O Sindicato dos Jornalistas Profissionais de Minas Gerais e a Federação Nacional dos Jornalistas vêm a público manifestar seu repúdio às violências praticadas por policiais militares e civis contra o repórter cinematográfico Paulo Pires, da Rede Globo Minas, durante manifestação das categorias na tarde de ontem, quarta-feira 11/12, em Belo Horizonte. O SJPMG e a Fenaj prestam solidariedade ao colega e exigem mais uma vez que as autoridades tomem providências para garantir a liberdade de imprensa.
Paulo fazia imagens do protesto quando foi abordado por um manifestante, identificado pela imprensa com o coronel PM da reserva Domingos Sávio de Mendonça (veja o vídeo), e em seguida cercado por cerca de dez policiais, que o acusaram de ser “P2” (policial militar que atua como espião, à paisana).
Paulo identificou-se como empregado da Globo, mostrou seu crachá funcional e sua identidade de jornalista emitida pela Fenaj. O equipamento com a qual trabalhava tinha a logomarca da emissora. Mesmo assim o grupo tomou o equipamento, confiscou sua identidade e arrancou seu crachá à força. Policiais militares fardados que acompanhavam o protesto não intervieram para evitar as violências. O equipamento e os documentos só foram devolvidos depois que o repórter cinematográfico ligou para Globo e a chefia de reportagem confirmou que ele trabalha para a emissora.
O episódio foi presenciado por outros jornalistas. O jornal O Tempo publicou em seu portal vídeo gravado em celular. O próprio repórter cinematográfico gravou imagens e sons durante todo o tempo que as violências duraram, pois a tecla de gravação continuou pressionada mesmo depois que o equipamento foi tomado.
O cerceamento ao trabalho do repórter cinematográfico Paulo Pires é mais um ataque aos jornalistas e ao jornalismo, situação que se tornou frequente nos últimos anos, sem que autoridades tomem providências à altura. Ao contrário, o próprio presidente da República desferiu 111 ataques a jornalistas somente este ano, segundo levantamento da Fenaj.
O mau exemplo que vem de cima frutifica. Para ficar no caso mais recente, em Belo Horizonte: no domingo 8/12, o fotógrafo Alexandre Guzanshe, do jornal Estado de Minas, foi agredido por uma torcedora quando cobria o tumulto no jogo entre Cruzeiro e Palmeiras.
Nós, jornalistas, não aceitamos que violências e restrições ao trabalho da imprensa se tornem banais, pois elas configuram uma das mais sérias ameaças à democracia. Exigimos respeito ao nosso trabalho. Dele depende o direito da sociedade à informação. Exigimos respeito à Constituição, à liberdade de imprensa e ao livre exercício profissional dos jornalistas.
Basta de violência contra jornalistas!
#LutaJornalista
#SindicalizaJornalista
[12/12/19]