A Amazônia transformou-se em uma terra meio sem lei, onde a natureza é devastada sem piedade, as reservas indígenas são invadidas e a grilagem de terras públicas é uma rotina. Como será o exercício do jornalismo neste cenário como este? A busca de uma resposta para esta pergunta está no documentário “Relatos de um correspondente de guerra na Amazônia”, do jornalista Daniel Camargos e da jornalista Ana Aranha, ambos da Repórter Brasil.
O documentário foi lançado na Cinemateca de São Paulo no final de julho e, no próximo dia 10 de agosto, às 19h30, será apresentado em Belo Horizonte. Logo após sua exibição, Daniel Camargos irá participar de um debate sobre as condições de exercício do jornalismo na Amazônia.
O documentário é uma homenagem ao jornalista inglês Dom Phillips, assassinado há um ano, junto com o indigenista Bruno Pereira, em uma emboscada no Vale do Javari, no oeste do estado do Amazonas. O filme parte da experiência de Daniel Camargos – que foi companheiro de Dom em muitas reportagens – ao cobrir as busca do amigo desaparecido. O documentário mergulha nos desafios enfrentados pelos jornalistas que cobrem a violência praticada rotineiramente contra as comunidades indígenas na maior floresta tropical do mundo.
De acordo com Daniel Camargos, o filme começa quando ele se convence dos riscos que corria no trabalho como jornalista na Amazônia. “O encontro com a morte de um amigo, a busca por um sentido para a profissão de repórter e a tentativa de dar continuidade ao trabalho do Dom são passos que dou ao longo do documentário, que tem um tom reflexivo”, explica Daniel Camargos, que é mineiro e foi vice-presidente do Sindicato dos Jornalistas de Minas. Segundo ele, fazer o documentário foi doloroso mas, ao mesmo tempo, fundamental para eu encontrar o sentido de ser repórter”.
“Relatos de um correspondente de guerra na Amazônia” tem uma hora de duração. É um filme Daniel Camargos e Ana Aranha, com fotografia de Fernando Martinho e Caio Castor, montagem de Pedro Watanabe e realização da Repórter Brasil. O documentário integra o trabalho feito por um consórcio de mais de 50 jornalistas espalhados por dez países e representando 16 organizações, incluindo os ingleses The Guardian e The Bureau of Investigative Journalism, Expresso (Portugal), Le Monde (França), Ojo Público (Peru), Paper Trail Media (Alemanha), NRC (Holanda), Tamedia (Suíça), Der Standard (Aústria), além dos brasileiros Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji), Amazônia Real, Folha de S. Paulo e TV Globo.
A exibição de “Relatos de uma guerra na Amazônia” é uma promoção do Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Estado de Minas Gerais (SJPMG) e da Casa de Jornalista de Minas. A exibição será na avenida Álvares Cabral, 400, sede das duas instituições.