A história cultural e política de Belo Horizonte na década de 2010 será contada num livro-reportagem que começará a ser produzido depois do carnaval. O projeto BH Anos 10 – Praias e Revoluções, do jornalista Artênius Daniel, já foi aprovado no Fundo Municipal de Cultura e acaba de ser lançado nas redes sociais. Mais adiante deverá ser criado um finaciamento coletivo para finalizar o trabalho.
O objetivo é mostrar como os movimentos de ocupação de espaços públicos que começaram no verão de 2010 – quando eclodiu o movimento Praia da Estação – transformaram de forma definitiva e rapidamente a cena cultural e social da capital mineira, transformando-a numa cidade “louca, incrível, transgressora”.
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“Essa década reuniu a explosão de muitos movimentos que mudaram o panorama cultural e político da cidade para sempre”, ressalta Artênius. “Belo Horizonte é marcada hoje por um carnaval que começou com movimentos de luta, de resistência e ocupação do espaço público. É marcada por uma vibração da cultura negra, jovem, pela cultura de rua, do rap, do hip hop, que tem alguns dos maiores nomes do Brasil.”
Jornalismo literário
Ele cita artistas como Djonga, Clara Lima, Hot e Oreia e outros, que surgiram no Duelo de Mcs, uma ocupação urbana debaixo do Viaduto Santa Tereza, e hoje estão no panteão dos maiores da música negra brasileira.
“Onde quer que a gente olhe tem ocupação urbana em Belo Horizonte”, enfatiza Artênius, citando ainda a ocupação do Isidoro e os movimentos horizontais da política, que resultaram na eleição de duas vereadoras e uma deputada federal em 2016 e 2018.
O livro-reportagem pretende investigar esses movimentos e contar sua história no viés do jornalismo literário, explorando personagem e histórias de vida envolvidas em todo esse processo. Estão previstos pelo menos seis meses de pesquisa e o trabalho de uma equipe de sete profissionais, incluindo três jornalistas, uma historiadora e uma produtora.
“É um livro que pode ser muito importante porque o período marca não só os movimentos de rua em Belo Horizonte, mas também uma década em que o Brasil se redefiniu”, acrescenta Artênius, citando os fatos marcantes do período: a primeira mulher presidenta da história do país, uma belo-horizontina, as manifestações de junho de 2013, a copa de 2014, com os 7 a 1, em Belo Horizonte, a queda de um viaduto, parte das obras da copa, a ascensão conservadora, o golpe de 2016, a prisão do Lula, a eleição do Bolsonaro.
“Ou seja, foi uma década muito forte para o Brasil”, define o jornalista. “O livro vai contar um pouco como a cultura, as ruas, os movimentos de BH refletiram o que aconteceu no país.”
[4/2/20]