O velho radinho de pilha, herança de uma saudosa aglomeração no Mercado Central de BH, ali pelas bandas do Bar Central ou Bar do Hélio, reduto dos eternos companheiros Pardal e o mano Luiz, anuncia entre os chiados da transmissão da rádio local o aniversário de dois dos maiores jogadores de futebol da história.
Neste atípico 2020 comemora-se os 60 anos daquele que me encantou em 1986, no México, com um futebol diferenciado e do maior de todos os tempos, que chega aos 80 anos com a vitalidade de poucos, mas que infelizmente não tive o prazer de vê-lo em ação em uma Copa do Mundo trabalhando como jornalista.
A cada genialidade, “El Pibe de Oro” Diego Armando Maradona garantia um espaço na galeria de ídolos que já tinha o outro aniversariante, Pelé, e os bons amigos mineiros, Tostão e Reinaldo.
Maradona é sem dúvida um ícone para toda uma geração que lutou, esbravejou e escreveu contra todas as mazelas do mundo. Festejar os seus 60 anos, é festejar a verdadeira magia do futebol, a conquista dos grandes guerreiros, o respeito e a dignidade de um povo.
Pelé comemora não só seus 80 anos, mas tudo o que o futebol transforma na vida de uma pessoa, com seus encantos e principalmente a genialidade de conduzir a bola digna dos grandes reis.
Celebrar a vida desses gênios, é nos levar a um passado do romântico e apaixonado futebol, onde os craques jogavam por amor ao clube e por respeito à sua torcida.
Hoje, sentado no sofá amarelo, curtindo a vida interiorana passar e sentindo o cheiro da rua transbordando a tradicional culinária mineira, me faz suspirar entre uma e outra cachaça Macena sobre o quanto o futebol ainda está presente na vida de um velho espanhol, hoje fortalecido pelos netos Bruna, André, Mateus e Lucas.
Confesso que a aposentadoria havia me feito um pouco avesso às peladas proporcionadas pelo futebol brasileiro, mas o futebol se mantém vivo entre ligações e chamadas de vídeos, gentilmente apelidado de zap zap pela Perez Family, a cada torneio conquistado pelo André (20), que ainda arrisca levantar taças pelo futebol de salão e através da atenta Bruna (23), que de terras ianques busca por notícias do Galo carijó e do velho e bom Leão do Bonfim.
Talvez pela juventude vigorosa de Mateus (15) e Lucas (10) que tenho me aproximado mais do futebol. Lucas, atleticano daqueles raiz, que chora a cada derrota do Galo, tornou-se o companheiro das estatísticas. Logo cedo tenho os resultados, gols, classificação e tudo mais dos principais campeonatos no saboroso café da manhã preparado pela minha querida Regina.
Do sofá amarelo, tenho a alegria de ver o futebol de rua, com as devidas adaptações exigidas pela pandemia, ainda lutar por seu espaço no cotidiano de São Vicente, entre uma buzina e outra de carro até a hora em que a vó Regina chama Lucas para ir à padaria buscar mais um sonho.
O jovem Mateus recentemente saiu da prazerosa São Vicente para a grande beagá, em uma daquelas cidades cheias de fumaças das indústrias, tentando o sonho de poder mostrar toda a sua arte do futebol e habilidade em um grande estádio. Com a camisa do Rubro Negro de Contagem, tenta ingressar no mundo que consagrou os também interioranos Pelé e Maradona.
Maradona, nascido no interior argentino, em Lanús, e Pelé, mineiro de Três Corações, encararam todos os desafios dos bastidores do futebol para se tornarem os gênios que escreveram seus nomes na história do futebol mundial.
Esta crônica havia sido escrita no dia 24 de novembro de 2020 e mal sabia este velho cronista esportivo que seria em tom de despedida e agradecimento.
Invoco os deuses do futebol para uma recepção de gala a Maradona, uma das melhores canhotas do futebol que vi jogar e um dos jogadores que eternamente sentiremos saudades, pelo futebol raíz que praticou pelo mundo.
Que a magia do futebol siga no cotidiano das pequenas e grandes cidades. Sigo, do sofá amarelo, observando a vida e tendo o prazer de poder celebrar meus netos, a vida de Pelé e o orgulho de ter visto Don Diego de perto.
Um saludo a todos! Em especial a todos os amantes do futebol de Maradona…
[27/11/20]
Rogério soube enumerar alguns jogadores que deixaram registrado o futebol como um dos espetáculos mundiais mais maravilhosos . A arte do drible de Maradona , Pelé , Tostão e Reinaldo jamais será apagada com as mazelas dos dirigentes atuais .
Que os Deuses do futebol mantenham os eternos gênios que tanta alegria proporcionaram dentro e fora de campo. O velório do gênio Maradona mostrou o tanto foi querido na bela Argentina
Bela crônica, diga de ser aplaudindo de pé, parabéns
Caiu um cisco no meu olho, aqui maravilhado…..
Ernane , muito bom o seu comentário que demonstra que coisa boa também nos faz emocionar e até chorar. Obrigado pela leitura e você também deve ser aplaudido em nos prestigiar . Abraços e sucesso para você
Excelente texto Rogério! Pena que não se fazem mais Pelés e Maradonas.
Os craques de hj só se preocupam com a aparência e esquecem a magia do futebol.
Marco, a valorização das categorias de base no futebol seriam um forma de retornar os grandes craques. O profissional prata da casa tem além da preparação física e psicológica o amor pela camisa. Esta paixão que faz o diferencial . Hoje em dia é só capitalismo . Cruz credo ….
Perez, emocionante o seu texto. Siga no seu sofá amarelo nos presenteando com belas reflexões. Beijo
Estes craques nos inspiram e as letrinhas fazem dribles como eles no momento da crônica . Obrigado por participar . Um saludo para você Ernane
Maria Eugênia , obrigado por nos acompanhar neste novo conceito vindo da atitude do colega Ivan. Sinta se convidada para uma resenha no sofá amarelo para relembrarmos os bons tempos de Hoje em Dia . Abraço a todos
É sempre muito bom ler as crônicas do mestre Rogério. Maradona é a personificação do autêntico tango argentino. Drama e genialidade nunca vistos. Um dos magos do mundo da bola.
Forte anraco, Rogério.
Júnior Brasil , obrigado por prestigiar nossa crônica e que você continue brilhando nas ondas da rádio Itatiaia. Sucesso para você e toda a equipe da Itatiaia
Belo texto! Que coincidência da vida!
E quanto ao neto André para mim sempre será o Zé do Picolé!
Leo, aquela área do Mineirão onde ficava a Galo Prates era a mais cobiçada pelos vendedores de picolé nos jogos que o André estava . Bons tempos e ótimas recordações com você e o Rafa tampinha erguendo os bandeiroes da Galo Prates . Vida que segue com o glorioso no topo da série A ….
Un cabeçaço, Perón…
Ivan, para aproximar deste gênio Maradona você fez um verdadeiro drible que ficará marcado como um dos grandes movimentos que o jornalista raiz faz para ter uma matéria diferenciada que os leitores merecem
Parabéns, Rogério! Bela crônica! Incrível coincidência!
Verdade foi muita coincidência e felizmente o Diego ficou marcado na nossa memória como gênio do futebol