Agressão a equipe da EPTV em Varginha: decisão da Câmara de Vereadores é um incentivo à impunidade

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O Sindicato dos Jornalistas Profissionais de Minas Gerais manifesta sua indignação diante da decisão da Câmara Municipal de Varginha que concluiu não ser possível afirmar se houve quebra de decoro parlamentar do vereador Marquinho da Cooperativa (PRB) ao agredir e ameaçar uma equipe da EPTV que fazia uma reportagem, no dia 4 de agosto. A decisão dos vereadores, anunciada nesta quarta 23/8, é uma afronta aos fatos, uma posição claramente corporativista e um incentivo à impunidade.

A sindicância da Câmara foi encerrada sem que as vítimas – a repórter Andreia Marques e o cinegrafista Tarciso Silva – fossem ouvidas.

As agressões e ameaças foram gravadas e levadas ao ar pela emissora. A gravação, requisitada pela Câmara, pôde ser revista pelos vereadores. O próprio vereador reconheceu a violência e pediu desculpa, em entrevista à EPTV. As violências e intimidações ao trabalho dos jornalistas são evidentes. O vereador chutou o cinegrafista – que se submeteu a exame de corpo de delito – e ameaçou a repórter (“Você sabe com quem está falando? Aqui nós já matou uns três”). O que mais é preciso para se confirmar a falta de decoro?

Em entrevista coletiva e nota oficial, a comissão formada pelos vereadores Zacarias Abrão Piva (PP), presidente da Câmara, e Celso Ávila Prado (PSB) recorreu a um decreto-lei da ditadura militar para justificar sua inoperância. Segundo a comissão – que em 19 dias produziu um documento com mais de 300 páginas –, a apuração deverá obedecer ao Decreto Lei 201 de 1967 e só poderá ser feita se um eleitor a solicitar por escrito. Nesse caso uma nova comissão será formada. Para que então foi feita a sindicância?

Outra pergunta fica no ar: a comissão ouviu o vereador? Ouviu o agressor, sem ouvir os agredidos?

O decoro que se exige de um agente público não se limita ao plenário. É uma obrigação do vereador honrar o mandato que exerce em todos os ambientes que frequenta. O episódio configura não só a falta grave de decoro, mas também a falta igualmente grave de cerceamento do trabalho da imprensa.

O Sindicato se solidariza mais uma vez aos jornalistas agredidos e informa que vai estudar medidas jurídicas contra a agressão e a impunidade. Impunidade que, espera, não deve se repetir na justiça, onde o vereador já responde a processo.

Basta de violência contra jornalistas! Basta de impunidade!

(Foto: imagem da EPTV.)

[23/8/17]

 

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