Tomou posse simbólica numa cerimônia virtual na noite desta quarta-feira 17/6 a Diretoria do Sindicato dos Jornalistas Profissionais de Minas Gerais para o triênio 2020-2023. A solenidade foi transmitida ao vivo na página do Sindicato no Facebook e teve participação da presidenta reeleita Alessandra Mello e da vice-presidenta eleita Lina Rocha, que representou os demais integrantes da Diretoria.
A posse simbólica, em cerimônia virtual, ocorreu em respeito ao isolamento social de combate à pandemia de covid-19, cujas vítimas, em especial os profissionais de imprensa, foram homenageados pelos empossados.
Até o momento de publicação desta matéria, o vídeo do evento tinha alcançado mais de duas mil pessoas, mais de 20 compartilhamentos e recebido mais de 100 comentários, numa confirmação do engajamento demonstrado pela categoria na eleição, também virtual, que a nova diretoria venceu com 87,32% dos 426 votantes.
“Queria agradecer essa votação expressiva, que nos encheu de orgulho, mas também de muita responsabilidade. A gente assume aqui o compromisso de fazer justiça a cada voto depositado na urna, a cada demonstração de confiança, que é uma demonstração de aprovação da gestão que se encerra e uma aposta na gestão que começa hoje”, disse Alessandra.
Momento difícil
Ela assumiu o compromisso que a nova Diretoria vai atuar de maneira muito firme e efetiva em defesa dos jornalistas e do jornalismo nesse momento tão difícil na história do Brasil e do mundo. “Já passamos por outras graves dificuldades, mas essa tem componentes a mais que tornam esse momento tão difícil”, disse. “Além da pandemia, que ceifa vidas, empregos, a gente tem também um momento de violência, de ataque à democracia, de instabilidade política. No caso específico da nossa categoria, a gente vive um momento de violências, de ataques, de tentativas de censura. Isso é uma coisa que nos preocupa muito.”
Essa situação, enfatizou Alessandra, exige uma defesa forte dos jornalistas e da sociedade. “Onde o jornalismo é forte, a democracia é forte, porque jornalismo livre é sinônimo de país livre, de democracia”, disse.
Ela lembrou que a profissão já passava por dificuldades, decorrentes da mudança de modelo de fazer jornalismo, das novas tecnologias e dos novos meios de comunicação. Essa situação agravou-se com a crise política e econômica brasileira e a pandemia. “É compromisso da nova gestão atacar firmemente e combater violências contra jornalistas, censura, perda de direitos, precarização do nosso trabalho”, disse a presidenta reeleita.
“O jornalismo é uma profissão muito importante para a sociedade. Nós, jornalistas, a gente não tem o monopólio da fala, mas a gente é porta-voz da sociedade em grande parte dos casos, a gente é quem dá voz às minorias, que muitas vezes não conseguem ser ouvidas. O jornalista tem compromisso com a sociedade, com a democracia, com as minorias, com os direitos humanos. E a gente assume o compromisso de continuar essa luta”, disse Alessandra.
Gestão democrática
Outro compromisso assumido pela nova gestão do SJPMG é de ser mais horizontal, mais democrática, numa tentativa de se aproximar mais da categoria e de melhorar a comunicação entre o Sindicato e os jornalistas, em todos os locais de atuação, sejam assessorias, redações ou independentes.
Alessandra destacou ainda as enormes dificuldades de sobrevivência dos sindicatos de trabalhadores após a reforma trabalhista.
“Nosso Sindicado viveu até 2018 basicamente do imposto sindical”, informou. “Setenta por cento da nossa renda vinha do imposto sindical, descontado de todos os jornalistas, independentemente de serem sindicalizados ou não. Esse imposto acabou e não tem perspectiva de que volte.”
Ela explicou que atualmente o SJPMG sobrevive exclusivamente das contribuições dos seus associados. O número de filiados em dia subiu de menos de 300 para mais de 400, mas ainda é insuficiente para manter a entidade.
“É um crescimento expressivo, a gente agradece, mas precisamos de mais pessoas com a gente, para que a gente possa continuar atuando. O Sindicato é de toda a categoria, nós todos temos de ter compromisso de manter nossa instituição, que já está beirando os 80 anos, uma instituição que tem história, um sindicato reconhecido nacionalmente pelas lutas que trava”, disse. “Mas a gente precisa que as pessoas se associem, para que a gente possa continuar”, enfatizou.
Lutas e greves
Alessandra lembrou as últimas lutas dos jornalistas mineiros, em especial as greves no jornal Estado de Minas, em 2015, e a ocupação do predinho do jornal Hoje em Dia, em 2017.
“Não comemoro greve, porque a greve sempre é o último recurso que a gente utiliza, mas comemoro a mobilização e o pensamento coletivo para lutar e fazer valer os nossos direitos”, disse. “A ocupação do predinho do Hoje em Dia teve repercussão internacional, foi um fato histórico, e a partir dela a gente teve ganhos gigantescos, os trabalhadores demitidos receberam todos os seus recursos.”
Ela lembrou ainda que o SJPMG não discrimina jornalistas, atende igualmente os sindicalizados e os não sindicalizados, mas quer e precisa que todos se associem para manter a entidade funcionando e defendendo a categoria. Convidou a todos para acompanhar o trabalho da nova Diretoria pelas redes sociais e aqueles que ainda não conhecem o Sindicato a visitá-lo.
Durante a pandemia, o SJPMG está funcionando com atendimento presencial apenas um dia na semana, às quartas-feiras, de 13h às 18h. Contatos podem ser feitos pelos celulares (31) 9-8239-4231, 9-8798-2179 e 9-87982201.
Perfis diferenciados
A vice-presidenta Lina Rocha chamou atenção para o fato de a nova Diretoria ser encabeçada por duas mulheres, sexo que predomina na profissão. Ao todo, a gestão tem 11 mulheres entre os seus 15 integrantes.
“São perfis diversos, pessoas experientes no mercado, pessoas que estão começando, trazendo muita inovação”, disse Lina. “Temos pessoas de assessoria de imprensa, de redação, de movimentos populares, freelancers, todos os perfis, e essa composição foi muito importante, porque é uma forma da genta abranger toda a categoria, de poder trabalhar por toda essa categoria que demonstrou nas urnas a confiança que deposita no Sindicato.”
Ela anunciou que a nova Diretoria fará uma inovação na gestão do SJPMG: os 25 integrantes serão divididos em oito comissões, por áreas de atuação, entre elas, direitos humanos e democracia, defesa e orientação da categoria, administração financeira, jurídica, parlamentar, cultura e história.
“Isso será muito importante para ter uma gestão democrática, com participação de todos, e também para conseguir atuar nessa diversidade desse universo que hoje é o jornalismo”, explicou. Questões como ações trabalhistas e assédio receberão atenção. “A gente pretende com isso atingir o maior número de jornalistas, que possam inclusive se integrar ao Sindicato.”
Lina ressaltou ainda que o Sindicato tem atuação em defesa do trabalho, mas tem também uma luta muito importante na defesa dos direitos humanos, na defesa da igualdade, igualdade de gêneros, igualdade de raças, e de todos os direitos que estão sendo tão atacados atualmente.
“Por isso a nossa chapa teve o nome de ‘Jornalistas de Minas, em defesa da categoria, da democracia e dos direitos humanos’, porque a gente está aqui para somar todos esses importantes espaços de atuação e fortalecer a nossa categoria cada vez mais”, enfatizou Lina. “Para isso a gente precisa de você, jornalista, que você se aproprie desse espaço que é nosso, e se sindicalize.”
A cerimônia terminou com a leitura dos nomes de todos os integrantes da nova Diretoria, cada um deles acompanhado de um verso de um poeta ou uma frase inspiradora, para estimular a reflexão: Alessandra Mello, Lina Rocha, Amélia Gomes, Artênius Daniel, Brenda Marques, Breno Araújo, Bruno Mateus, Carlos Magno, Diego Franco David, Edilene Lopes, Eduardo Motta (licenciado), Esley Antunes, Iraê Torido, Ivan Drummond, Jalmelice Luz, Joana Suarez, Joana Tavares, João Sampaio, Letícia França, Marcelo Freitas, Maura Eustáquia, Nilmar Lage, Rafael Werkema, Rogério Hilário e Solange Barros.
[18/6/20]