O maestro e regente titular da Orquestra Filarmônica de Minas Gerais, Fábio Mechetti, foi censurado pela Rede Minas, emissora pública mineira.
Uma entrevista com ele seria exibida no programa Palavra Cruzada.
No lugar de Mechetti, foi exibida, sem divulgação prévia, uma entrevista com a jogadora de vôlei Priscila Dairot.
A Rede Minas chegou a divulgar uma reportagem sobre a entrevista com o regente em suas redes sociais e também no site da emissora e no aplicativo da Empresa Mineira de Comunicação (EMC), que veicula a programação da TV e também da Rádio Inconfidência, ambas públicas, mas as postagens foram apagadas.
No entanto, ao buscar no Google, a reportagem segue indexada. Foi apagado ainda o link com as fotos de divulgação e a postagem, feita nas redes sociais, convidando o telespectador para assistir à entrevista, feita pelos jornalista Daniela Murad e Clóvis Ribeiro.
Mechetti foi censurado depois da polêmica envolvendo a cessão, pelo governo do estado, da Sala Minas Gerais, sede da Orquestra Filarmônica, para exploração da Federação das Indústrias de Minas Gerais (Fiemg), que acabou abrindo mão do uso do espaço e desistindo do contrato depois do imbróglio. Sua participação no programa foi gravada pouco antes do episódio envolvendo a Sala Minas Gerais, que funciona no mesmo edifício que abriga a Rede Minas e a Rádio Inconfidência.
Censura recorrente
Essa não é a primeira vez que a Rede Minas censura desafetos do governo Zema. Em outubro de 2022, durante o segundo turno das eleições presidenciais, a emissora censurou a entrevista do deputado federal Guilherme Boulos (PSOL-SP), segundo parlamentar mais bem votado do Brasil, e apoiador da eleição de Lula. Ela seria exibida pelo programa Roda Viva da TV Cultura, emissora pública de São Paulo, e retransmitida pela Rede Minas.
No lugar de Boulos, a Rede Minas reprisou uma entrevista antiga da escritora nigeriana Chimamanda Ngozi Adichie. Pressionada pela repercussão negativa do veto, a Rede Minas exibiu a entrevista posteriormente.