Ser jornalista de ambiente já é quase tão perigoso como ser repórter de guerra

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Índia e Filipinas são os países mais perigosos para jornalistas que investigam crimes ambientais e a corrupção em torno da exploração de recursos naturais.

O número de jornalistas mortos no mundo ao investigarem temas ambientais está a aumentar. Um estudo do Comitê para a Proteção dos Jornalistas (CPJ) registou 13 mortes na última década, mas muitos mais repórteres têm sido vítimas de violência, assédio, intimidação e processos judiciais.

O CPJ, organização sem fins lucrativos com sede em Nova Iorque, está a investigar outras 16 mortes suspeitas nos últimos dez anos, e o número de assassínios pode chegar aos 29, fazendo desta uma das áreas da imprensa com mais mortos a seguir ao chamado jornalismo de guerra.

O padrão de violência e intimidação repete-se em todos os continentes contra jornalistas que investigam situações abusivas em torno de actividades de exploração de recursos naturais por parte de empresas e interesses políticos. Estes recursos estão na base de produtos utilizados diariamente por milhões de consumidores que ignoram a sua origem e história.

O estudo foi encomendado pelo Forbidden Stories, um consórcio de vários meios de comunicação internacionais que inclui o Expresso, o The Guardian, o El País e o Le Monde. Numa série de reportagens intitulada Green Blood, o consórcio propõe-se relatar o impacto que as actividades de extracção de recursos naturais têm no ambiente e nas comunidades, e dar continuidade ao trabalho de jornalistas que foram forçados a abandonar as investigações, nomeadamente na Tanzânia, na Guatemala e na Índia, explica o Guardian.

De acordo com o relatório do CPJ, a Índia é um dos países mais perigosos para jornalistas de ambiente, com três dos 13 casos de assassínios. Também as Filipinas contabilizam três mortes. Os restantes países na lista negra do relatório são Panamá, Colômbia, Rússia, Camboja, Birmânia, Tailândia e Indonésia.

O The Guardian menciona o caso de Jagendra Singh, um jornalista assassinado em 2015 – foi regado com gasolina e incendiado. Pouco antes da sua morte, tinha dito nas redes sociais que estava a ser ameaçado e que temia pela sua segurança devido a uma investigação sobre dragagens ilegais no rio Garra, no Norte da Índia.
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“Políticos, bandidos e polícias, estão todos a perseguir-me. Escrever a verdade está a ter um peso muito grande na minha vida”, escreveu. A polícia indiana afirma que o repórter se suicidou, uma versão que é rejeitada pela família de Singh, a quem foi oferecido dinheiro para aceitar a tese oficial.

(Publicado pelo Público, 17 de junho de 2019, 21h20.)

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[18/6/19]

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