Os trabalhadores da TV Alterosa decidiram em assembleia nesta terça-feira 2/2 manter o estado de greve e retomar a mobilização em defesa dos seus direitos. As próximas paralisações do trabalho vão ocorrer nestas quarta e quinta, às 10h e às 16h. A decisão foi tomada diante do descumprimento sistemático das promessas feitas pela direção dos Diários Associados. Até hoje não foi quitado o 13º salário. Quinta-feira será feita uma assembleia conjunta dos trabalhadores do Estado de Minas (administração e jornalistas). Na sexta, haverá nova assembleia dos trabalhadores da TV Alterosa.
Os quatro sindicatos dos trabalhadores (jornalistas, administração, radialistas e gráficos) entraram com ações na Justiça contra as empresas e acionistas do grupo Diários Associados, pedindo pagamento do 13º com multa prevista na Convenção Coletiva. Entre os acionistas citados estão o diretor-presidente Álvaro Teixeira da Costa e seu filho Geraldo (Zeca) Teixeira da Costa Neto. As ações contra o Estado de Minas citam também o ex-governador Newton Cardoso e seu filho, Newton Cardoso Filho, acionistas do jornal.
São listadas 20 empresas do grupo, muitas delas localizadas no Nordeste. Embora seus representantes aleguem que as empresas foram vendidas, os Diários Associados mantêm participação minoritária nelas. Os sindicatos também querem o bloqueio do aluguel da Rádio Guarani, no valor de R$ 300 mil mensais, considerado ilegal, por se tratar de uma concessão pública. Os acionistas já foram notificados.
Ontem, 1º de fevereiro, em reunião de mediação na Justiça do Trabalho, a mediadora ameaçou com uma nova fiscalização na empresa. Em fiscalização feita em janeiro, os Diários Associados foram multados por descumprimento de 14 itens da legislação trabalhista. Em caso de reincidência, a multa será dobrada.
Indignação e revolta
O ambiente entre os trabalhadores da TV Alterosa é de indignação e revolta diante do calote patronal. Além do 13º, não estão sendo pagas as férias. Trabalhadores que entraram em férias relataram que o pagamento não foi feito com 48 horas de antecedência, como determina a lei. Alguns receberam só um terço do valor devido, outros, nem isso. Outro problema é o plano de saúde, que está na iminência de vencer sem que a empresa apresente solução. Há também problemas com vale-alimentação e vale-transporte.
“Estamos retomando a mobilização porque a prática recorrente dos diretores da empresa é de calote”, denunciou o presidente Kerison Lopes, no microfone do carro de som estacionado na porta da TV Alterosa, nesta tarde.
Aplaudido pelos trabalhadores reunidos em assembleia, Kerison informou sobre a série de medidas judiciais tomadas pelos sindicatos, entre elas um pedido de intervenção na empresa. O objetivo é impedir que o dinheiro que deve pagar os trabalhadores seja desviado para os acionistas. “Agora vamos judicializar tudo”, anunciou.
Kerison disse confiar que a Justiça fará justiça aos trabalhadores, mas assinalou que a luta precisa ser combinada com mobilizações, diante do calote patronal. Ele informou também que deverá ser realizada uma audiência pública da Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa para discutir o assédio moral aos trabalhadores dos Diários Associados, entre eles a presença de mais de 100 policiais da Tropa de Choque da PM na porta da TV Alterosa, no dia 29 de dezembro passado. “Este foi um dos epísodios mais vergonhosos da história da empresa”, disse.
Uma nova reunião de mediação no Ministério do Trabalho está marcada para a próxima sexta 5/2. Nela, os Diários Associados deverão apresentar uma solução para o 13º e para o plano de saúde e o comprovante do pagamento dos salários de janeiro.
(Na foto, a assembleia dos trabalhadores da TV Alterosa nesta terça, 2/2. Crédito da foto: Aloísio Morais.)