse Bruna, que participou da ocupação do Estadual Central era diretora do grêmio da escola. “Quando a gente passa a morar na escola, conhece outra escola, vê como é difícil construir uma escola, manter a escola limpa, fazer comida, receber a comunidade”, explicou.

A ocupação de escolas por secundaristas brasileiros espelhou-se na ocupação de escolas no Chile, mas já a superou em número. “Já somos referência em ocupação de escolas no mundo”, informou a vice-presidente da UBES. As primeiras ocupações aconteceram em São Paulo, na chamada “Primavera Secundarista se São Paulo”, em 2015. A ocupação é considerada uma nova forma de expressão dos estudantes, que não é mais através de manifestações públicas e se expressa também em diversos tipos de ocupação de espaços públicos.

O processo é muito organizado e segue alguns padrões que se multiplicam por meio de redes sociais e servem de exemplo para todos. “É um processo espontâneo, por isso chamamos de primavera”, disse Bruna. “Os alunos de uma escola veem o que acontece em outra, ou veem na televisão, na internet. “A revolta dos pinguins”, filme sobre as ocupações no Chile, é um filme que inspira os estudantes. No Brasil, o documentário “Acabou a paz, isso aqui vai virar o Chile” está sendo visto por todos os secundaristas.

O processo começa com uma discussão na escola, continua com a convocação de uma assembleia e se instala definitivamente com a ocupação, que se organiza em grupos de trabalho e atividades. Os grupos são de: cozinha, limpeza, comunicação, programação e segurança. “O de segurança é o primeiro a ser formado, porque é preciso cuidar da segurança da escola e dos colegas”, informou Bruna. Entre as atividades estão seminários e aulões, com participação de professores.

Diálogo

Nesse processo acelerado e espontâneo, as lideranças da UBES têm hoje algumas preocupações principais, além das doações que mantêm as ocupações. Umas das é resistir aos ataques crescentes do MBL, que recruta jovens pelo Facebook e recorre à violência para desocupar escolas, inclusive com participação de jovens bem mais velhos. Outra preocupação é retomar o diálogo com o governo federal, interrompido pelo atual presidente.

“O governo federal ignora as ocupações, não dialoga”, disse Bruna. O diálogo é necessário inclusive para equacionar a realização do Enem. Os secundaristas querem que as provas sejam realizadas sem a paralisação do movimento, a exemplo do que aconteceu na eleição deste domingo 30/10, quando passado os eleitores votaram em escolas que estavam ocupadas. “Muitos inclusive levaram doações para os estudantes e foram conhecer as ocupações”, contou a vice-presidente da UBES.

 

Na foto do alto, o ato de solidariedade; na foto abaixo, as primeiras doações entregues no Sindicato.

16-10-31-doacoes-para-ocupacoes-baixa

31/10/16

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