SJPMG alerta jornalistas para importância da prevenção do câncer de mama e direitos em caso da doença

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Embora façam tantas reportagens sobre câncer de mama, as jornalistas ainda sentem vergonha de tratar do assunto, quando é com elas. Por isso e porque as mulheres são maioria da categoria, o Sindicato dos Jornalistas Profissionais de Minas Gerais apoia veementemente o Outubro Rosa, que visa a prevenir e combater o câncer de mama. A chance de cura nos estágios precoces é próxima de 100% em cinco anos.

O SJPMG também alerta as jornalistas para os seus direitos em caso de doença. A jornalista Lina Rocha, diretora do SJPMG, foi diagnostica há cinco anos e passou por tratamento. Ela informa que a trabalhadora tem direito a licença para tratamento enquanto este durar; quem determina o período é o médico da perícia – no seu caso, foram seis meses. A partir de 15 dias de licença, o benefício é pago pelo INSS. Para isso, a mulher deve levar laudos do médico para a empresa e para o INSS. O benefício é um direito constitucional.

“No meu caso, a principal dificuldade foi receber o benefício. Foram 120 dias de espera, porque o INSS estava em greve”, conta Lina, que precisou fazer uma campanha na internet, e graças a ela conseguiu ser atendida numa agência do INSS no interior. “Defendo que a trabalhadora tire licença, porque o organismo fica muito debilitado durante o tratamento”, disse.

Além disso, a trabalhadora tem direito a sacar todo o FGTS para custear o tratamento. Lina foi atendida por um plano de saúde, mas ressalta que o tratamento feito no SUS é muito digno e conceituado. Depois do tratamento, a mulher também tem direito a medicamento gratuito pelo SUS ou pelo plano de saúde.

Lina enfatiza a importância do SJPMG participar do Outubro Rosa, uma vez que, de acordo com pesquisa da Federação Nacional dos Jornalistas, 64% dos jornalistas são mulheres, e que muitas mulheres têm medo de pedir licença e serem demitidas ou mesmo de perder espaço no trabalho. O machismo e o assédio moral e sexual influenciam esse comportamento.

“Quando descobri a doença, primeira coisa em que pensei foi nos meus filhos, a segunda foi no trabalho”, conta Lina. “E agora? O chefe vai aceitar? Vou ter dinheiro para o tratamento? O plano de saúde vai cobrir?”, foram as ideias que passaram na sua cabeça imediatamente. “As mulheres têm de dar conta de tanto coisa, da casa, da família, do trabalho, e até da beleza”, explicou.

Na volta ao trabalho, Lina sugere que a jornalista converse com a chefia, para passar por um período de readaptação, porque o trabalho numa redação é puxado e o tratamento da doença leva a mulher para um mundo à parte.

“Depois de seis meses, a volta é uma experiência difícil, as reações dos colegas são muito diferentes, apoiando e duvidando, há um estranhamento”, conta a diretora do SJPMG, que lembra ter voltado com muita vontade de trabalhar. “Aos poucos, fui voltando ao normal e hoje as pessoas nem lembram.”

Lina conta que adotou novos hábitos e comportamentos, mudou sua alimentação e passou a ter atividades físicas regulares, tornou-se mais solidária, mudou sua visão dos movimentos sociais e se aproximou do Sindicato. “A solidariedade e a participação no Sindicato vêm daí”, disse. Ela entrou na diretoria pela primeira vez na gestão 2017-2020 e é vice-presidente na gestão atual.

Lina recomenda que a jornalista conheça seus direitos, converse com seu médico e assuma a doença. E  conta que conheceu uma colega que estava vivendo a mesma situação e a amizade entre eles foi importante. “A gente descobre que não está sozinha, que não é só a gente que tem, vai formando uma rede”, conta.

No dia 1/10, a jornalista gaúcha Alice Bastos Neves deu um exemplo. Ela apresentou o Globo Esporte RS careca, sem a peruca que usava há algum tempo, e explicou ao público o motivo: está fazendo tratamento com radioterapia para curar um câncer de mama. Na mesma edição, o programa inaugurou a série de reportagens “Vitórias”, sobre mulheres que encontraram no esporte ajuda para encarar o tratamento com coragem e esperança, atletas que venceram o câncer de mama.

Prevenção e diagnóstico precoce 

O Instituto Nacional do Câncer do Ministério da Saúde estima em 66.280 casos novos de câncer de mama por ano no Brasil, e o número vem aumentando ano após ano. Em Minas Gerais, o número é de 8.250 casos por ano, ou seja, 23 casos novos por dia. Nos Estados Unidos a chance de sobrevida em caso de câncer de mama em cinco anos é de 90%, no Brasil, 75%, porque no Brasil o diagnóstico não é tão precoce – 70% dos casos são diagnosticados em estágio avançado.

O Outubro Rosa é importante porque possibilita que informações médicas adequadas cheguem à população. Este ano, a Sociedade Brasileira de Mastologia (SBM) está fazendo a campanha Quando Antes Melhor, que visa a reforçar o autocuidado, desde a prevenção da doença, por meio de atividade física e hábitos de vida saudáveis, até o diagnóstico precoce, o tratamento oportuno e os cuidados para se evitarem sequelas.

“É uma campanha de valorização da vida. Quanto mais cedo os cuidados forem tomados, melhor para a saúde da mulher”, explica a presidente da Regional Minas Gerais da SBM, Annamaria Massahud.

As principais mensagens da campanha são: adoção de estilo de vida que compreenda prática de atividades físicas, alimentação saudável, visitas regulares ao médico, exames preventivos e, quando preciso, início de tratamento logo após o diagnóstico da doença.

Segundo a presidente da SBM-MG, Annamaria Massahud, a prática de atividade física não só promove o bem-estar como melhora o metabolismo de alguns hormônios relacionados ao câncer de mama, o que pode evitar a doença e até melhorar o quadro de uma paciente que já tem o diagnóstico. O sedentarismo está associado ao aumento do risco do câncer de mama. A Organização Mundial de Saúde recomenda que se faça 150 minutos de atividade física por semana, 30 minutos por dia, durante cinco dias da semana.

A dieta tem papel na redução do risco. Verduras, legumes e frutas estão relacionadas à redução do risco e a ingestão de gorduras está relacionada ao aumento do risco, assim como o consumo de álcool, que pode alterar os níveis do estrogênio, um dos hormônios femininos.

 

[5/10/20]

 

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