GIJN cria guia para jornalistas mulheres

0
28

A GIJN (Rede Global de Jornalismo Investigativo, na sigla em inglês) reuniu recursos para ajudar mulheres ao redor do mundo a encontrar redes, recursos e ferramentas para lidar com problemas como assédio virtual, discriminação no local de trabalho e violência de gênero, além de facilitar o acesso a oportunidades específicas para mulheres jornalistas.

Os tópicos da curadoria de recursos para mulheres são:

Redes (Internacionais e regionais)
Segurança
Discriminação e assédio
Mentoria
Bolsas e subsídios
Prêmios
Mulheres especialistas
Jornalismo Investigativo

Redes Internacionais

Redes de profissionais podem ser uma ótima fonte de suporte, mentoria, colaboração e contatos. Em uma indústria dominada por homens, como o jornalismo investigativo, pode ser útil contatar mulheres para apoio e troca de experiência. Por isso nós criamos uma lista de redes globais e regionais específicas para mulheres ao redor do mundo.

A International Women’s Media Foundation (IWMF, sigla em inglês) baseada em Washington foi fundada em 1990 e hoje oferece bolsas e treinamentos, diferentes prêmios e viagens de reportagem para mulheres jornalistas do mundo todo, com foco em histórias sub-reportadas. A Fundação tem ainda um fundo de emergência e apoia treinamentos de segurança.

A Internacional Association of Women in Radio & Television é uma organização global para mulheres que trabalham na TV ou em mídias eletrônicas, com filiais no Afeganistão, Camarões, Iraque-Curdistão, Moldávia, Noruega, África do Sul, Uganda, Camboja, Índia, Quênia, Nepal, as Filipinas, a Tanzânia e os Estados Unidos. A Associação apoia projetos focados em mulheres e mídia, organiza conferências e oferece treinamento profissional.

Media Moms é um grupo de Facebook fechado com mais de 500 mulheres que conciliam o jornalismo e a maternidade, trabalhando em redações, em faculdades ou em outros negócios ligados à mídia. A missão do grupo: “Nós enfrentamos desafios específicos tentando conciliar prazos e a vida dentro de casa. Esse é um espaço de suporte para compartilhar histórias, problemas, soluções e abraços virtuais.”

Redes na América Latina

Fundada em 2013, a Chicas Poderosas tem filiais em 13 países da América Latina e na Espanha e organiza oficinas de jornalismo investigativo, hackathons, treinamentos de liderança para mulheres, workshops de jornalismo digital e facilita mentorias. O New Ventures Lab, que pertence à organização, oferece consultoria e patrocínio para veículos independentes liderados por mulheres.

Fundada em 2017, a Coalition for Women in Journalism tem como objetivo promover a “cooperação entre mulheres ao redor do mundo”, oferecendo recursos, eventos, advocacy e mentoria de jornalistas experientes. A organização tem uma filial no México.

Segurança

A segurança preocupa todos os jornalistas, mas mulheres enfrentam mais ameaças com violência de gênero, assédio, discriminação no local de trabalho e no exercício da profissão, além de ataques virtuais desproporcionais em comparação com homens. Abaixo estão alguns recursos para melhorar a segurança das mulheres na mídia.

A Internacional Association of Women in Radio & Television publicou um livro de bolso sobre segurança de jornalistas mulheres. Esse guia de 95 páginas é voltado para repórteres em zona de conflito e tem sessões sobre avaliação de risco, assédio virtual e segurança de viagem.

A IWMF criou um fundo de emergência para auxiliar mulheres jornalistas com despesas médicas e legais, assim como custos de mudança e realocação.

A GIJN compilou em uma página guias de segurança e organizações que oferecem ajuda a jornalistas em perigo, com assistência médica, jurídica e cobertura de custos de mudança para um local seguro.

O European Centre for Press & Media Freedom (ECPMF) lançou um centro de alerta onde jornalistas mulheres podem reportar ataques por meio de mensagens criptografadas e pedir ajuda. Os pedidos são recebidos por mulheres da equipe do ECPMF e os relatos são confidenciais.

A International Federation of Journalists (IFJ) em conjunto com a International Labour Organization está trabalhando em uma campanha para o fim da violência contra jornalistas mulheres. O projeto inclui kits de ferramentas, publicações e links para políticas relevantes. A IFJ fornece apoio e recursos para solucionar os problemas e pressionar os governos locais por mudanças significativas.

Agora sabemos que o autocuidado pode ser tão importante para a segurança e o bem-estar quanto medidas de segurança. Para minimizar a síndrome de burnout, mitigar o trauma e aumentar seu foco, confira esses vídeos de yoga da IWMF com treinos pensados especificamente para mulheres jornalistas.

Troll-Busters.com é uma campanha global que oferece “controle online de pragas para jornalistas”, com foco em mulheres e especializada em identificação, mitigação e relato de ameaças e assédio virtual. Eles também têm recursos e treinamento específicos para mulheres jornalistas.

A PEN America lançou recentemente um Manual de Campo de Assédio Virtual com ferramentas e dicas práticas para se defender contra o ódio e o assédio virtual. A PEN descreve o manual como “uma central de aconselhamento, orientação e recursos sobre cyber-stalking, doxing (prática de divulgação de dados privados), discurso de ódio e outras formas de assédio digital”.

A campanha Byte Back foi lançada em 2016 pela IFJ e organizações parceiras na região da Ásia-Pacífico para impedir o cyberbullying e o assédio online de mulheres jornalistas. A campanha oferece recursos, táticas e suporte para combater o assédio virtual.

A linha direta de segurança digital da Access Now trabalha com indivíduos e organizações em todo o mundo, gratuitamente. Eles podem ajudar a melhorar as práticas de segurança digital e fornecer assistência emergencial de resposta rápida em duas horas em inglês, espanhol, francês, alemão, português, russo, filipino, árabe e italiano.

A Alerta Machitroll é uma campanha em língua espanhola da Colômbia, lançada pela Fundación Karisma em 2015 para combater a violência contra as mulheres no ambiente digital. O grupo fornece um Alert Generator e estratégias de auto-ajuda para combater o assédio online com humor.

O centro de recursos da Crash Override Network lista ferramentas, guias e serviços úteis sobre diversos tipos de assédio virtual, incluindo vazamento de imagens íntimas e não consensuais e proteção de dados pessoais, senhas e dispositivos.

Take Back the Tech é uma campanha colaborativa global destinada a assumir o controle da tecnologia para acabar com a violência contra as mulheres. Eles fornecem assistência a vítimas de assédio relacionado à tecnologia, kits de ferramentas de segurança digital para dispositivos e recursos para direitos, autocuidado e estratégias de sobrevivência. Eles também apoiam e ajudam a lançar campanhas locais.

Discriminação e assédio

Discriminação e assédio no local de trabalho são problemas comuns que afetam muitas indústrias, incluindo o jornalismo. De acordo com um relatório recente do Council on Foreign Relations, 18 países ainda exigem que as mulheres tenham a permissão do marido para trabalhar, 59 não oferecem proteção legal contra o assédio sexual no local de trabalho e restringem os tipos de empregos que as mulheres podem ter. A discriminação salarial é global. Abaixo estão alguns recursos disponíveis atualmente para ajudar a abordar a discriminação de gênero e o assédio sexual no local de trabalho.

A Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji) realizou pesquisas sobre os desafios enfrentados pelas mulheres no setor. Com base nos resultados, o “Mulheres no Jornalismo Brasileiro” lista recomendações para os meios de comunicação do Brasil para abordar o assédio, discriminação e violência baseados em gênero. Em 2018, 50 jornalistas brasileiras também divulgaram um manifesto em vídeo contra o assédio sexual e a discriminação usando a hashtag #DeixaElaTrabalhar no Facebook e no Twitter.

O Digital Women Leaders oferece às mulheres jornalistas um treinamento individual gratuito por 30 minutos, inclusive sobre questões como discriminação no trabalho, assédio e diferenças salariais.

Mentoria

Mentores têm experiência e conhecimento que podem ajudá-lo com diversas questões, incluindo avançar com um projeto, negociar um salário justo, ou navegar em um ambiente de trabalho insalubre ou um relacionamento difícil com um colega. Pode levar algum tempo para encontrar a pessoa certa, mas vários recursos estão disponíveis especificamente para mulheres jornalistas.

O Digital Women Leaders oferece às mulheres jornalistas um treinamento individual gratuito de 30 minutos. A maioria das treinadoras listadas trabalha nos EUA, mas mulheres que residem em outros países também estão disponíveis. Ainda assim, algumas questões – como a discriminação no local de trabalho e a disparidade salarial – são universais.

O Simpósio de Jornalismo e Mulheres, com sede nos EUA, tem um programa de orientação para membros durante todo o ano (taxas de participação aqui). Os mentores são selecionados com base nas necessidades e localização, e é possível escolher seu próprio horário e modo de comunicação. O programa fornece suporte em tópicos como coaching de carreira, redação de currículo, entrevistas de emprego, gerenciamento e liderança, solicitação de aumento e muito mais.

A Coalition for Women in Journalism oferece orientação de jornalistas experientes no México, na América Latina e na Ásia.

A Chicas Poderosas tem filiais em 13 países e organiza oficinas de jornalismo investigativo e hackathons; treina mulheres em liderança, habilidades digitais e novas mídias; e facilita a orientação e bolsas de estudo.

Bolsas e subsídios

Abaixo está uma lista de bolsas e bolsas de estudo destinadas para pessoas que se identificam como mulheres e para histórias sobre mulheres. Para uma lista geral de subsídios e bolsas disponíveis para homens e mulheres, visite o site.

A International Women’s Media Foundation tem uma série de subsídios para mulheres jornalistas em todo o mundo, com prazos variados ao longo do ano. Entre eles estão o Women’s Health Reporting sobre saúde reprodutiva, direitos e justiça nas Américas, em parceria com o Centro de Igualdade da Mulher; Reporting Grants for Women’s Stories para cobertura sobre tópicos de gênero pouco abordados, em parceria com a The Secular Society; e o Kim Wall Memorial Fund para relatar subculturas, em parceria com a família Wall. A IWMF também administra o Fundo Howard G. Buffett para Mulheres Jornalistas, que apoia projetos que incluem oportunidades educacionais, reportagens investigativas e iniciativas de desenvolvimento de mídia.

O Jamal Khashoggi Award for Courageous Journalism é um novo conjunto de subsídios patrocinados pelo Fundo Inti Raymi, uma fundação familiar sediada em Austin, Texas. Subsídios de até US$ 5 mil estão disponíveis para cobrir despesas de reportagem de projetos investigativos de jornalistas e escritores com menos de 35 anos sobre temas relacionados a violações de direitos humanos, direitos das mulheres, tráfico humano e sexual, corrupção e abuso de poder e impacto na mudança climática.

A Chicas Poderosas tem filiais em 13 países e organiza oficinas de jornalismo investigativo e hackathons; treina mulheres em liderança, habilidades digitais e novas mídias; e facilita a orientação e bolsas de estudo.

A Foreign Policy Interrupted oferece um programa de bolsas para mulheres na arena da política externa. O programa se concentra na construção de habilidades de mídia e branding através de um módulo educacional on-line e conexões editoriais. O programa está aberto a mulheres de todo o mundo.

Prêmios para mulheres

Prêmios podem ser uma ótima maneira de ser reconhecido e ter seu trabalho destacado. Para um diretório geral de prêmios globais e regionais abertos a inscrições internacionais, confira a página de recursos do GIJN para dezenas de oportunidades. Abaixo estão os prêmios disponíveis apenas para pessoas que se identificam como mulheres.

A IWMF patrocina o Courage in Journalism Awards, que homenageia mulheres jornalistas que enfrentam perigo para descobrir a verdade e elevar o padrão para reportagens sob ameaça ou coação. Os prêmios estão abertos a mulheres jornalistas em todo o mundo e é possível indicar pessoas.

O Lifetime Achievement Award da IWMF homenageia mulheres líderes pioneiras que demonstraram uma força extraordinária e um compromisso com a liberdade de imprensa e com o avanço das vozes das mulheres em todo o mundo. Jornalistas aposentadas também podem se candidatar.

Encontrando mulheres especialistas

Especialistas mulheres são sub-representadas na mídia em todo o mundo, como muitos estudos mostram. Trabalhar para incluir um equilíbrio de especialistas masculinos e femininos poderia ajudar a mudar o atual paradigma. A GIJN compilou um guia de recursos para serviços com bancos de dados funcionais e confiáveis, usados por jornalistas que buscam especialistas. Aqui estão alguns outros lugares onde você pode procurar fontes femininas:

O Think Olga criou o projeto Entreviste uma Mulher, que consiste em um banco de dados com nomes de mulheres especialistas em diversas áreas, disponíveis para serem entrevistadas por jornalistas e produtores de conteúdo.

A plataforma Request a Woman Scientist, patrocinada por 500 mulheres cientistas, ajuda os jornalistas a se conectarem com uma extensa rede multidisciplinar de mulheres examinadas em ciências para especialização no assunto, colaboração de projetos, conferências e painéis.

A SheSource da Women’s Media Center é um banco de dados de mais de mil especialistas do sexo feminino em diversos tópicos em todo o mundo. É possível pesquisá-las pelo nome, por palavra-chave e área de especialização. Fonte de biografia e fotos são fornecidas, e os especialistas podem ser contatados através de um formulário no site.

O Women’s Room é um banco de dados global com base no Reino Unido de especialistas mulheres projetado para uso por jornalistas credenciados. Você pode pesquisar por especialização, palavra-chave e região geográfica. Há também um fórum de discussão para chats sobre tópicos relevantes.

Foreign Policy Interrupted, lançada para destacar e ampliar as vozes das mulheres na política externa, tem uma lista de especialistas neste tema do mundo todo. classificadas por área de interesse. O FPI também fornece ferramentas e treinamento para mulheres especialistas.

Este diretório aberto lista 257 mulheres especialistas no Japão e na Coréia e outras listas 495 mulheres especialistas em Hong Kong, Macau, China e Taiwan.

Women Make the News/Tailândia é uma base de dados de mulheres especialistas tailandesas, projetada para jornalistas. Você pode pesquisar por setor, conhecimento, tema, localização e palavras-chave.

A Brookings Institution, um centro de estudos sobre política com sede em Washington, compilou na lista Women +Sourcelist de mais de 600 especialistas norte-americanos em políticas de tecnologia de gêneros sub-representados.

Women Also Know Stuff tem um diretório de estudiosos, organizado pela área de pesquisa e países ao redor do mundo.

Women for Media é um banco de dados de mais de 200 especialistas e líderes mulheres na Austrália, pesquisável por nome ou palavra-chave.

ExpertWomen é um banco de dados de mulheres especialistas no Canadá, pesquisável por palavra-chave e com informações para contato.

Jornalismo investigativo sobre mulheres

Na 10ª Conferência Global de Jornalismo Investigativo da GIJN, mulheres compartilharam dicas de sucesso no jornalismo investigativo, tradicionalmente dominado por homens.

Na Índia, jornalistas lançaram um jornal rural voltado para mulheres, que agora é um fenômeno nacional.

No México, as mulheres são destaque no jornalismo investigativo: foram vencedoras do Prêmio Pulitzer e homenageadas do Harvard Nieman Fellows.

No Brasil, mulheres jornalistas lançaram o projeto #UmaPorUma para contar as histórias de mulheres assassinadas em Pernambuco.

Nos Estados Unidos, as mulheres lideram a era de ouro do jornalismo investigativo – uma discussão da série de conversas #WomenWhoDare de 2018.

De autoria de duas professoras americanas, o livro “Data Feminism” examina como o pensamento feminista “pode ser aplicado ao campo da ciência e comunicação de dados”. O manuscrito, que está atualmente aberto à revisão por pares (peer review) e comentários, tem muitos exemplos de jornalismo de dados e utiliza informações “para desafiar desigualdades estruturais e desequilíbrios de poder de vários tipos”. O livro deve ser lançado em 2020.

O vídeo do painel “Por que precisamos de jornalismo investigativo feminista”, moderado por editores de 50.50, mídia independente do Open Democracy que cobre gênero, sexualidade e justiça social em todo o mundo, está disponível aqui. 50,50 recentemente lançou um projeto investigativo chamado Tracking the Backlash, que acompanha redes de grupos conservadores e fundamentalistas contra os direitos sexuais e reprodutivos.

O Refuge Woman é um projeto do The Bureau of Investigative Journalism, do Reino Unido, que aborda a violência doméstica em uma reportagem investigativa.

Este texto foi adaptado. Clique aqui para ler o texto com links na página da Abraji. Cliquei aqui para ler a versão original em inglês.

(Publicado pela Abraji.)

 

#LutaJornalista

#SindicalizaJornalista

[21/3/19]

LEAVE A REPLY

Please enter your comment!
Please enter your name here