Greve na Rede Minas já afeta qualidade do conteúdo

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Em busca de apoio, trabalhadores da Rede Minas estiveram ontem na Assembleia Legislativa

A greve na Rede Minas segue pelo terceiro dia consecutivo e já afeta a produção da emissora, uma vez que a adesão atinge cerca de 70% dos 120 servidores concursados.

Por falta de produtores, repórteres e cinegrafistas, o Jornal Minas, principal telejornal da emissora, foi feito totalmente da bancada, com apresentação sob a responsabilidade de uma das gestoras da emissora, que não é a apresentadora oficial do noticiário.

A apuração está a cargo de estagiários e quase não há conteúdo atualizado. Com pouco tempo de paralisação, os trabalhadores menos valorizados já mostraram que sem eles não há produção.

Mobilização

Ontem, novamente, os trabalhadores se concentraram na porta da emissora para um ato e depois seguiram em passeata até a Assembleia Legislativa, onde foram recebidos pela deputada estadual Bia Cerqueira (PT) e pelos deputados federal Rogério Correia (PT) e estadual André Quintão (PT).

Na reunião, foi feita uma apresentação de todos os problemas e demandas dos trabalhadores e discutida a possibilidade de criação de uma Frente Parlamentar em Defesa da Comunicação Pública.

Os parlamentares manifestaram solidariedade ao movimento e se colocaram à disposição para auxiliar. Uma nova reunião vai ser agendada para logo após o encontro com a Secretaria de Planejamento, previsto para 10 de março, que os trabalhadores pretendem que seja antecipada.

Mais cedo, em frente ao Legislativo, os trabalhadores conversaram com a deputada estadual Andreá de Jesus (PSOL), que também manifestou solidariedade ao movimento e se colocou à disposição para ajudar.

Igualdade de tratamento

Há sete anos sem aumento, os trabalhadores querem o mesmo tratamento dado pelo governo de Minas ao comando da Empresa Mineira de Comunicação (EMC), da qual a Rede Minas, juntamente com a Rádio Inconfidência, faz parte.

Em fevereiro de 2020, a EMC recebeu aval do Comitê de Orçamento e Finanças do Estado (Cofin) para reajustar os salários da diretoria da empresa pelo INPC acumulado entre fevereiro de 2011 a fevereiro de 2020, decisão referendada, em 25 de março pelo Conselho de Administração da EMC.

Na ocasião, havia a expectativa de que o mesmo tratamento iria ser dado, na sequência, aos trabalhadores concursados, que já tinham salários baixos, e que foram achatados ainda mais pela inflação crescente e pela falta de reposição nesse período.

Os trabalhadores que exercem cargos comissionados e integram o comando da emissora são, em sua maioria, não concursados. Elas estão lotados na estrutura da EMC, não na Fundação Rede Minas, que é onde estão os servidores concursados, cujos salários estão na faixa entre R$ 1,3 mil (técnicos) e R$ 2,3 mil (jornalistas).

Os integrantes da direção da EMC recebem entre R$ 7 mil (coordenadores de área) e R$ 14 mil, que é o salário do presidente da empresa. Entre um e outro, estão os salários dos diretores das duas emissora que compõem a EMC, que são a Rede Minas e a Radio Inconfidência e que recebem cerca de R$ 11 mil, muito mais que os concursados lotados na Fundação Rede Minas, cujos salários permanecem congelados.

Para agravar a situação, o Plano estratégico apresentado pelo comando da empresa informa que até março os servidores concursados da Rede Minas devem ser transferidos para a Secretaria de Cultura e de lá cedidos para trabalhar também na Rádio Inconfidência, a “custo zero”, o que aumentou a insatisfação dos trabalhadores com comando da empresa.

Acompanhe e apoie a luta dos trabalhadores da notícia

 

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