No interior, novos casos de violência contra jornalistas e a democracia

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manifestações antidemocraticas ameaçam os jornalistas - foto PRF
manifestações antidemocraticas ameaçam os jornalistas - foto PRF

Nos atos antidemocráticos promovidos pelos perdedores da extrema-direita, o ódio é canalizado contra repórteres, fotógrafos e cinegrafistas

reproduç]ão - redes sociais
reprodução – redes sociais

O repórter  Diogo Meira, da Rádio Cidade Araxá, afiliada da Jovem Pan, foi agredido, na quarta-feira, dia 2, por um caminhoneiro durante protesto de bolsonaristas inconformados com a vitória de Luis Inácio Lula da Silva no segundo turno das eleições do domingo, 30 de outubro. O caso é mais um nas estatísticas da violência crescente contra profissionais brasileiros de imprensa, desde a posse do presidente Bolsonaro, derrotado nas urnas. 

A agressividade contra os trabalhadores da imprensa cresceu logo após as eleições. Nos atos antidemocráticos promovidos pelos perdedores da extrema-direita, o ódio é canalizado contra repórteres, fotógrafos e cinegrafistas, que denunciam atos de hostilidade e ataques com o objetivo de impedir a cobertura das iniciativas destinadas a tumultuar o processo político no País. 

Um levantamento da Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji) revelou que, na terça-feira, dia 1, ocorreram três casos de agressão contra profissionais. Na quarta-feira, 2,  quatro equipes de reportagem da Band relataram que foram atacadas em diferentes localidades – São Paulo, Recife e Porto Alegre.

Ações descentralizadas

Em Divinópolis, na região Centro-Oeste de Minas Gerais, uma equipe de reportagem da TV Candidés foi agredida e hostilizada enquanto cobria o movimento em um trecho da rodovia MG-050. Cinegrafista e repórter foram expulsos do local com empurrões e em meio a ataques como os que diziam que a dupla deveria ir para Cuba, Venezuela e Nicarágua. 

No município de Limeira, localizado a 154 quilômetros da capital paulista, um fotógrafo freelancer e um repórter da Rádio Educadora de Limeira também foram expulsos à base de empurrões e xingamentos durante a cobertura dos bloqueios na cidade. Houve ainda tentativas de destruição de equipamentos, segundo relato do fotógrafo à Abraji. 

Na região Sul do país, profissionais do Paraná também foram alvo de hostilização por parte dos manifestantes, que tentaram impedir o trabalho de duas equipes de reportagem da TVCI na cidade de Paranaguá, no litoral do estado.

Já nesta quarta-feira (2), quatro equipes de reportagem da Band relataram que foram atacadas em diferentes localidades – São Paulo, Recife e Porto Alegre. Ainda na terça-feira (1) um episódio de ataque contra outra equipe da Band também teria acontecido em Cascavel, no Paraná. 

Dos cinco casos, dois aconteceram no Recife com a equipe da TV Tribuna, afiliada da emissora em Pernambuco. Além da hostilização contra os profissionais, os manifestantes tentaram impedir que eles realizassem as entradas ao vivo. Puxar o microfone do repórter e tapar a lente da câmera foram algumas das estratégias utilizadas. 

Ameaças crescentes

Na quinta-feira, dia 27 de outubro, a Agência Pública e o jornalista Thiago Domenici, diretor e editor do veículo independente de jornalismo investigativo, se tornaram alvos de ataques virtuais e de ameaças de agressão física a partir da publicação de uma reportagem que expôs diálogos divulgados em um grupo de extrema direita no Telegram. 

Assinada por Domenici, a matéria reproduziu áudios enviados em um chat do grupo por Jackson Villar da Silva, apoiador do presidente Jair Bolsonaro (PL), nos quais afirma que vai provar “fraude nas urnas” e que “cientista político tem que apanhar”. Silva também faz declarações preconceituosas contra a população baiana, além de estimular ameaças a eleitores do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

Os diálogos aconteceram no grupo “Nova Direita 70 Milhões”, entre os dias 3 e 23 de outubro. Ainda em suas falas, Jackson Villar da Silva, defendeu a quebra de  urnas. E sugeriu que estaria preparado para “quebrar esquerdista no cacete”.

Segundo matéria da Abraji, com a repercussão do furo, a Pública e o autor da reportagem entraram na mira dos criminosos, que continuaram a usar o grupo para desferir ataques: 

  • “Ah, então é você pilantra (sic). Olha a cara desse safado rapaz. Cabra desse tem que ir atrás dele. Olha a cara desse mano, olha a cara desse cretino. Vou mandar pra um amigo meu aqui, (inaudível) Praia Grande, né? Serginho, você conhece esse cara aí? Serginho, você conhece esse cara, aí? Conhece esse vagabundo aí, Serginho? Vai ver o cara desse se encontrar comigo pessoalmente, pra ver se ele é esse cabra mesmo, mostrar pra ele como é que se dá uma pisa num cabra safado. Tava com medo, né? Vai engolir seu celular, seu vagabundo. Como tem gente sem vergonha, rapaz”.

 

10/11/2022

 

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