Mudanças na busca da Google preocupam o setor de jornalismo

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palestrante diante de tela grande ao fundo para apresentação da ia do google. Foto: DEvulgação
palestrante diante de tela grande ao fundo para apresentação da ia do google. Foto: Divulgação


Representantes de jornalistas e de empresários de comunicação temem que nova ferramenta do Google baseada em inteligência artificial é ‘ameaça à sustentabilidade do jornalismo’

O lançamento de novidades do sistema de busca da Google não foi recebido com festas por representantes dos jornalistas e de empresários, do jornalismo brasileiro. A partir das novas atualizações dos sistemas, as pesquisas realizadas pelos usuários vão mostrar respostas geradas pela inteligência artificial generativa no topo da tela. Você, leitor, pede as últimas informações sobre eventos provocados pelas mudanças climáticas e recebe um texto que resume o noticiário.

O anúncio foi feito na terça-feira, 14, durante o Google I/O, evento mais importante no calendário da big tech norte-americana. 

A novidade gera o temor de que sites com conteúdos jornalísticos tenham queda de acessos. Também existem preocupações ligadas à precisão dos resumos feitos pela IA. A presidente da Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj), Samira de Castro, diz que a substituição da busca por sistemas de IA pode “retirar da esfera pública o direito à informação de qualidade”.

Em entrevista publicada pela imprensa brasileira, o presidente-executivo da Associação Nacional de Jornais (ANJ), Marcelo Rech, disse, na quarta-feira, 15, que “as mais graves preocupações da indústria jornalística estão se materializando” e que vê a nova ferramenta da companhia como uma “ameaça à sustentabilidade do jornalismo.”

O novo recurso, chamado de de “AI Overview” (“Resumos de IA”, em português), vai apresentar respostas geradas por inteligência artificial quando os usuários fizerem uma pesquisa no seu buscador. “Ainda que pretenda oferecer secundariamente links para quem deseja saber mais, é uma clara desvalorização das fontes originais que produzem aquele conteúdo”, afirmou Rech. O Google vai apresentar resumos para as respostas dos usuários.

“Ainda que pretenda oferecer secundariamente links para quem deseja saber mais, é uma clara desvalorização das fontes originais que produzem aquele conteúdo”, afirmou Rech. Para o executivo, o impacto sobre a apropriação de direitos alheios tem potencial ainda maior. Mais até do que em outros momentos do passado é mais uma, e talvez a mais séria, ameaça à sustentabilidade do jornalismo. A preocupação inclui a percepção de que ocorre, agora, contradição em relação aos argumentos do próprio Google, de que provê tráfego e receitas para os veículos, a fim de não estabelecer a devida remuneração dos conteúdos jornalísticos usados em sua busca.

Liberação não alcançou o Brasil

O novo sistema foi liberado para os usuários nos Estados Unidos a partir da terça-feira. O objetivo é lançá-lo para mais países “em breve”, mas não existe uma data definida para a chegada ao Brasil. Até o fim do ano, a empresa espera que mais de 1 bilhão de pessoas que usam o buscador recebam as respostas geradas pela IA no topo das pesquisas, acima dos links.

Na realidade, os impactos serão sentidos por todos os produtores de conteúdos, em todos os formatos e tipos. Serão necessárias novas estratégias para alcançar algum tipo de destaque. O fato de que as respostas formuladas pelo próprio Google ocuparão o espaço privilegiado da página de busca — empurrando para baixo os links — tem levantado preocupações entre aqueles que, de fato, produzem o conteúdo que alimenta a ferramenta.

Desde que o Google começou a testar a IA, com o SGE, os produtores de conteúdo preveem que a mudança provocará uma redução no tráfego para outros sites. A lógica é que, ao receber o conteúdo feito pela IA, o usuário não acessaria os sites indicados na busca. Publicações como o The Atlantic e Wall Street Journal destacaram que os editores de notícia poderiam perder entre 20% e 40% do tráfego gerado pelo Google. Para o The Washington Post, o SGE representa uma potencial ameaça à “sobrevivência de milhões de criadores e editores que dependem do serviço para obter tráfego”.

Uma análise da Gartner, publicada no início do ano, prevê que o volume de tráfego nos mecanismos de busca tradicionais deve cair 25% até 2026 com a difusão de sistemas de IA generativa.

O que diz o Google

Em um post em seu blog oficial, o Google argumenta que os resumos gerados com IA dará aos usuários acesso a “uma maior diversidade de sites para obter ajuda com perguntas mais complexas”.
Segundo a empresa, os links incluídos nos resumos têm mais cliques do que quando apresentados no espaço convencional de consulta, segundo experimentos internos.

“À medida que expandimos essa experiência, continuaremos a nos concentrar em enviar tráfego valioso para editores e criadores. Como sempre, os anúncios continuarão a aparecer em espaços dedicados ao longo da página, com rótulos claros para distinguir entre resultados orgânicos e patrocinados”, diz o texto, assinado pela líder do Google Search, Liz Reid.


Com informações de Agência Globo

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