Neste domingo 24/1, participantes do movimento Rola Moça Resiste realizarão mais um grande ato contra a instalação da mineradora MGB no Parque Estadual da Serra do Rola Moça. O protesto vai começar às 9h30, na praça de Casa Branca, em Brumadinho, de onde partirá uma carreata até o Mirante dos Veados, no Parque.
O dia foi escolhido por marcar a véspera do segundo aniversário do rompimento da barragem da mina Córrego do Feijão, da Vale, crime que matou 272 pessoas. Na próxima quinta-feira 28/1 audiência virtual no Tribunal de Justiça de Minas Gerais decidirá sobre projeto de mineração, que desfiguraria o parque e ainda ameaçaria o abastecimento de água da Região Metropolitana de Belo Horizonte.
A manifestação também pretende chamar a atenção das autoridades e da população para o edital do governo de Minas de construção da Alça Sul do novo rodoanel, que ressuscitou projeto rejeitado em 2012 por provocar grande impacto ambiental na região do Rola Moça. Como se não bastasse, o Parque Estadual do Rola Moça está entre os sete parques de Minas incluídos em um plano do governo federal de concessões à iniciativa privada.
Os manifestantes – moradores de Belo Horizonte, Ibirité, Nova Lima e Brumadinho, além de representantes de ONGs, de confederações sindicais e sindicatos, movimentos sociais diversos e ambientalistas – querem chamar a atenção do poder judiciário, da imprensa, de gestores e autoridades públicas para o impacto que a instalação de uma mineradora no Parque do Rola Moça trará para o meio ambiente e para a qualidade de vida da população.
Na pauta da audiência virtual no TJMG do dia 28/1 está o processo sobre a instalação da MGB na Serra do Rola Moça. O projeto minerário pretende construir uma estrada dentro da Unidade de Conservação, o que, além da ameaça de novas catástrofes, vai impactar a região com supressão de mata atlântica, trânsito intenso de caminhões, causará poluição visual, sonora e atmosférica.
O Parque Estadual da Serra do Rola Moça é uma Unidade de Conservação de Proteção Integral criado por lei. O Plano de Manejo, bem como a lei do SNUC (Sistema Nacional de Unidades de Conservação) proíbem qualquer tipo de atividade que faça o uso direto de seus recursos naturais.
As Unidades de Conservação de Proteção Integral são criadas para manter um mínimo de equilíbrio dos ecossistemas, garantindo a proteção dos mananciais de água, fundamentais para suprir o abastecimento de água de cerca de 40% da população da RMBH.
Em 2012, quando começaram as discussões sobre o rodoanel, foram apresentadas três opções de trajetos, um deles passando por Ibirité, Casa Branca Piedade do Paraopeba até a BR-040. Na época, felizmente, esse trajeto fora descartado, em função do alto custo sócio ambiental e também econômico. Acordou-se, então, a opção de outro trajeto passando em Betim por Ibirité, contornando ao norte o Parque do Rola Moça até atingir o anel na altura do bairro Olhos D’água.
Para surpresa de todos, o traçado rejeitado em 2012, que já havia sido descartado, voltou a figurar no edital a ser lançado pelo governo. O dinheiro para as obras está sendo negociado entre o estado e a Vale, dentro dos 50 bilhões da multa ambiental pelo rompimento da barragem em Brumadinho, sem a imprescindível presença dos atingidos.
Os manifestantes entendem que esse acordo para que a Vale banque esse trecho do Rodoanel, tido como reparação pelo crime de Brumadinho, na verdade não é uma reparação, pois prejudica o acervo ambiental da região.
Os ambientalistas também questionam a privatização dos parques e a real capacidade das empresas em dar segurança e sustentação ambiental às Unidades de Conservação de Proteção Integral, uma vez que o interesse maior da iniciativa privada é sempre o lucro.
Fontes para entrevistas: Adriano Peixoto (31) 9-9712-0080; Guilherme Carvalho (31) 9-9158-0087; Vera Baumfeld (31) 9-9822-2908.
(Informações do movimento Rola Moça Resiste.)
[21/1/21]