‘As ideias de Marielle são à prova de bala’, dizem mulheres reunidas na Casa do Jornalista

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Coletivos, entidades e instituições de defesa das mulheres reunidos na Casa do Jornalista na tarde desta quinta-feira 15/3 formaram o coletivo Somos Todas Marielle, que vai se reunir todo dia 14 de cada mês, data do assassinato da vereadora carioca Marielle Franco. O coletivo vai acompanhar as investigações sobre o crime e discutir a agenda das mulheres que foi o eixo da atuação política da vereadora.

O ato, convocado em homenagem à vereadora, aconteceu em clima de muita emoção. A opinião unânime das mulheres que se manifestaram é que a execução de Marielle foi uma tentativa de calar a voz das mulheres na política, em especial das mulheres negras, pobres e lésbicas, uma tentativa de calar uma voz que criticava a intervenção militar no Rio de Janeiro e o golpe de 2016, e que se opunha à violência do Estado contra as populações pobres trabalhadoras.

Nas palavras de uma das presentes: “Marielle foi morta porque era uma mulher negra na política denunciando o estado de exceção em que estamos vivendo”. “O que estão nos dizendo, com a execução da Marielle, é que a política não é lugar para a mulher, para a negra, para a lésbica.”

“Marielle teve a ousadia de organizar a comunidade da Maré para resistir. A resposta à sua execução é organizar e resistir”, afirmou outra das presentes.

A presidenta estadual do PSOL, partido da vereadora Marielle, disse que o crime é motivo de duas reflexões importantes: uma, sobre a militarização da vida cotidiana brasileira, que tem semelhança com a situação da Palestina, que horroriza o mundo; outra, sobre a política de guerra às drogas, na qual jovens negros e pobres são exterminados, enquanto os donos de helicópteros permanecem soltos.

A presidenta do Sindicato dos Jornalistas, Alessandra Mello, ressaltou que o assassinato de Marielle não é um fato isolado na situação política brasileira. “O golpe está recrudescendo. Ontem foi a Marielle, amanhã pode ser uma de nós. É importante estarmos juntas, como estamos neste ato em homenagem à Marielle”, disse.

Os assassinatos de Marielle Franco e do seu motorista, Ânderson Pedro Gomes, foram comparados a dois outros crimes políticos ocorridos no Brasil, durante a ditadura: o assassinado do secundarista Edson Luís, pela PM, também no Rio, há exatos 50 anos, e o assassinato do jornalista Vladimir Herzog, sob torturas, em São Paulo, em 1975.

“Marielle é um exemplo de luta. Sua morte afeta a todas nós, é um aviso de que a discussão de ideias será combatida à bala. Mas as ideias da Marielle são à prova de bala. Somos muitas Marielles”, disse uma estudante.

(Foto: Maíra Cabral / Mídia Ninja.)

[15/3/18]

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