Três meses após o rompimento da barragem da Vale, Cachoeira do Choro continua sem a água potável

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Sem água potável, a comunidade de Cachoeira do Choro, povoado que pertence ao município de Curvelo, pede socorro. Desde que o rejeito tóxico da Vale chegou ao trecho do Rio Paraopeba onde está a comunidade a água se tornou um grande problema. Se antes do rompimento da barragem da mina do Córrego do Feijão a água do poço artesiano que abastece a pequena comunidade era de boa qualidade e abundante, hoje, a realidade das famílias é diferente. A água que sai das torneiras é turva, apresenta gosto e cheiro ruins.

“A água tá uma borra preta, um trem com mau cheiro. Isso é muito perigoso. A gente tem que tomar cuidado porque consumir uma água dessa pode causar um grande problema”, relata uma das mulheres da comunidade que reclama também da falta de água durante todo o feriado da Semana Santa.

O poço artesiano fica a menos de 20 metros do leito do Rio Paraopeba e, embora sempre tenha apresentado uma água cristalina e inodora, desde a chegada do rejeito, que matou cerca de 300 pessoas em Brumadinho, a água que abastece a comunidade de Cachoeira do Choro apresenta péssima qualidade.

Técnicos da Vale que estiveram no povoado disseram aos moradores que a responsabilidade pela qualidade da água distribuída, a partir do poço artesiano na Cachoeira do Choro, é exclusiva da Copasa. Desse modo, a mineradora, que é a segunda maior do mundo no setor, não se responsabiliza por distribuir água potável para a população da comunidade. Ainda assim, com muita insistência, alguns poucos moradores conseguiram ter acesso a água mineral distribuída pela empresa. Esse comportamento da Vale gerou conflito no seio da pequena comunidade, uma vez que negar água para muitos enquanto distribui água para poucos acarreta desconfiança e desentendimento entre vizinhos, pois todos estão vivendo a mesma situação de consumo de água imprópria.

A Copasa esteve na comunidade e não deu retorno quanto a qualidade da água. A população continua consumindo uma água poluída e, muito provavelmente, contaminada pelo rejeito despejado pelo crime da Vale em janeiro de 2019. A impunidade pelo crime de 2015 que matou cerca de 20 pessoas e devastou a bacia do Rio Doce é, sem dúvida, o que possibilitou a repetição do crime em 2019, matando centenas de pessoas e a bacia do Rio Paraopeba.

Organização comunitária

Sentindo na pele a insegurança e a dor que o crime da Vale causou na comunidade, moradores, comerciantes e rancheiros uniram-se em assembleia, no ultimo dia 20 de abril, e elegeram seus representantes, formando, assim, a Comissão de Atingidos da Cachoeira do Choro. A primeira preocupação da comissão é a garantia de água de qualidade para toda a comunidade, para que a saúde de mais ninguém fique comprometida pelo crime da Vale.

Nesse sentido, membros da comissão junto a outras pessoas da comunidade mandaram fazer duas faixas de protesto exigindo uma resposta ao problema da água no povoado. A faixa será levada para uma reunião entre atingidos da Bacia do Rio Paraopeba, o Ministério Público de Minas Gerais, O Ministério Público Federal e a Defensoria Pública da União. A reunião que acontece amanhã, dia 25/04, ocasião em que o crime completa 3 meses, na quadra municipal de Brumadinho. A pauta da reunião é o acordo firmado entre a Vale e a Defensoria Pública Estadual (que lesa direitos dos atingidos) e o acesso ao auxílio emergencial que a Vale deve pagar a todos os atingidos.

Reunião com atingidos pela Vale
Data: 25/4
Hora: 14 horas
Local: Quadra Municipal de Brumadinho

Mais informações: Comissão de Atingidos da Cachoeira do Choro
e-mail: comissao.atingidos.choro@gmail.com.

(Divulgado pela Comissão dos Atingidos da Cachoeira do Choro. Foto: captura de tela.)

 

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[25/4/19]

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