Ronaldo Lenoir e Pedro Guadalupe serão velados na Casa do Jornalista nesta sexta 4/5 a partir das 19h

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É com profundo pesar que o Sindicato dos Jornalistas Profissionais de Minas Gerais comunica as mortes do jornalista Ronaldo Lenoir e do fundador do portal BHAZ Pedro Guadalupe, ocorridas ontem, em acidente na BR-381. O velório acontecerá na Casa do Jornalista (Avenida Álvares Cabral, 400, Centro), nesta sexta-feira, 4 de maio, das 19h às 23h.

O corpo de Ronaldo Lenoir será sepultado às 10h de sábado 5/5, no Cemitério do Bonfim, e o de Pedro Guadalupe, às 13h, no cemitério Bosque da Esperança.

A morte brutal dos dois profissionais consternou os parentes e amigos. Ambos eram muito queridos. Lenoir foi um jornalista brilhante, que se destacava pelo caráter, pelo rigor profissional, pelo esmero no português e pelo domínio da informática. Ele foi editor adjunto de Política do jornal Estado de Minas e superintendente de Imprensa na Secretaria de Estado e Comunicação de Minas Gerais nos governos Hélio Garcia e Aécio Neves, entre outros empregos.

Ronaldo Aparecido Lenoir nasceu em Formiga (MG), em 29 de novembro de 1954. Em 1979, quando trabalhava na extinta Rádio Jornal do Brasil, filiou-se ao Sindicato. Trabalhara antes na Rádio Itatiaia e mais tarde na Rádio Tiradentes e na Rádio Belo Horizonte. Além do Estado de Minas, foi editor, redator e repórter nos jornais Diário do Comércio e Hoje em Dia. Como assessor de imprensa, trabalhou também na Companhia de Gás de Minas Gerais (Gasmig). Atualmente prestava consultoria na área de comunicação digital para o BHAZ, que ajudou a criar, e outras empresas.

Lenoir e Guadalupe faleceram em acidente na BR-381, no município de Nova Era, no Vale do Aço mineiro, às 18h de ontem. Um caminhão baú transportando sacos de carvão invadiu a contramão e prensou contra uma carreta carregada de minério o carro no qual viajavam. Outros dois carros foram lançados para fora da estrada e uma van também foi atingida. O motorista do caminhão e o motorista de um Renault Sandero ficaram feridos levemente.

Leia a seguir a matéria do repórter Pedro Rocha Franco publicada no jornal O Tempo, sobre Ronaldo Lenoir e Pedro Guadalupe.

Paixão pela tecnologia uniu as mentes de Ronaldo Lenoir e Pedro Guadalupe

Jornalista e diretor do site Bhaz morreram em acidente na noite desta quinta-feira (3); os dois vislumbravam a possibilidade de transformar o jornalismo na era da internet

Pedro Rocha Franco

Uma paixão uniu as mentes inquietas de Ronaldo Lenoir e Pedro Guadalupe: a tecnologia. De gerações distintas, os dois vislumbravam a possibilidade de transformar o jornalismo na era da internet. A amigos, Lenoir falava com bastante admiração do criador do site Bhaz.

Nascido em Montes Claros, no Norte de Minas, Ronaldo Lenoir é de uma geração do jornalismo ainda feito nas máquinas de escrever. Com passagem por alguns dos principais meios de comunicação de Belo Horizonte (rádio Jornal do Brasil, Itatiaia, Diário do Comércio, Hoje em Dia e Estado de Minas), além de ter atuado na assessoria de imprensa dos governos Hélio Garcia e Aécio Neves, com fascínio e entusiasmo, Ronaldo viu na chegada de computadores e principalmente da internet a necessidade de se atualizar, e sempre recomendava aos mais próximos o mesmo.

“Era um cara meio visionário. Todo mundo desconfiava da internet e do futuro do jornalismo, e ele já acompanhava e sabia de tudo. E falava pra gente do Pedro como um cara empreendedor, que chamava muita atenção”, recorda a amiga e subeditora do jornal Estado de Minas, Ângela Faria.

Mas o lado profissional de Lenoir não se resumia à paixão pela tecnologia. “Ele era tipo uma Barsa”, diz Ângela. Sério e brincalhão nos momentos certos, diz a jornalista Patrícia Aranha, era rigoroso na aplicação da língua portuguesa e, vez ou outra, no Facebook, alertava para erros de português de colegas de profissão. Tanto que foi um dos autores do manual de redação do Estado de Minas.

Pedro, por sua vez, é da ‘geração Google’. E, apesar de não ser formado em jornalismo, envolveu-se no ofício com a criação do portal Bhaz, que, graças ao seu conhecimento do mundo digital, tornou-se um dos principais de Minas Gerais em apenas cinco anos de criação.

Obstinado, orgulhava-se dos feitos de sua cria e nas redes sociais postava os números da audiência do site para cutucar os concorrentes, mas principalmente as agências de publicidade que não anunciavam no site.

Ainda sem acreditar, os mais próximos torcem para que seja apenas mais um truque de Pedro Guadalupe, que, até mesmo em seu currículo, gostava de estampar o ofício de mágico.

Filho do professor da Universidade Federal de Minas Gerais Jachynto Lins Brandão – erudito da Faculdade de Letras que, entre outros méritos, é capaz de traduzir textos mesopotâmicos direto do acádio para o português –, enxergava em Lenoir um amigo e colega de profissão com quem partilhava da paixão pela tecnologia.

A política era outro assunto que unia os dois. Guadalupe trabalhou como marqueteiro político aproveitando o conhecimento de novas tecnologias, enquanto Lenoir atuou na campanha eleitoral de Hélio Garcia em 1989, voltou a envolver-se com tema ao ser subeditor do caderno de político do jornal Estado de Minas entre 1996 e 2003, quando saiu para assumir o cargo de coordenador de imprensa do governo Aécio Neves. Depois disso, trabalhou na Gasmig e prestou consultoria política, tendo atuado novamente em campanhas em 2014, na tentativa de Pimenta da Veiga de ser governador de Minas.

Em Ipatinga, para onde os dois viajaram antes do trágico acidente, a política estava novamente presente. A dupla fechava um contrato para atuar na eleição extemporânea para prefeito após a cassação do mandato de Sebastião Quintão.

Atleticano e apaixonado pelos bares de BH, Lenoir deixa a mulher e duas filhas. Carolina seguiu os passos do pai, e é jornalista. Guadalupe era casado e tem três filhos.

(As fotos são das páginas no Facebook de Lenoir e Guadalupe.)

[4/5/18]

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