Cobertura do carnaval de BH vai do profissionalismo a integração, leveza e alegria

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Na foto: Clarissa, da Itatiaia, e Carol Braga, da Culturadoria.
Trabalho dos profissionais de veículos de comunicação da capital mineira se destaca durante o carnaval.  Na foto: Clarissa, da Itatiaia, e Carol Braga, da Culturadoria.

Conhecido por sua abundância de blocos, por sua exuberância esfuziante e por suas multidões em ruas e avenidas, o Carnaval belo-horizontino pode ser considerado a maior festa da cidade e se caracteriza uma manifestação de resistência, que nasceu da ocupação democrática dos espaços públicos e da celebração da diversidade cultural. 

Neste ano, essa festa momesca começou oficialmente no sábado, 15 de fevereiro, e terminou neste domingo, dia 9 de março. Neste período de carnaval, repórteres de diversos veículos de comunicação de Belo Horizonte tiveram a missão de fazer a cobertura deste evento, que, além de uma programação diversa foi realizada em espaços diferentes e descentralizados da cidade, como por exemplo o carnaval da liberdade, ruas sonorizadas, desfile das escolas de samba, eventos particulares e em bairros fora do eixo central. 

Mas quem considera que os repórteres encerram a missão com exaustão ou mesmo acúmulo de estresse está muito enganado. A maioria dos profissionais escalados para cobrir o carnaval adoraram exercer essa função e entre uma entrevista e outra aproveitaram para interagir com a festa, se divertiram um pouco, tudo isso sem perder o horário da próxima pauta. 

De bloco em bloco 

Clarissa Guimarães, repórter da Itatiaia é um exemplo disso. Somente entre sábado de carnaval e segunda-feira, ela cobriu nove blocos. Tudo isso com muito profissionalismo, leveza e alegria. “Eu gosto da energia do carnaval, então, me divirto nas coberturas. Danço em todos os blocos que vou. Nesse último carnaval, inclusive, até cantar em cima do trio, eu cantei”, conta.  Ela chegou a cobrir quatro blocos por dia, mas considera a quantidade de coberturas bem razoável. “Acaba que não dá pra fazer algo mais no capricho como eu gostaria, mas é perfeitamente possível cobrir e passar as informações necessárias, sem perda de qualidade”, afirma.  

A repórter ressalta que três fatores foram essenciais para tornar essa enorme quantidade de coberturas mais leve. Um deles foi o planejamento realizado pela empresa, “A organização foi feita pela coordenação e repassada aos repórteres, em reunião. Como já é tradição da rádio, cobrir o carnaval da cidade, já sabemos o que e como precisa ser feito. Aí, foi só seguir a cartilha que não teve erro”, completa. 

O profissionalismo de sua equipe também contribuiu para o bom andamento do trabalho. “Isso salva a gente. Carnaval é sempre um período que exige muito do repórter, pelo volume de blocos e tamanho das coberturas. Trabalhei com uma equipe engajada, aí tudo ficou mais fácil e o trabalho fluiu melhor”, afirma.  Além disso, ressalta o trabalho realizado pelas assessorias de imprensa dos blocos, como fundamentais para o bom andamento da apuração das pautas. 

Ao considerar o que atrapalhou o andamento do trabalho, ela cita o deslocamento. “O trânsito foi um grande complicador em todos os anos. Mas, em 2025, não tivemos grandes dificuldades e conseguimos chegar o mais perto possível dos blocos”, assegura. 

Alegria como parte do trabalho 

João Eduardo realizou a cobertura do carnaval de Belo Horizonte para a TV Horizonte. Ele também coloca o deslocamento como um grande complicador para realizar o trabalho. Além do trânsito que dificultava a ida de um ponto a outro, a quantidade de pessoas nas ruas também dificultou. Às vezes era difícil andar de um quarteirão a outro”, declara. 

O repórter considera que a imprensa de Belo Horizonte prestou um papel muito bonito na cobertura deste evento. “Fizemos um bom trabalho, com excelente cobertura. Todos os veículos, não importa se era rádio, TV, site ou impresso. Todos estavam ativamente em toda a programação. Nada ficou descoberto. Agora temos o desafio de continuar com esse sarrafo para cima e para manter as coberturas para os próximos carnavais”, avalia.  

Ao todo, ele fez quatro matérias sobre este evento. No sábado de carnaval esteve em dois blocos, na segunda em um e na terça-feira em outro. João Eduardo também dançou, brincou e aproveitou o momento e percebe esse comportamento com uma parte da realização do seu trabalho. “Gostei muito do trabalho, procurei me integrar à folia junto com os foliões, porque acho que faz parte de uma boa cobertura o repórter se integrar o máximo possível ao espaço, a situação que ele está inserido, então procurei fazer isso sim”, explica. 

Ele se integrou de fato a esse trabalho em todas as suas etapas. “Participei do planejamento de organização que a TV Horizonte fez e gostei muito de como tudo foi feito”, diz. Quanto ao que pode ser melhorado, ele cita o diálogo maior entre a Prefeitura e o governo de Minas com a imprensa. “Já houve um grande avanço neste ano e foi muito bacana, desejo que o diálogo não só se mantenha, como também melhore ainda mais”, prevê. 

João Eduardo ainda ressalta o trabalho das assessorias de imprensa dos blocos.  “Eles ajudaram de fato, principalmente os maiores, a integrar a imprensa com a organização, regras dos blocos e com as fontes”, pondera.

Faltou feedback

Alex Bessas, do Jornal O Tempo, também avalia o trabalho das assessorias de imprensa como um diferencial para a realização do trabalho. “Os assessores foram prestativos desde o credenciamento até o momento da cobertura, alguns foram até mais atenciosos, e se colocaram à disposição para ajudar na apuração das pautas”, descreve. 

O repórter é um pouco mais compenetrado e encara a cobertura do Carnaval como qualquer outro trabalho, dentro da lógica da profissão, mas de maneira que não se aborrece cumprir plantão nessa festa momesca. Ele realizou a cobertura de, no máximo, dois blocos por dia e entende que a quantidade foi ideal para uma cobertura de qualidade. “Fiz algumas coberturas em vídeo de até dois temas e, eventualmente, um povo fala. O volume de trabalho me pareceu adequado, sem exigir horas extras”, observa. 

Apesar disso, Alex Bessas, sugere que, no próximo ano, sejam disponibilizadas barrinhas de cereal/proteína para a equipe que estará na rua, pois uma das dificuldades enfrentadas no Carnaval deste ano estava relacionada justamente à alimentação. 

Ele destaca que a preparação e organização foi importante para o sucesso do trabalho. “A cobertura foi organizada por equipes, que tiveram constante diálogo entre quem estava na rua e quem estava na redação. A organização exigiu duas reuniões, uma para audiovisual e outra para a cobertura geral, que foram suficientes para sanar dúvidas e colher sugestões”, relata. 

Entretanto, o repórter vê o pós como um dificultador. “O principal problema foi o pós: se tivemos reuniões para organizar a cobertura, não houve nenhum tipo de reunião ou mesmo conversa privada para um retorno, um feedback sobre o trabalho desenvolvido”, conclui.

Prefere trabalhar no Carnaval 

Com Carol Braga, repórter do site Culturadoria, prefere trabalhar no carnaval do que ter folga e só curtir. “Gosto de estar ali no meio, eu gosto de ver a alegria das pessoas que estão tocando, que estão fazendo esse carnaval de verdade, que integram o bloco, Me divirto muito e danço também, mas o que eu gosto mesmo é de ficar captando as imagens”, admite. 

No primeiro dia do evento, na cobertura do Bloco Então Brilha, Carol Braga se empolgou e queria registrar tudo, não queria perder nenhum detalhe, mas teve que fazer gestão de bateria de celular e de câmera, uma vez que o cortejo é muito longo. “Eu fiquei com a mão coçando, porque eu não queria parar”, brinca.  

Como ela trabalha sozinha e de forma independente e o projeto de seu site tem uma estrutura pequena, ela não conseguiu fazer a cobertura do carnaval todo. “Fiz algumas coberturas pontuais, nosso carnaval é muito grande e a gente não daria conta de cobrir tudo”, pontua.  No sábado, depois do Então Brilha, ela fez a cobertura da Rua do Samba. No domingo foi a vez da Praça da Liberdade, onde mostrou o átomo da liberdade, as ações do Palácio e o Bloco Queixinho. 

Na segunda-feira cobriu o bloco Ziguiriguidum e depois o Carnavaranda do Cine Teatro Brasil. Na terça-feira, voltou ao Carnavaranda e depois foi para as Escolas de Samba, na Avenida dos Andradas. Mas deixou passar a chance e aproveitou um pouco em cada local que esteve. 

Quanto às dificuldades, ele cita a quantidade de credenciamentos diferentes. “Me cadastrei em vários lugares, e mesmo assim, em alguns momentos eu cheguei em lugares que não estava credenciada. Então eu acho que se tivesse um credenciamento único para a cobertura do Carnaval de Belo Horizonte, ajudaria bastante”, propõe. Também considera importante que a Belotur crie um banco de fotos oficial, com crédito dos fotógrafos, para facilitar o trabalho dos veículos de comunicação 

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