Os trabalhadores dos Diários Associados em Minas voltaram a se concentrar nesta sexta-feira 8/1 na porta da TV Alterosa, dando continuidade ao movimento que exige o pagamento do 13º salário e demais direitos trabalhistas devidos pela empresa. Jornalistas, radialistas, empregados na administração e gráficos, cujos sindicatos estão unidos à frente da mobilização, mantêm a disposição de voltar a paralisar o trabalho na próxima segunda-feira 11/1.
O presidente do Sindicato dos Jornalistas, Kerison Lopes, lembrou em discurso as conquistas que o movimento já obteve em um mês de mobilizações e reafirmou que o caminho dos trabalhadores dos Diários Associados é a luta para garantir seus direitos e resgatar a dignidade da categoria.
“Estamos aqui mais uma vez para informar a sociedade, uma vez que a comunicação é um bem público”, disse Kerison, que, graças a microfone e caixas de som, era ouvido por todos aqueles que se encontravam ou passavam pelas imediações da TV Alterosa, na Avenida Assis Chateaubriand, no Bairro Floresta. “A população precisa saber que a TV Alterosa é caloteira e não pagou o 13º dos seus trabalhadores.”
Além das concentrações na porta da TV Alterosa e do jornal Estado de Minas, os quatro sindicatos estão distribuindo folhetos em praças, avenidas e ruas da capital nos quais esclarecem a população sobre o movimento. Hoje, a panfletagem será na Praça 7, a partir das 18h, e amanhã na Praça Duque de Caxias, em Santa Tereza, a partir das 15h.
Para a próxima segunda-feira 11/1 às 8h está marcada uma reunião de mediação no Ministério do Trabalho entre os quatro sindicatos e representantes da empresa. Nela, os Diários Associados deverão informar quanto do 13º já pagaram a cada trabalhador. À tarde serão realizadas assembleias dos trabalhadores para decidir sobre uma nova paralisação. Além do 13º, a empresa proprietária dos jornais Estado de Minas e Aqui, portal Uai e TV Alterosa, deve pagamento de férias, vale alimentação, vale transporte, FGTS e Previdência.
Conquistas
O movimento dos trabalhadores dos Diários Associados em Minas começou no dia 3 de dezembro, diante do não pagamento do 13º salário pela empresa. A ameaça de paralisação do trabalho pelos jornalistas e radialistas da TV Alterosa levou o diretor da empresa Zeca Teixeira da Costa a se dirigir aos trabalhadores e prometer pagar 25% do salário, além de um vale Natal correspondente a três meses de vale refeição.
A mobilização se estendeu para os trabalhadores do Estado de Minas, Aqui e Uai, que também passaram a realizar assembleias na porta da empresa, na Avenida Getúlio Vargas. O movimento obteve novas vitórias: pagamento integral para aqueles cujo saldo do 13º era de até R$ 1.700 e estabilidade no emprego até 14 de fevereiro. Numa tentativa de dividir o movimento e assegurar a impressão dos jornais, a empresa pagou o 13º dos gráficos.
Esta semana, diante da adesão dos trabalhadores da TV Alterosa no interior, a empresa fez o pagamento do 13º integral nas emissoras de Divinópolis, Juiz de Fora, Varginha e Manhuaçu. Pela primeira vez, o diretor Zeca Teixeira da Costa desceu à redação do Estado de Minas para dialogar com os trabalhadores. Até hoje os jornalistas, radialistas e empregados na administração da capital continuam sem receber o 13º integral.
Assédio
“Mais do que tudo, este movimento é para resgatar a dignidade dos jornalistas dos Diários Associados”, ressaltou Kerison, lembrando que o movimento dos trabalhadores de Belo Horizonte contagiou não apenas seus colegas no interior, mas também os do Rio de Janeiro e de Brasília. “Os jornalistas dos Diários Associados no Rio também vão parar no dia 11 e os do Correio Braziliense, em Brasília, também estão se mobilizando”, informou.
Ele informou ainda que os sindicatos já apresentaram no Ministério do Trabalho uma denúncia de assédio moral e práticas antissindicais contra a empresa e que encaminharão ofício ao governo estadual solicitando informações sobre a presença de policiais militares na porta da TV Alterosa no dia 29 de dezembro. Naquele dia, quando alguns trabalhadores se reuniam pacificamente, o quarteirão foi cercado por cerca de 100 policiais do Choque da PM.
“Queremos saber quem solicitou a presença do Batalhão de Choque para intimidar os trabalhadores”, disse Kerison, lembrando que o movimento está sendo feito de acordo com a lei de greve e que a própria PM colaborou com a interdição do trânsito durante as manifestações dos jornalistas. “Quem constrói a TV Alterosa são os seus trabalhadores, como demonstram os inúmeros prêmios de jornalismo que receberam. Os patrões estão interessados apenas nos lucros. Os trabalhadores nunca pararam a empresa antes da empresa parar de pagar o salário.”
Kerison disse ainda que os trabalhadores devem sentir orgulho de participar desse movimento. “Vocês vão poder contar para seus filhos e netos que lutaram por seus direitos, enquanto aqueles que chamaram a polícia vão ter de esconder esse fato pela resto das suas vidas”, disse. Ele denunciou ainda a dívida da TV Alterosa com um restaurante vizinho. “O pequeno proprietário veio aqui nos contar que está cobrando uma dívida que já chegou a cinquenta dias. A empresa está pegando fama de caloteira.”