Ao 71 anos, faleceu nesta terça, em Brasília, o jornalista mineiro Leonel da Mata. Ele estava internado desde a última sexta-feira com pneumonia, mas nos últimos dias seu estado de saúde se agravou.
Leonel da Mata fez carreira no jornalismo e também como empresário dono da rede de restaurantes Peixe na Rede, que administrava com a esposa, Maria Luíza da Mata, em Brasília. O jornalista deixa três filhos e uma neta. O sepultamento será nesta quinta, 23, às 11h, no cemitério Campo da Esperança, em Brasília.
Natural de Capitólio, Minas, Leonel da Mata começou no jornalismo como repórter da rádio Itatiaia, de Belo Horizonte. Quem deu o pontapé inicial em sua carreira foi o jornalista Manoel Botelho, que era assessor de Comunicação da Superintendência de Limpeza Urbana (SLU) da Prefeitura de BH. Ele conta que certo dia, no final dos anos de 1970, Leonel da Mata apareceu na assessoria em busca de um estágio, que era proibido pela legislação da época.
Manoel Botelho conta que como Leonel tinha uma boa voz e era desenvolto, prometeu a ele que iria fazer contato com o dono da rádio Itatiaia, Januário Carneiro, para que ele lhe arrumasse uma oportunidade de trabalhar como repórter. Dias depois, Leonel da Mata começava no jornalismo. “Aí ele deslanchou”, comenta Manoel Botelho.
Além da rádio Itatiaia, Leonel da Mata foi repórter da TV Globo de Belo Horizonte e da TV Globo de Brasília, onde protagonizou um episódio lhe custou a demissão: foi quando perguntou ao deputado Paes de Andrade, então presidente da Câmara dos Deputados, se ele pintava o bigode. Leonel da Mata também teve passagens pela assessoria de imprensa do Superior Tribunal Militar (STM) e da Confederação Nacional da Indústria (CNI).
Restaurantes
Amigos contam que a origem da cadeia de restaurantes Peixe na Rede remonta ao ano de 1995. À época, ele havia iniciado um projeto de piscicultura na Fazenda Capão dos Mata, em Cristalina, Goiás. Depois, segundo conta o amigo Luís Jorge Natal, Leonel e a esposa decidiram montar uma pequena cozinha industrial para vender pratos congelados utilizando os filés de tilápia. Foi assim que, em 2004, em uma pequena loja da quadra 308 Norte, surgiu o embrião do que se tornou uma rede de restaurantes de Brasília.
Amigos jornalistas lamentaram sua morte:
Muito triste a perda do nosso querido Leonel da Mata. Soube dar à vida o valor que ela merece. Entusiasmado e leal. Deixa saudades. (Letícia Sá Mota)
Ele foi um grande repórter, da escola do velho radiojornalismo. Malandro, safo, sabia como enfrentar autoridades. Criativo, fez uma “passagem” (interferência do repórter na matéria ao vivo), que se tornou clássica: ao cobrir uma greve de professores, escreveu com giz no quadro negro as reivindicações. Outra feita, entrou de terno numa enchente, para mostrar num barracão, pessoas tentando salvar coletivamente alguns móveis. (Mirian Chrystus)
Conheci o Leonel da Mata, quando ele trabalhava na Rádio Itatiaia em Belo Horizonte. Depois, em Brasília, quando no governo Sarney, fiquei sabendo do triste episódio envolvendo a demissão dele. Na época, ele trabalhava na TV Globo e foi, sumariamente demitido, a pedido do deputado Paes de Andrade. O Leonel tinha perguntado ao Paes de Andrade se ele havia pintado o bigode. O jornalista ficou então desempregado. Leonel da Mata sobreviveu com dignidade, lutando com seus próprios recursos e com a ajuda de sua mulher. Foi uma grande perda para as pessoas que o conheceram. (Genoveva Ruisdias)
Convivi muito com Leonel da Mata no pegá-pra-capá da reportagem de rua. Ele pela rádio Itatiaia e, depois, Rede Globo. Eu, repórter de política da rede Bandeirantes (hoje Band). Ele tinha enorme talento para atuação na “latinha” – mídia eletrônica, rádio, TV. Além do mais era uma pessoa, afável; disposta à solidariedade jornalística, tão necessária em trabalhos de reportagem. (Carlos Barroso)