RETROSPECTIVA 2019: Morre Dídimo Paiva, referência de ética e dignidade no jornalismo

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“O direito de falar e de saber é inerente ao ser humano, como pregavam os revolucionários franceses.”

Dídimo Paiva, jornalista e ex-presidente do Sindicato dos Jornalistas Profissionais de Minas Gerais (SJPMG), morreu na madrugada deste sábado 9/3, aos 90 anos, vítima de pneumonia. Casado com Maria Aparecida Murta, carinhosamente chamada de Cidinha pelos amigos, o jornalista foi uma das grandes figuras do jornalismo mineiro. Deixa cinco filhos e sete netos.

Dídimo Paiva nasceu em Jacuí, município do Sul de Minas, no dia 13 de julho de 1928. Referência entre colegas de profissão, lideranças sindicais e políticas, pesquisadores do jornalismo e dos movimentos sociais, ele foi sempre um exemplo. Seu lugar na história do jornalismo é na galeria dos grandes combatentes pela ética e pela dignidade.

Conforme escreveu o jornalista Paulinho Assunção, no livro ‘Álvares Cabral, 400 – A Casa da Liberdade’, em “incontáveis momentos a expressão de Dídimo Paiva, escrita ou falada, sempre se elevou em tom e altissonância, mas com aquela boa têmpera do mais puro metal de que são constituídas as palavras dignas”.

Muito jovem, Dídimo enviou um texto para a recém-criada seção ‘Cartas ao Parlamento’, do O Jornal, endereçada ao presidente da Comissão Mista de Leis Complementares da Constituição de 1946, protestando contra a Lei de Imprensa do então presidente Eurico Dutra. “O direito de falar e de saber é inerente ao ser humano, como pregavam os revolucionários franceses”, escreveu.

Como repórter, redator ou editor, Dídimo Paiva trabalhou na Tribuna da Imprensa, no Binômio, no Estado de Minas. Quando era editor de Internacional do EM, seu nome uniu a categoria como cabeça da chapa que dirigiu o Sindicato num momento político crucial: o da abertura política do governo do ditador Geisel.

A gestão de Dídimo Paiva de 1975 a 1978 representou uma virada no posicionamento do Sindicato contra a ditadura, abrindo a Casa do Jornalista para todos os setores sociais que lutavam pela liberdade e pela democracia. Foi no SJPMG e na gestão de Dídimo que nasceu o chamado “novo sindicalismo” em Minas Gerais.

Vá em paz, Dídimo, que a gente continua aqui sua luta pela liberdade de expressão e pelo Sindicato dos Jornalistas de Minas Gerais, entidade que sempre defendeu e amou.

(Foto: Dídimo Paiva em homenagem da Assembleia Legislativa de Minas Gerais aos 70 anos do SJPMG, em 2015. Crédito da foto: Samuel Gê / SJPMG.)

[9/3/19]

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