Quem mandou matar Rodrigo Neto e Walgney de Carvalho?

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POR BOB FERNANDES, NO PROGRAMA TIM LOPES, DA ABRAJI.

Rodrigo Neto

Rodrigo Neto de Faria era jornalista. Seu sonho era ser delegado de polícia. Um policial civil, Lúcio Lírio Leal, 22 anos, foi cúmplice no assassinato de Rodrigo Neto.

Final da noite de 8 de março de 2013. Lúcio Lírio Leal passa em frente ao local por todos chamado “Churrasquinho do Baiano”; ainda que o letreiro indique “Baiano do Churrasquinho”.

Lúcio Lírio dirige lentamente uma caminhonete clonada, fruto de um latrocínio no Espírito Santo.

Rodrigo Neto está entrando no seu carro quando Alessandro Neves Augusto, o “Pitote”, 35 anos, amigo do policial Lúcio Lírio, se aproxima. E da garupa da moto dispara três vezes, na cabeça e tórax.

Cinco minutos antes do homicídio, câmeras de vigilância de ruas, lojas e igrejas no Bairro Cannaã flagram a ronda do policial Lúcio Lírio.

Na fuga em uma moto, “Pitote” e alguém, ainda hoje não identificado, usam a mesma rota percorrida por Lúcio Lírio.

Rodrigo Neto era radialista na Rádio Vanguarda 1170.0 AM, de Ipatinga, município no coração do Vale do Aço, a 210 quilômetros de Belo Horizonte.

No quadro “O que o tempo não apagou”, no “Plantão Policial” da Vanguarda, Rodrigo Neto voltava a crimes já esquecidos. E cobrava polícias e autoridades pela falta de respostas sobre autoria das ações do crime organizado em Ipatinga e região do Vale do Aço.

Uma semana antes de ser assassinado o repórter e radialista voltara a trabalhar também para o hoje extinto Jornal Vale do Aço. Rodrigo pretendia seguir investigando e revelando mortes com suspeitas de participação de grupos de matadores.

Nas horas vagas Rodrigo Neto, casado, pai de um filho então com sete anos, estudava para concurso de delegado.

E para os próximos dizia: em breve publicaria nomes de integrantes de uma organização criminosa atuante em Ipatinga e municípios do Vale do Aço.

Trinta e sete dias depois do assassinato de Rodrigo, em 14 de abril do mesmo 2013, o mesmo “Pitote” mataria a tiros o fotógrafo Walgney Assis de Carvalho, 43 anos.

Walgney de Carvalho | Reprodução internet

O fotógrafo estava em um pesque-pague em Coronel Fabriciano, vizinha a Ipatinga. Novamente numa moto, “Pitote” se aproximou do amigo Walgney Carvalho e… atirou.

Walgney fotografava cenas de crimes e eram conhecidas suas relações pessoais e profissionais com policiais e peritos.

As fotos de Rodrigo Neto morto entregues à perícia da Polícia de Ipatinga foram feitas por Walgney. Assassinado pelo mesmo “Pitote” e também com três tiros. Também à queima-roupa.

Em 19 de agosto de 2015, dois anos e cinco meses depois do crime, acusado pela execução de Rodrigo Neto, Alessandro Neves, o “Pitote”, foi condenado a 16 anos de prisão. Acusado de coautoria, Lúcio Lírio Leal pegou 12 anos.

A investigação se deu, e foi adiante, por um conjunto de pressões.

Em Ipatinga e região colegas de Rodrigo Neto organizaram passeatas, cobraram e deram continuidade a algumas das investigações que Rodrigo fazia. E em Belo Horizonte o Sindicato dos Jornalistas de Minas Gerais agiu. Pressionou, não deixou o assunto esfriar.

Um comitê de jornalistas produziu dossiês sobre diversos assassinatos não elucidados na região e entregou ao então governador, Antonio Anastasia (PSDB). E cuidou de municiar rádios e jornais com informações sobre o caso.

Na Assembleia Legislativa, à época à frente da Comissão de Direitos Humanos, o deputado Durval Angelo (PT) cobrou investigação profunda.

Então ministra dos Direitos Humanos, a deputada Maria do Rosário (PT-RS) foi a Ipatinga numa audiência para acompanhar de perto o inquérito e investigações.

O governador Anastasia determinou a criação de uma Força-Tarefa. Chefiada pelo delegado Emerson Crispim de Morais, do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) de Belo Horizonte.

Força-Tarefa com quatro delegados, seis escrivães e 20 investigadores de polícia.

Clique aqui e leia a reportagem completa no saite do Programa Tim Lopes, da Associação Brasil de Jornalismo Investigativo — Abraji.

[26/10/17]

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