Conheça a história do pôster premiado da anistia que pode ser seu

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Pôster premiado da Anistia é brinde para novos associados e sindicalizados que pagarem á vista a anuidade de 2021

Quem frequenta a Casa do Jornalista – sede do Sindicato dos Jornalistas Profissionais de Minas Gerais – já deve ter reparado em um quadro (muito cobiçado, diga-se de passagem) em defesa da anistia (foto acima). O que pouca gente sabe é que ele foi feito pela jornalista e publicitária Neide Pessoa, para um concurso realizado pela Associação Brasileira de Imprensa (ABI) e pelo jornal O Pasquim, em 1978, para premiar produções gráficas que tivessem como mote o apelo pela anistia.

Neide, que já foi diretora do Sindicato e do Conselho Estadual dos Direitos Humanos, ganhou o concurso com esse cartaz – em uma disputa acirrada em todo o Brasil – que se tornou símbolo da anistia, transformada em lei em agosto de 1979.

Defensora dos jornalistas durante o período ditatorial, a ABI foi uma das entidades que encamparam a luta pela anistia dos exilados políticos pelo regime militar.

Neide conta que nunca atuou na área de designer, mas pediu ajuda a um amigo para fazer a parte gráfica. O cartaz, segundo ela, foi inspirado na luta da família Pezzuti, que teve três integrantes brutalmente torturados e exilados durante a ditadura. Neide, naquela época, já militava no Movimento Feminino pela Anistia e no PCdoB, ao qual permanece filiada.

“Quando fiquei sabendo do concurso pensei na hora em fazer algo que colocasse as pessoas na pele de quem estava exilado e querendo retornar”, conta Neide, hoje com 82 anos, alguma dificuldade de mobilidade, mas com uma disposição de continuar lutando típica dos jovens.

Todo em preto e branco, o cartaz traz a foto de um homem com uma mala na mão direita e a mão esquerda erguida, acenando com o V da vitória. E um trecho da Canção do Expedicionário, música de enorme sucesso na voz de Francisco Alves, composta em 1944 para homenagear os brasileiros que lutaram na Segunda Guerra Mundial, que por sua vez cita a Canção do Exílio, de Gonçalves Dias: “Não permita Deus que eu morra sem que eu volte para lá”.

Neide lembra uma curiosidade sobre o cartaz. O modelo do pôster foi seu amigo já falecido Max Figueiredo Portes, jornalista, editor e designer gráfico, um dos escritores mais premiados da sua geração. Ele posou para a foto no alto da avenida Afonso Pena. “Eu pedi para ele fazer uma pose como se estivesse chegando de viagem.”

Quem levou o cartaz para participar do concurso foi o jornalista Aloisio Morais, que depois foi eleito presidente do Sindicato.

Passados 40 anos da Lei da Anistia, Neide tem ainda cerca de 200 impressões desse pôster cheio de histórias. As cópias foram feitas para custear pequenas despesas dos anistiados que voltavam para o Brasil precisando de apoio financeiro.

Quem quiser adquirir o cartaz é só procurar o sindicato. Ele está à venda por R$ 40 reais. Quem se sindicalizar ou pagar a anuidade à vista ganha de cortesia

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