Bolsonaristas agridem grupo de jornalistas

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Na sexta-feira, dia 6 de janeiro, um grupo de repórteres e cinegrafistas foi agredido, ao cobrir a ordem de desocupação das vias em frente ao Exército. Confira os depoimentos

Equipe do jornal O Tempo

Depoimento 1

Fazíamos a cobertura da ‘desocupação’ dos acampamentos montados em frente ao exército, na avenida Raja Gabaglia, em Belo Horizonte. Além do cinegrafista Glaidston Lima, outros dois repórteres do jornal O Tempo me acompanhavam na cobertura desta ação promovida pela Prefeitura de Belo Horizonte (PBH) e a Guarda Municipal.

Nossa equipe se abrigava dentro do isolamento feito pela guarda, mas o efetivo se movimentou e o cinegrafista Glaidston ficou para trás, sendo cercado por manifestantes que o agrediam verbalmente e impediam que ele fizesse seu trabalho de registrar as imagens. Eu e outros colegas de imprensa voltamos para tira-lo, quando uma mulher enrolada em uma bandeira do Brasil derrubou um equipamento da TV Band.

Foi informado a ela que faríamos queixa a polícia e que ela deveria nos acompanhar, mas a mesma tentou fugir em meio a multidão. Na tentativa de conter a fuga e levá-la à Guarda Municipal, fomos novamente cercados e agredidos.

Importante registrar que, após as agressões, nossa equipe também foi ameaçada por outros homens, um deles se identificando como membro da ‘Policia do Exército’, exibindo o distintivo da corporação e vestido com uma camisa que também o identificava como membro das forças armadas.

Depoimento 2

Estava na cobertura do desmonte do acampamento bolsonarista na sexta-feira (6) pelo jornal e portal O TEMPO, quando presenciei nossa equipe sendo atacada pelos golpistas. Estávamos indo embora após a Guarda Municipal retirar os caminhões do local, quando nosso cinegrafista foi cercado por bolsonaristas.

Percebi uma movimentação diferente das ameaças anteriores, pois havia uma discussão e um início de empurra-empurra. Dado momento, uma mulher, que nada tinha a ver com a história, veio por trás e quebrou parte do equipamento da equipe da TV Bandeirantes. Como reação, um colega meu de O TEMPO correu atrás da mulher e a segurou pela bandeira do Brasil que ela trazia às costas, na tentativa de levá-la à delegacia para registro de boletim de ocorrência.

A partir daí, uma série de agressões aconteceu: nosso cinegrafista foi empurrado por um fascista, que quase derrubou a câmera que ele carregava; meu colega sofreu vários socos na cabeça e nas costas por parte de um dos golpistas; e um terceiro jornalista da rádio 98 FM foi arrastado no chão.

Neste momento, afastei o colega de O TEMPO da confusão na tentativa de impedir novas agressões e um possível revide, diante do instinto humano de legítima defesa. O meu receio era de que um possível revide ocasionasse uma série de novas agressões, até mesmo uma tragédia, já que muitos deles andam armados.

Depois, fomos embora por meio do carro da reportagem de O TEMPO e registramos o boletim de ocorrência com apoio da advogada da empresa. Em nenhum momento durante as agressões contamos com apoio da Polícia Militar, que chegou a estar presente à operação, mas nunca deu apoio aos jornalistas nem à Guarda Municipal.

É preciso ressaltar o clima de ameaça e provocação criado contra os jornalistas desde o primeiro minuto da cobertura. O objetivo era claramente incitar uma reação para dar início aos ataques.

Rádio BandNews

Na sexta-feira (6 de janeiro de 2023), por volta das 11h, recebemos a informação na redação da Rádio BandNews BH de que o acampamento bolsonarista, na Avenida Raja Gabáglia, na porta do quartel do Exército, estava sendo desmontado pela Guarda Municipal de Belo Horizonte.

Fui designado para ir até lá. Avisei previamente de que usaria pouco equipamento para dificultar a minha identificação. Não levei microfone, não fiz entrada por vídeo, só usei um celular para fazer entradas ao vivo por telefone.

Chegando no local, começamos a ser hostilizados com xingamentos, ameaças e ordens para saírem do local. Notamos que o ambiente estava se tornando mais hostil e decidimos nos juntar, ficarmos juntos para ficar mais fácil de se defender caso fosse preciso.

Desde as primeiras hostilidades, quem fez a nossa proteção foi a Guarda Municipal. Em momento algum não teve um policial militar sequer se movendo para nos proteger. Todos as dezenas de PMs se mantiveram de braços cruzados, parados no meio-fio, sem auxiliar a Guarda em nada, absolutamente em nada – nem na retirada do acampamento, nem na proteção dos caminhões da prefeitura, que levavam as tralhas, e muito menos na proteção dos profissionais de imprensa.

A Guarda Municipal teve muita dificuldade de tirar os três caminhões da prefeitura que carregavam as tralhas do acampamento. Os bolsonaristas sentaram no meio da Avenida para impedir.

Os caminhões passaram em cima do canteiro central e foram para a outra mão da via. Foi aí que a situação começou a ficar mais tensa. Os guardas precisaram empurrar os manifestantes, puxá-los, para abrir espaço para os veículos, que conseguiram virar a primeira esquerda e ir embora.

Quando os caminhões foram embora, as atenções dos bolsonaristas se voltaram totalmente para nós da imprensa. Eles vieram na nossa direção, nos cercaram, dando ordem para os cinegrafistas não filmarem. Nos juntamos, fomos encurralados.

Até que uma mulher, enrolada na bandeira do Brasil, bateu no equipamento do repórter da TV Band – que teve o celular roubado. Um repórter do Jornal O Tempo foi atrás dessa mulher para identifica-la, mas várias pessoas o agrediram com objetos e socos na cabeça. O seu cinegrafista também foi agredido. Eu fiquei entre gesticular para os guardas municipais que ainda restavam no local e retirar os colegas do meio da agressão. Um cinegrafista da 98 FM foi jogado ao chão e arrastado no asfalto.

Quando os agentes da guarda chegaram, as agressões cessaram. Tivemos que sair do local, juntos. No carro do repórter da TV Band, trouxemos dois profissionais de outra emissora para a sede da Band Minas, pois estavam utilizando carro de aplicativo e precisavam sair do local para pedir uma viagem.

Ressalto, EM MOMENTO ALGUM A PM AGIU, os militares se mantiveram de braços cruzados o tempo todo.

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