Fomos surpreendidos, no final de semana, pela informação de que a Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg) abriu um processo criminal contra o ambientalista Apolo Heringer Lisboa, fundador do projeto Manuelzão e figura que goza de amplo respeito na sociedade e entre os ambientalistas. A Fiemg decidiu partir para a ação criminal por não concordar com a afirmação de Apolo de que a entidade representativa da indústria no Estado controla os comitês de bacia mineiros e, com isso, impede que a cobrança pelo uso da água seja feita com base em valores de mercado.
Trata-se de um tema oportuno e que merece uma ampla discussão por parte de todos os atores envolvidos com a gestão ambiental e, particularmente, a gestão dos recursos hídricos no Estado. Porém, infelizmente, a Fiemg optou por recorrer à Justiça para calar o ambientalista que vem a público defender, democraticamente, uma ampla discussão acerca de um assunto tão importante.
A ação criminal contra o conhecido ambientalista foi protocolada no dia 15 de dezembro do ano passado e não é uma tentativa isolada da Fiemg de calar o movimento ambientalista. Mais recentemente, a mesma entidade entrou com ação civil pública contra os fiscais do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) que barraram a instalação da fábrica de cerveja da Heineken no município de Pedro Leopoldo devido a possíveis danos ao patrimônio espeleológico da região.
Ao entrar com duas ações contra ambientalista no curto período de dois meses, a Fiemg coloca, de forma clara, qual é o caminho pelo qual optou: o de criminalizar o movimento ambientalista e buscar, pela via judicial, o cerceamento da liberdade de expressão, atitude que repudiamos e esperamos seja barrada pela própria Justiça.
Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Estado de Minas Gerais (SJPMG)