O Sindicato dos Jornalistas Profissionais de Minas Gerais vem a público manifestar sua solidariedade aos jornalistas do Diário do Centro do Mundo censurados pela Justiça a pedido do senador Zezé Perrella (PMDB). A decisão liminar impede que o DCM use em suas matérias a palavra pela qual ficou conhecido o helicóptero da família do senador apreendido pela Polícia Federal em 2013 com 445 quilos de cocaína: helicoca.
Trata-se de uma restrição à liberdade de imprensa sem precedentes. Termos de uso popular como helicoca são empregado pela imprensa de forma corriqueira sem que nunca antes se tenha tentado censurá-los. Causa surpresa igualmente que somente o DCM seja alvo da censura.
Quatro anos depois da apreensão, o episódio do helicoca continua obscuro. Se alguma luz foi lançada sobre o assunto, se a sociedade pôde conhecer um pouco sobre dois dos seus representantes no Legislativo – o senador e seu filho, o ex-deputado estadual Gustavo Perrella –, e sobre a história do helicoca, foi graças ao trabalho dos jornalistas, entre eles os do DCM.
Em maio deste ano, o assunto voltou à imprensa na voz do próprio senador. Em conversa com o também senador mineiro Aécio Neves (PSDB), gravada e divulgada pela Polícia Federal, e publicada também amplamente, Perrella diz: “Eu sou muito agredido até hoje por causa do negócio do helicóptero, sabe, Aécio? Eu não faço nada de errado, só trafico drogas”.
Há uma clara inversão de direitos quando a punição para fatos tão graves recai sobre jornalistas.
SINDICATO DOS JORNALISTAS PROFISSIONAIS DE MINAS GERAIS
29/8/17