Jornalistas no genocídio: 30 de junho de 2025

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Gaza - Despedida e funeral no Hospital Nasser em Khan Yunis depois que as forças de ocupação israelenses abriram fogo contra cidadãos em um ponto de distribuição de ajuda em Rafah. Foto: Agência WAFA

Jornalista que perdeu ao menos 56 familiares em Gaza parou de contar os mortos

O Peão da Notícia desta semana destaca essa e outras notícias que interessam aos jornalistas

Anderson Pereira – Diretor do SJPMG

O genocídio em Gaza parece não ter fim. O jornalista Ramzy Baroud – descendente e refugiado palestino – contou, durante entrevista ao Podcast Pauta Pública, da Agência Pública, ter parado de contabilizar a morte de seus familiares após a perda de 56 pessoas, incluindo sua irmã, uma médica assassinada por um drone israelense enquanto tentava salvar vidas. “Ela morreu em um massacre, depois de ver corpos mutilados implorando ajuda. Na última ligação que fez, me disse que seu corpo estava ali, mas seu espírito tinha morrido.” A entrevista pode ser ouvida no site agenciapublica.org.

Fontes médicas informaram à Agência de Notícias Palestina WAFA que, desde o início da guerra entre Israel e o grupo Hamas, 56.531 pessoas morreram em Gaza e 133.642 estão feridas. 

A organização Médicos Sem Fronteiras informa também que 94% dos hospitais da região foram destruídos pelos bombardeios israelenses.

Pela paz na Palestina

A Câmara dos Deputados vai realizar no dia 2 de julho, às 11 horas, no Plenário Ulysses Guimarães, em Brasília, sessão solene para debater a Nakba – termo árabe para catástrofe. O evento é uma iniciativa do deputado federal Padre João (PT-MG) e reunirá parlamentares, especialistas, lideranças palestinas e movimentos sociais. 

A Nakba refere-se ao processo de limpeza étnica que se seguiu à Resolução 181 da Organização das Nações Unidas (ONU), em 1947, que partilhou a Palestina histórica, destinando 56% do território a um Estado judeu, apesar da população palestina majoritária. Em 14 de maio de 1948, a fundação de Israel consolidou a ocupação, ampliando-a para 78% do território palestino após a guerra de 1948-49.

Hoje, mais de 5 milhões de refugiados palestinos vivem em campos precários em países vizinhos e no exterior, enquanto Israel segue expandido assentamentos ilegais, violando sistematicamente o Direito Internacional e as resoluções da ONU. 

Opinião x Fatos 

“Entender o que está acontecendo no Oriente Médio tornou-se uma tarefa quase impossível se formos tomar como base a informação transmitida pela imprensa brasileira convencional”, disse o professor de jornalismo online da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), Carlos Castilho, durante entrevista à Agência Pulsar Brasil. O pesquisador afirma que “temos mais versões e opiniões do que fatos e dados. E com esse tipo de insumo informativo podemos apenas ter percepções enviesadas do que acontece em Tel Aviv (Israel), Gaza (Palestina), Beirute (Líbano) e Teerã (Irã)”.

Para superar essa cobertura tendenciosa da mídia comercial, é preciso ir além das fontes oficiais e ouvir também pesquisadores independentes, organizações da sociedade civil e pessoas que vivem os efeitos da guerra. 

Como ressalta a Agência, “conflitos armados são, também, batalhas simbólicas e de narrativas. O que aumenta a responsabilidade do jornalismo, para que ele vá além da cobertura factual e ajude na construção de pontes entre realidades distintas, amplie a perspectiva do público e proteja a dignidade das pessoas envolvidas”.

A notícia

Lançado em 2023, o livro “A notícia hoje” chega em boa hora. Organizado pelas pesquisadoras Liliane de Lucena, Adriana Pierre Coca e Dora Santos Silva, o livro, da Ria Editorial, trata da transformação dos meios midiáticos e da necessidade de uma compreensão do jornalismo contemporâneo. 

O livro ainda conta com o trabalho da professora de jornalismo, de Belo Horizonte, Cândida Emília Borges Lemos. A pesquisadora avaliou a cobertura da mídia impressa, após a tentativa de golpe de Estado no Brasil em 8 de janeiro de 2023.  

Foram analisadas as primeiras páginas dos seguintes jornais: os brasileiros O Globo, Folha de S. Paulo e Correio Braziliense; o espanhol El País; o britânico The Guardian e o estadunidense The Washington Post.

A leitura de “A notícia hoje” é fundamental para jornalistas, estudantes de jornalismo e todos que se interessam pelo tema da comunicação.

Plebiscito 

Começa amanhã (1º de julho) e termina no dia 7 de setembro o Plebiscito Popular sobre a redução da jornada de trabalho, fim da escala 6×1, taxação dos ricos e a isenção dos mais pobres. Nesse período, os brasileiros responderão a duas perguntas: 

1 – Você é a favor da redução da jornada de trabalho, sem redução salarial, e do fim da escala 6×1?

2 – Você é a favor de que quem ganhe mais de R$ 50 mil pague mais imposto para compensar a isenção de Imposto de Renda (IR) para quem recebe até R$ 5 mil?

A participação na votação é voluntária e as urnas serão colocadas em locais públicos, de trabalho, estudos, lazer e igrejas. A organização do plebiscito informa que “a outra forma de participar é digital, mas também presencial. Neste formato, a pessoa poderá votar acessando um link via QR Code vinculado a cada urna de votação, que direcionará a pessoa ao sistema de votação.”

Essa é uma iniciativa de movimentos populares, centrais sindicais, movimentos das juventudes, artistas, entidades de fé e partidos progressistas.

Os resultados do plebiscito serão entregues ao presidente Lula, ao Supremo Tribunal Federal (STF) e ao Congresso Nacional.

Mais informações, acesse plebiscitopopular.org.br

Vida além do trabalho

De acordo com o Movimento Vida Além do Trabalho (VAT), a redução da jornada de trabalho tem como objetivo melhorar a vida dos trabalhadores, com mais tempo para o lazer, os estudos e a família. Além disso, segundo especialistas, essa mudança pode gerar mais empregos, aumentar a produtividade e melhorar a saúde da classe trabalhadora.

A proposta tramita no Congresso Nacional e acaba com a chamada escala 6×1, que consiste em seis dias de trabalho para apenas um de descanso. E institui a escala 4×3. Na prática, reduz a jornada semanal das atuais 44 para 36 horas. 

Em alguns países da Europa – como Inglaterra, Alemanha e Bélgica – a redução da jornada de trabalho já é uma realidade.

Isenção do Imposto de Renda

Em março deste ano, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) enviou ao Congresso Nacional o projeto de lei para ampliar a faixa de isenção do Imposto de Renda de Pessoa Física (IRPF).

Caso seja aprovado no Legislativo, quem ganha até 5 mil por mês não vai mais pagar IR. Hoje, a faixa de isenção vai até R$ 2.259,20. Além disso, o texto prevê desconto parcial para quem ganha entre R$ 5 mil e R$ 7 mil.

Segundo o governo, essa isenção fiscal vai gerar um impacto estimado em R$ 27 bilhões. Para compensar esses valores, a proposta do governo é criar uma taxação progressiva a partir de quem ganha R$ 50 mil por mês, que atingirá até 10% para quem recebe mais de R$ 1,2 milhão por ano. 

Desigualdade social

“O Brasil é o país com o maior número de milionários na América Latina e o mais desigual do mundo, segundo um relatório do banco suíço UBS divulgado na quarta-feira (18). Para a elaboração do Relatório Global da Riqueza de 2025 o UBS analisou dados de 56 países, que concentram 92% da riqueza mundial”. A informação foi divulgada pelo Jornal Brasil de Fato. A riqueza avaliada envolve bens e também aplicações financeiras, descontadas as dívidas. 

Peão da notícia

Me perguntam: Por que Peão da Notícia? 

Ainda estudante de jornalismo no Centro Universitário Estácio de Sá, de Belo Horizonte, me lembro de uma fala do professor Jorge Fernando dos Santos: “O jornalista é um peão da notícia”, disse ele para a nossa turma. O ensinamento serve até hoje para afastar qualquer excesso de vaidade. Além do mais, isso significa ter consciência de classe. Jornalista é um trabalhador da notícia!

Cultura

Alceu Valença e Almir Sater se apresentam no 12º Festival do Patrimônio Cultural de Paracatu, no Noroeste de Minas. O animado Alceu sobe ao palco no dia 9 de julho, acompanhado pela Orquestra Sinfônica de Ouro Preto. No dia 10, o violeiro Almir Sater canta os seus sucessos. O evento será realizado no centro histórico do município e tem o patrocínio do Ministério da Cultura, via Lei Rounet. Mais informações, acesse festivalculturaldeparacatu.com.br

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