Sindicato defende federalização das investigações de crimes contra jornalistas

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O presidente do Sindicato dos Jornalistas Pofissionais de Minas Gerais, Kerison Lopes, defendeu hoje a federalização da investigação de crimes cometidos contra jornalistas. “Isso é fundamental para dar mais segurança ao trabalho dos jornalistas, isenção na apuração e principalmente para que se faça justiça”, disse Kerison em entrevista coletiva realizada na Casa do Jornalista, na qual informou sobre as providências tomadas pelo Sindicato em relação ao assassinato jornalista Evany José Metzker, em Padre Paraíso, Vale do Jequitinhonha.

Ele manifestou apoio ao projeto de lei apresentado pelo ex-deputado Protógenes Queiroz e reapresentado pelo deputado Vicentinho (PT-SP), que inclui os crimes contra jornalistas entre aqueles que podem ser investigados pela Polícia Federal. Citando a ONG Artigo 19, Kerison explicou que crimes contra jornalistas geralmente são cometidos a mando de autoridades locais, daí a necessidade de a investigação ser feita por policiais de fora.

Ele lembrou o caso ocorrido em Ipatinga, no Vale do Aço mineiro, onde, no dia 8 de março de 2013, foi assassinado o jornalista Rodrigo Neto, que investigava crimes envolvendo policiais; 37 dias depois, foi assassinado o fotógrafo Walgney Carvalho, que trabalhava com ele. As investigações chegaram a três acusados, um deles policial, mas só dois foram denunciados e julgados.

“Os crimes intimidaram os jornalistas de Ipatinga. A cidade não tem mais repórter de polícia e os crimes que Rodrigo Neto denunciou não são mais noticiados”, relatou Kerison, que esteve naquela cidade segunda-feira passada, participando da gravação de um documentário da Artigo 19. “Não queremos que se repita o que aconteceu em Ipatinga”, acrescentou.

Audiência pública

Kerison anunciou a realização de uma audiência pública em Medina na próxima segunda-feira 25/5, em conjunto com a Secretaria de Estado de Direitos Humanos, Participação Social e Cidadania. O objetivo da audiência, acertada em conversa com o secretário Nilmário Miranda, é levar segurança aos jornalistas e à população local, contribuindo para a apuração do crime. Medina é a cidade onde morava Evany Metzker, vizinha a Padre Paraíso. Participarão da audiência os deputados Durval Ângelo e Jean Freire, da Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa.

Kerison ressaltou também a importância de união e mobilização dos jornalistas para que crimes como estes não fiquem impunes. Mais uma vez ele citou o caso de Ipatinga, onde o papel do Comitê Rodrigo Neto foi fundamental para a apuração dos assassinatos. O comitê, cujo lema era “Ninguém vai calar a sua voz”, realizou manifestações e pressionou as autoridades. Ele relatou o clima de insegurança e intimidação vivido por jornalistas da região onde Evany Metzker foi assassinado. “Não podemos continuar vivendo nesse clima. O Estado de Direito brasileiro precisa garantir a segurança dos jornalistas”, assinalou.

 

(Foto: Vilarejo Comunicação.)

 

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