Em encontros com autoridades, SJPMG reivindica maior celeridade nas investigações e prisões de agressores
A Polícia Civil de Minas Gerais já identificou entre 10 e 12 bolsonaristas envolvidos em agressões a nove jornalistas mineiros, na primeira semana de janeiro, em frente ao quartel da 4ª Região Militar, em Belo Horizonte . Ao divulgar informações sobre as investigações em um dia pouco usual para entrevistas coletivas, neste sábado, dia 14, a Polícia Civil criou expectativas entre os jornalistas e seus representantes de que seriam apresentadas revelações de peso.
Para Lina Rocha, vice-presidenta do Sindicato dos Jornalistas de Minas Gerais, as informações foram importantes, mas insuficientes para a categoria, transformada em vítima de uma violência crescente ao desempenhar suas atividades. “A gente gostaria de ter respostas mais céleres da Polícia Civil, com a identificação dos agressores”, afirmou.
Ela compartilha da frustração de jornalistas que participaram da entrevista coletiva diante da ausência de nomes de indiciados ou da decretação de prisões. O desejo de soluções rápidas é o resultado da ansiedade da categoria, que reivindica o combate mais rápido aos agressores.
Com o objetivo de acelerar procedimentos e aumentar a proteção dos trabalhadores, o Sindicato dos Jornalistas de Minas cobra o apoio de instituições públicas. No dia 10, formalizou junto à Ordem dos Advogados do Brasil (OAB-MG) e à Procuradoria-Geral de Justiça o pedido para que sejam devidamente apuradas as agressões praticadas durante a desmontagem do acampamento de bolsonaristas na avenida Raja Gabaglia.
Resultados parciais: ansiedade x cautela
Ao convocar a entrevista, os investigadores quiseram evidenciar que os acontecimentos estão sob investigação acelerada, inclusive com a articulação das instituições públicas estaduais e federais, com o objetivo de encaminhar processos e realizar prisões.
“Repudiamos todos os ataques à imprensa e estamos empenhados em resolver os casos o mais rápido possível”, afirmou Cinara da Rocha e Santos Lima, coordenadora da condução das investigações. Os investigadores envolvidos preferem reiterar a cautela como estratégia, para que seja possível chegar a todos os autores envolvidos com denúncias individualizadas. Cinara Lima, assinala que “são apuradas as circunstâncias, os motivos e a autoria dos atos. E já foram ouvidas vítimas e testemunhas”.
Outros manifestantes antidemocráticos ainda podem ser identificados. E os dados que estão sendo levantados também podem apontar para a existência de relações de suspeitos potenciais com outras atividades criminosas. Inclusive sobre a participação nos atos terroristas em Brasília, no dia 8, quando criminosos invadiram e depredaram o Congresso Nacional, o Palácio do Planalto e o Supremo Tribunal Federal (STF).
De mais concreto, a Polícia Civil divulgou que quatro inquéritos foram instaurados sobre o caso. O avanço das investigações já possibilita definir a conduta individualizada dos suspeitos das agressões, com laudos periciais.
A identificação dos manifestantes é favorecida por vídeos produzidos tanto pelas próprias vítimas, quanto por outras testemunhas, incluindo moradores da região e por motoristas que passavam pelo local.
PMs: omissões serão investigadas
Os delegados responsáveis pelas investigações garantiram que omissões por parte de policiais militares, denunciadas pelas vítimas, serão punidas.
Jornalistas que foram alvos de ataques relataram a indiferença de PMs próximos aos locais, enquanto ocorriam as agressões aos trabalhadores de imprensa que acompanhavam o desmonte do acampamento pela Guarda Municipal. Se as denúncias forem comprovadas, haverá punição”, disse Cinara Lima.
Os investigadores garantem que Polícia Federal, Ministério Público e Judiciário desempenham, agora, atividades integradas. Inibir a possibilidade de novas manifestações que tenham viés antidemocrático também é uma das preocupações centrais das iniciativas dos órgãos envolvidos. E havendo a necessidade de alguma medida cautelar contra qualquer um dos envolvidos que estejam fora da cidade ou até mesmo do país, haverá interlocução para acelerar os procedimentos legais.