Filas sem fim! Por Bety Colares

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por Bety Colares

Quem me conhece sabe que não suporto – até suporto, mas não gosto de uma fila. Acho que ninguém gosta, né? Normalmente, a fila que escolho é a que menos anda. Se arrisco a me mudar de lado, agora é a fila em que estava que se desenrola. É um Deus nos acuda.

Mas o que me irrita mesmo nem é o tempo de espera, são as pessoas, que nunca vi mais gordas, tentando, insistentemente, puxar conversa. E há aquelas que ficam loucas para entrar na conversa dos outros, escutando e dando palpites de vez em quando… acabam entrando. Fica difícil não escutar os lamentos da moça que brigou com a tia por causa de uma herança da mãe ; ou da senhorinha que foi passada para trás pelo próprio filho; mas o que me intrigou mesmo, certa vez, foi o caso de uma mulher que morava com o marido e os dois filhos na casa da mãe…

O marido estava desempregado e ela fazia faxina em um hospital da capital. As crianças ficavam na creche pela manhã e eram apanhadas à tarde, quando a mulher saía do trabalho. Assim, iam levando, até que sua mãe arranjou um namorado e acabou ficando grávida. O bebê nasceu e ela notou uma certa semelhança com o marido, mas evitou tocar no assunto. Num belo dia, ao chegar em casa, não encontrou nem a mãe nem o marido, muito menos as roupas deles. Apenas um bilhete informava que haviam partido para tentar uma vida nova em outra cidade…

Nesse ponto da conversa, a mulher já estava chorando e sendo acalentada pelos mais próximos na fila. Entre soluços, ela dizia: “o pior vocês não sabem. Ele era o …” PRÓXIMO!”. Entre soluços, ela tentou continuar, mas ouviu novamente: PROOOÓXIMO! Havia chegado sua vez. E ela foi embora, deixando todos com a pulga atrás da orelha. Até eu!

Mas devo reconhecer que filas podem ter seu lado bom. Foi em filas que fiz algumas boas amizades. Por exemplo, a Leci e o Roberto, que conheci na fila de um voo para Porto Seguro. Casados havia algum tempo, não conseguiam ter filhos e embarcaram para uma segunda lua-de-mel. Passamos bons momentos juntos, os dois, eu e meu marido. Eles voltaram grávidos e hoje têm dois lindos rapazes.

Em outra fila, para um Cruzeiro, conhecemos um casal de Caruaru (PE), a Clara e o Alexandre. Não nos desgrudamos mais e, até hoje, mesmo a distância, nossa amizade é regada via redes sociais (até a pandemia passar). Teve também o casal Adriana e Adriano Trotta, na fila para pegar cartão internacional de vacinação. Falamo-nos também pelas redes sociais. Só pra citar alguns.

Por esse lado, esperar até que valeu a pena. Então, não me importo de entrar nessa concorrida fila para publicar esta crônica. E, se você está lendo este texto agora, é porque, finalmente, chegou a minha vez. Prooooóximo!

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