Há 200 anos, em 13 de outubro de 1823, a província de Minas Gerais, ganhava seu primeiro jornal, o Compilador Mineiro, na recém fundada cidade de Ouro Preto.
O jornal era impresso em uma tipografia construída na própria cidade, iniciativa do padre Viegas de Menezes, o proprietário do Compilador. O padre Viegas também realizou a primeira impressão mineira. Em 1807, antes mesmo da vinda da família Real ao Brasil, ele imprimiu um livreto de 16 páginas, contendo um poema em homenagem ao governador da Capitania. Essas e muitas outras histórias são contadas no livro Minas Impressas, do jornalista, professor e artista Jairo Faria Mendes, que será lançado na livraria do cine Belas Artes, nesta quarta, a partir de 18h30.
A obra de Jairo Faria é um livro de “mistérios” e “segredos”. O autor vai às profundezas desse enigmático estado, que como define Drummond “só os mineiros sabem, mas não dizem nem para si mesmos”. Como afirma Jairo Faria, na apresentação do livro: “Isso faz das Minas muito mais do que uma região montanhosa e cheia de histórias. Faz das Minas um lugar no mundo dos sonhos (e dos pesadelos)”.
Os mineiros precisam conhecer a história de sua imprensa, principalmente no momento atual, em que as fake-news proliferam, explica o presidente da Casa de Jornalista, Carlos Barroso. “A leitura desse livro ajuda a revigorar o jornalismo”, afirma.
Para o professor da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Phellipy Jácome, Minas Impressas é uma leitura fundamental para quem estuda a história do jornalismo e muito interessante para todas as pessoas. “O livro possui o enorme mérito de recopilação de dados históricos fundamentais (que de outra maneira seguiriam dispersos), bem como de narrativas que dão a ver a pujança dos ‘burburinhos’ jornalísticos na região de Minas Gerais”, comenta.
Dois séculos de jornalismo
Em Minas Impressas, é contada a história da imprensa das Minas Gerais desde a participação dos mineiros na imprensa portuguesa no período colonial. Poucas pessoas sabem que os mineiros tinham destaque em Portugal nos projetos editoriais e na circulação de ideias. É o caso de Frei Veloso, primo do mártir Tiradentes, que, dentre muitas coisas, criou uma revista científica em Lisboa em 1796 e foi o fundador da Oficina do Arco do Cego, um dos principais projetos editoriais portugueses.
Depois o livro descreve o desenvolvimento dos jornais mineiros. Eles inicialmente vão se concentrar em Ouro Preto, mas, com as mudanças econômicas que a província passava, as publicações também ganham importância em outras regiões. A partir de 1875, Juiz de Fora toma o lugar como centro da imprensa mineira, posto que só iria perder, próximo a 1830, com o surgimento de importantes jornais na nova capital, Belo Horizonte.
Jairo Faria Mendes, é professor do curso de Jornalismo da Universidade Federal de São João del-Rei (UFSJ) e autor de diversas obras sobre comunicação como O Ombudsman e o Leitor (2001), além de livros de literatura como Ovo do Mineirim (2011), Livro de Bolso (livro-objeto, 2014) e Cidadezinha Biruta (infantil, 2019). Também realizou inúmeras exposições de poesia-visual.