Marivaldo Filho, editor de política do site Bocão News, foi agredido por policiais militares no dia 4 de julho, quando saia de uma festa de aniversário no bairro do Bonfim, em Salvador. O Sindicato dos Jornalistas da Bahia emitiu nota de repúdio e encaminhou denúncia do caso a órgãos nacionais e internacionais.
O jornalista saia da confraternização e presenciou a agressão física sofrida por um colega que havia colocado um copo de cerveja sobre o carro de um PM à paisana, que estava acompanhado de outros policiais fardados. “Indignado com o que vi, resolvi tirar uma foto da viatura”, contou em texto publicado no Facebook.
Ao perceber que a situação era registrada, um dos policiais o abordou e, aos gritos, mandou ele apagar a foto. “Respondi que não apagaria porque não tinha feito nada de errado. Ele perguntou se eu era advogado do rapaz agredido. Respondi que era jornalista. Foi a senha para o terror começar”, relatou Marivaldo.
Após ser preso por desacato e desobediência, ele foi agredido com socos na cabeça. Um policial tentou fazer com que desbloqueasse o celular para apagar a foto. Não conseguindo, agrediu o jornalista com um objeto que provocou um ferimento profundo. “Eu não estava conseguindo acertar a senha e o policial pegou um objeto do chão (que acredito que tenha sido uma pedra) e socou o objeto pontiagudo em minha cabeça”, conta o profissional, que foi algemado, colocado numa viatura e levado à Unidade de Pronto Atendimento (UPA) do bairro Roma, onde recebeu uma sutura com oito pontos na cabeça. Depois ele foi conduzido à Central de Flagrantes da Polícia.
O jornalista fez exame de corpo de delito e encaminharia o caso à Corregedoria da Polícia Militar. “O que aconteceu comigo não é um fato isolado. Acontece aos montes nos bairros pobres e continuam invisíveis. Como comunicador e cidadão, tenho a obrigação moral de não me calar e cobrar uma posição do Estado. Irei tomar todas as medidas judiciais cabíveis”, disse.
O Sindicato dos Jornalistas da Bahia classificou a brutalidade da agressão como “ferocidade própria de jagunços”. Segundo a entidade, as intimidações e agressões de policiais fardados “se tornaram uma prática corriqueira nos momentos em que a atividade profissional do jornalista choca-se contra interesses escusos daqueles que agem sob o manto de uma corporação, mas que desonram sua farda e até os conceitos mais básicos de civilidade”. O Sindicato cobrou ações da Secretaria de Segurança Pública da Bahia e do Comando da Polícia Militar da Bahia para que o caso não fique impune.
A agressão sofrida por Marivaldo Filho foi denunciada à Associação Bahiana de Imprensa, Ordem dos Advogados do Brasil – Seção Bahia, Federação Nacional dos Jornalistas, Federação Interamericana de Imprensa, Organização Internacional do Trabalho, Anistia Internacional, ONU e a órgãos de imprensa.
Fonte: Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj)