Falecimento: Mário Sérgio Brant

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O Sindicato cumpre o doloroso dever de comunicar o falecimento do jornalista Mário Sérgio Brant, ocorrido nesta terça-feira 17/5. Ele estava internado  no Hospital Belo Horizonte, tratando de problemas no coração. O enterro será no Cemitério do Bonfim, nesta quarta 18, às 12h40. As informações a seguir e a foto são do Portal dos Jornalistas e o texto abaixo, assinado pelo amigo Ivan Drummond, uma homenagem dos trabalhadores do jornal Estado de Minas ao colega.

“Mário Sérgio Brant Fernandes nasceu em Belo Horizonte, Minas Gerais, em 22 de junho de 1961. Estudou Comunicação Social na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Toda a carreira profissional foi construída no jornal Estado de Minas, onde entrou, logo após a formatura, como repórter da editoria de Polícia. Nessa época, chegou a conquistar, juntamente com a equipe do caderno, o Prêmio Esso Regional, com a série de reportagens sobre a Crise Carcerária de Minas / O Inferno da Lagoinha. Posteriormente, foi transferido para o caderno de Cultura, onde atuou como repórter durante nove anos. Nessa época, além do seu trabalho no jornal, também trabalhou como repórter da Rádio Antena 1 e como Assessor de Imprensa da antiga Acesita, hoje Arcelor Mittal Inox Brasil (empresa siderúrgica). Mário se especializou em coberturas dos fatos relacionados à cultura local em suas diversas manifestações, como artes plásticas, música, cinema, teatro, dentre outros assuntos. Em 1999, foi promovido à subeditor do caderno, cargo que vem exercendo desde então.”

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Tempo bom, heim Mário?

Por Ivan Drummond

Ele chegou ainda menino, recém-formado. Caiu, como a gente dizia, “na boca do leão”. Era assim que a editoria de polícia dos jornais era vista. Era quem pegava as matérias mais cabeludas. Era sempre complicada, pois ainda vivíamos a ditadura. A polícia era tida como forte, aterradora. Então, ser repórter de polícia era para quem era forte, destemido. Para quem não tinha medo de nada e de ninguém.

Foi nesse cenário que Mario Sérgio Brant chegou ao Estado de Minas. Foi assim que ele subiu as escadas da Rua Goiás, que era onde o jornal funcionava na época. E quando ele chegou, a equipe era ainda formada por mim, Arnaldo Viana, João Bosco Sales, Vargas Vilaça, Joni Bezerra, João Gabriel Pinto e Francisco Santana Rezende.

Mário era filho de outro jornalista, Gastão Brant, que trabalhava no telex. Logo nos tornamos amigos, pois eu era filho de Felippe Drummond, que falecera em 1979, e ele de Gastão. Os dois pais eram contemporâneos.

E ele chegou para cobrir o fórum, substituindo João Gabriel, que se tornaria o subeditor, junto com Joni. As coberturas diárias dos crimes terminavam sempre no fórum e lá ele atuava. Mas veio, logo em seu primeiro ano, depois que Wagner Seixas e Djalma Gomes chegaram para substituir Arnaldo Viana, que fora para o esporte e, João Bosco, para a Cidades, um grande desafio. As mortes em cadeias, nas delegacias. A maior parte delas, na Delegacia de Furtos e Roubos, que a gente chamava de “Furtos”, e Depósito da Lagoinha.

E a quantidade de mortes, 31 no total, se contarmos as duas de Uberlândia e as do presídio Santa Terezinha, em Juiz de Fora; chamou a atenção da sociedade. Virou até uma campanha do Estado de Minas, criada por Edison Zenóbio, intitulada “Livrai-nos do Fogo do Inferno”.

E ganhamos, com a cobertura diária, sem fazer nenhuma reportagem especial, voltada para isso, o Prêmio Esso Regional Centro-Oeste. Mário foi determinante, quando estimulou o Ministério Público, promotores e até desembargadores.

Os anos passam e chega 1987. De novo o Prêmio Esso, dessa vez, com “O caso Alan”, a história de um estofador que escapou da execução, por policiais civis. Na época, Alan tinha um irmão que era ladrão e estava preso na Sétima Seccional, em Venda Nova. Esse irmão, em troca da liberdade, havia prometido arrumar dinheiro para os policiais da delegacia. Mas depois de solto, ele fugiu e não deu mais notícia.

Os policiais, para tentar encontrá-lo, pegaram Alan e o levaram para uma estrada vicinal, na região de Caeté. Amarram-no, colocaram uma algema e bateram nele. Mas os mesmos policiais, detetives, e havia um inspetor junto, fumaram maconha e no colocar algema, a deixaram frouxa. Ao queimarem um cigarro no peito de Alan, este fez força e suas mãos escapuliram das algemas. Vendo que estava livre correu, fugiu. Mais uma vez, a mesma equipe, eu, Mário, Wagner Seixas, Djalma Gomes, Marco Antônio Brandão, Vargas, João Gabriel, Rezende, mais um trabalho de dia a dia, completo, que nos deu o Esso.

Logo depois disso, Mário deixa a editoria de polícia. Foi para a Cultura. Eu também saí, para o Esporte. Daí, era o contato diário, mas não trabalhamos mais juntos. Que esteja agora, numa redação boa, divertida, como sempre foi a nossa.

 

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