A mobilização dos trabalhadores dos Diários Associados em Minas com paralisações e ampla divulgação nas redes sociais deu resultado. A empresa pagou os salários de setembro ontem, com 11 dias de atraso. Nesta quinta-feira 17/10, jornalistas e empregados na administração do jornal Estado de Minas reuniram-se em assembleia para avaliar os próximos passos do seu movimento.
Ainda há trabalhadores sem receber o salário de setembro e até o salário de agosto. Em geral, são empregados que têm alguma ação trabalhista contra o jornal, o que caracteriza retaliação. O sindicatos estão fazendo o levantamento desses casos e vão apresentá-los à Justiça. Quem estiver nessa situação deve encaminhar um zap ao seu sindicato informando seu nome, o mês que não recebeu e o número da ação trabalhista.
A preocupação agora é com os próximos pagamentos: o salário de outubro e a primeira parcela do 13º, que vence no dia 30/11. Este ano os trabalhadores vão se mobilizar preventivamente, não vão deixar que o atraso chegue até as vésperas do Natal como no ano passado. Na primeira semana de dezembro, haverá uma nova assembleia, caso o 13º não seja pago.
O sindicatos vão também continuar atuando junto à Justiça do Trabalho para tentar resolver os diversos problemas decorrentes do descumprimento dos direitos trabalhistas pela empresa. Os sindicatos temem que se repita com os Associados Minas o que aconteceu com a Editora Abril, em São Paulo, que em 2018 dispensou cerca de 500 trabalhadores sem pagar as verbas rescisórias.
Esta semana, a presidenta do SJPMG, Alessandra Mello, e o presidente do Sindicato dos Empregados na Administração de Jornais e Revistas, Marco Antônio Jacob, formalizaram pedido de audiência com o procurador-chefe do Ministério Público do Trabalho, Arlélio de Carvalho Lage. Eles encaminharam ao procurador um documento detalhando os problemas enfrentados pelos trabalhadores dos Diários Associados, entre eles:
– o vale-transporte e o tíquete alimentação dos trabalhadores da administração não são pagos;
– o FGTS não é depositado há cerca de 60 meses;
– o INSS é descontado do salário e não é recolhido;
– o plano de saúde também é descontado, mas os trabalhadores não são atendidos, porque a operadora não recebe o pagamento;
– trabalhadores dispensados não recebem as verbas rescisórias;
– abono de férias é lançado no contracheque, mas não é pago;
– jornalistas que recebem por meio de CDA (cessão de direitos autorais) também não estão sendo pagos;
– despesas feitas em viagens levam meses para ser reembolsadas;
– a contribuição associativa do trabalhador ao sindicato é descontada, mas não é repassada;
– o seguro de vida também é descontado e não é repassado à seguradora;
– a empresa se nega a dialogar com os sindicatos e falta às audiências de mediação na Superintendência Regional do Trabalho.
É bom lembrar que em 2016 a empresa impôs uma redução salarial de 30% aos trabalhadores. A Justiça já julgou essa redução ilegal, mas os Associados Minas ainda não pagaram nem disseram como vão pagar essa dívida trabalhista.
Sem pagar não dá para trabalhar.
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(Crédito da foto: Rogério Hilário.)
[17/10/19]