Faleceu ontem, aos 66 anos, de complicações causadas pela Covid-19, a jornalista Ivany Rocha. Ela ficou internada durante dois meses e cinco dias, no hospital do Instituto de Previdência dos Servidores do Estado de Minas Gerais (Ipsemg), onde conseguiu restabelecer-se da Covid. Porém, devido aos anticoagulantes utilizados durante o tratamento, Ivany sofreu um AVC e precisou ser operada. Mas não conseguiu superar a recuperação e ontem teve uma parada cardiorrespiratória, vindo a falecer. Seu sepultamento será ás 13h, no Cemitério da Paz, na presença de apenas dez pessoas.
Ivany nasceu no Vale do Jequitinhonha e iniciou sua carreira como jornalista da assessoria de Imprensa da Prefeitura de Ipatinga, no Vale do Aço. Em seguida, em meados de 1988, veio para Belo Horizonte, onde participou da reforma do órgão oficial do Estado, o “Minas Gerais”, que além das publicações oficiais, passava a produzir um noticiário diário sobre as atividades dos três poderes.
Do “Minas Gerais”, onde ficou por cerca de dois anos, Ivany foi para a Assessoria de Imprensa e Relações Públicas (Airp) do Governo de Minas. Lá, participou da cobertura das atividades de cinco governadores, até se aposentar. Segundo seu filho, Thiago Antônio da Rocha e Almeida, Ivany levava uma vida muito tranquila e quase não saia de casa, cercando-se de cuidados para evitar a contaminação pela Covid.
Na Airp, Ivany foi colega da jornalista Ofélia Bhering, que a definiu como uma profissional muito dedicada e uma pessoa “vigorosa e cheia de alegria’. Embora tenha vinda de família católica, Ivany tornou-se evangélica, e, segundo Ofélia, que é budista, ambas conversavam muito sobre fé, com cada uma procurando entender e compreender os caminhos da outra. “Que Ivany vá para a luz na sua nova morada”, afirmou Ofélia.
Saudosa, a jornalista Luiza Mello também recorda-se dos anos em que trabalhou com Ivany, no Governo. “Ela era uma colega de trabalho extremamente doce e paciente”, afirmou Luiza Melo em uma rede social ontem à tarde, tão logo tomou conhecimento de sua morte. Luiza Mello conta que foram inúmeras as vezes em que viajaram juntas para a cobertura de atividade dos governadores e que, ao final destas viagens, nunca faltava o famoso “pão com linguiça”, especialmente quando o destino era Ouro Preto. “Eram nossas melhores conversas e risadas”, afirmou Luiza Mello. “Estou triste. Muito triste mesmo”, afirmou a jornalista.
“Ivany Rocha foi uma guerreira”, definiu a jornalista Bia Caires, com quem Ivany trabalhou na Airp. Bia conta que, apesar da enorme diferença de estatura – “ela era muito baixa e eu muito alta” – havia entre ambas uma grande proximidade de idéias. “Tínhamos empatia”, afirmou Bia, que também lamentou sua morte. “Tão nova e, certamente, ainda com muitos sonhos”.
Sonhos – Um desses sonhos era a literatura. Em 2001, junto com o jornalista Carlos Diamantino, ela publicou o livro “O repórter e os coronéis”, sobre a seca no Vale do Jequitinhonha e no Norte de Minas. Em 2021, com o conto “Muito além da varanda”, Ivany participou da coletânea “Contos, contas e surtos na pandemia”, publicado pela Páginas Editora. “Ivany tinha um texto jornalístico impecável”, afirmou Carlos Diamantino”, que foi quem a incentivou a participar da coletânea de contos da Páginas Editora, da jornalista Leida Reis
“Muito além da varanda” relata, segundo Leida, a chegada do confinamento. Mas a narradora também lembra que para os sonhos não há limites nem quarentenas. Ela dialoga com o irmão, João, na fazenda, e os dois lembram os planos para viajar, conhecer as Muralhas da China e outros lugares. A autora fala de uma primavera em que o vírus, que não mata flores já teria ido embora. “Era sua esperança. Ela descrevia o fim da epidemia como soldados voltando da guerra com a sensação da vitória. Triste, pois para ela, não foi assim”, relatou Leida Reis, a quem Ivany revelou o desejo de escrever um livro de crônicas sobre suas memórias. “Infelizmente, não deu. Fica para a próxima vida”, lamentou Leida Reis.
Ontem e hoje, vários outros jornalistas deixaram nas redes sociais sua tristeza pela morte de Ivany Rocha:
Gisele Bicalho
A gente nunca se prepara para perder alguém. E quando é amigo então? Dói mais quando temos consciência que essa é mais uma morte evitável. Vida perdida por negligência. Ivany foi uma pessoa rara. Amiga, solidária, generosa, excelente profissional. Fará muito falta ao jornalismo mineiro e na vida de cada uma das muitas pessoas que ela conquistou em vida.
Jane Mourão
Foi guerreira. Que Deus a acolha em seus braços e conforte seus familiares. Descanse em paz.
Manoel Botelho
Que Deus olhe por você com muito carinho, amiga querida. Já estava triste. Agora choro. Vá em paz!
Marcelo Sant’Anna
Pessoa maravilhosa.
Eneida da Costa
E um luto que não acaba. Não aguento mais chorar e dar pêsames. Muita tristeza e revolta.
Jalmelice Luz
Tristeza imensa. Cada dia, uma grande perda. Meus sentimentos aos familiares. Sinto muito, muito mesmo. Vou me sentindo cada vez mais só.
Vilma Fazito
Triste demais. Mais uma vítima. Sentimos!!
Adriana Ferreira
Você lutou o bom combate. Agora terá seu merecido descanso.
Carlos Herculano Lopes
Querida amiga Ivany, querida colega de faculdade. Vá em paz.
Ruiter Miranda
A vida é um sopro. Vou me lembrar sempre de seu sorriso. Descanse em paz, amiga.
Ivany se foi. Foi a doçura, a competência e a delicadeza de uma amiga e tanto. Gestos gentis, sábias palavras. Nós, seus colegas de turma da Fafi BH sempre a admiramos por sua singeleza e sabedoria. Segue em paz com o abraço fraterno de todos nós. Você será amada e lembrada eternamente ❤️!