O jornal Estado de Minas ainda não pagou o salário de setembro a um grupo de jornalistas. Também não deu satisfação e nem previsão de data para o pagamento. A situação é revoltante, mas não é novidade: o jornal vem procedendo assim há muito tempo, todo mês paga com atraso. Rigorosamente, ninguém recebe em dia (até o quinto dia útil do mês, conforme manda a lei), mas para alguns o pagamento atrasa mais.
Em junho deste ano, o atraso de salário de parcela da redação e da administração obrigou os trabalhadores a fazer paralisações de protesto em plena pandemia; o atraso também aconteceu na TV Alterosa, empresa do mesmo grupo Diários Associados Minas. O problema é tão recorrente que levou a várias paralisações em 2010. A empresa só paga depois que os trabalhadores protestam e se mobilizam.
Além disso, o atraso é de salários que já foram reduzidos. Na pandemia, o grupo Associados Minas usou a MP 936 para reduzir o salário de alguns trabalhadores. Em abril de 2016, os salários dos jornalistas e dos trabalhadores da administração foram reduzidos em 30%, unilateralmente, numa decisão já considerada ilegal pela Justiça do Trabalho.
A empresa também não paga férias, mas lança os valores nos contracheques, que inclusive incidem no cálculo do imposto de renda. E não faz os depósitos do FGTS.
E não paga em dia o plano de saúde, deixando os trabalhadores frequentemente sem acesso a consultas médicas.
Até mesmo os salários dos estagiários de jornalismo são pagos com atraso.
[16/10/20]