Kaluan Bernardo, colaboração para o TAB
Todos os dias, Ann Farrell procura por rádios irlandesas na internet. Mesmo vivendo no Brasil há quase 30 anos, ela sente a necessidade de ouvir sobre seu país. “É um jeito de me sentir próxima da minha terra e do meu povo”, declara. Lucilla Longone nutre afeto semelhante pelas ondas sonoras de seu rádio: ela passa o dia ouvindo e conversando com os apresentadores. “Desde que me aposentei, há dez anos, ouço o tempo todo. Me politizei muito ouvindo o rádio”, conta ao TAB. Quando escuta uma notícia boa, ela verbaliza as comemorações; quando é ruim, xinga o político.
Não é de hoje que o rádio é companheiro das pessoas. Desde seu surgimento, na década de 1920, o dispositivo tem acompanhado gerações. Com a ascensão da TV e, depois, da internet, sua morte foi precocemente anunciada inúmeras vezes, mas ele seguiu conversando com qualquer pessoa que procure por uma voz que fale no seu ouvido.
Em 1984, Roger Taylor, baterista do Queen, escreveu “Radio Gaga” — uma homenagem ao rádio, seu companheiro de “noites adolescentes”. Na canção, Taylor pede para que o dispositivo não desapareça: “Fique por perto / Porque nós podemos sentir sua falta / Quando nos cansarmos de todo esse visual”.
Promessa cumprida. Em 2020, quando o isolamento social traz “intoxicação por excesso de videoconferência”, discutem-se “políticas de redução de danos” por causa do cansaço da quarentena e a solidão é tratada como “epidemia” no mundo, o rádio e o podcast — seu filho prodígio — voltam a ganhar a atenção das pessoas que procuram conteúdo e a sensação de companhia, sem precisar passar mais tempo olhando para uma tela.
Uma pesquisa do Kantar Ibope Media, divulgada em março, revelou que 71% dos brasileiros afirmaram ouvir a mesma quantidade de rádio ou mais após as medidas de isolamento social, enquanto 20% disseram ouvir muito mais rádio após o início da quarentena; já o consumo de podcasts mais do que dobrou em 2020, segundo o Spotify. Mas vale ressaltar: apesar da aceleração na pandemia, o rádio cresce desde 2018 e o podcast já havia crescido 67% no Brasil em 2019.
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(Publicado por TAB. Imagem: Getty Images. )
[17/9/20]