Trabalhadores protestam contra dois anos de calote do jornal Hoje em Dia

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O Sindicato dos Jornalistas realizou nesta quarta-feira 28/2 uma manifestação em frente à sede do jornal contra o calote da empresa a 38 jornalistas dispensados em 2016, que completou dois anos. Além de profissionais demitidos, participaram do protesto representantes de trabalhadores gráficos, da administração e dos professores, categorias também lesadas pelo empresário e político Ruy Muniz (PSB), proprietário do Hoje em Dia.

Usando um carro de som e distribuindo boletins à população, os manifestantes denunciaram os crimes cometidos pelo jornal e por outras empresas de Ruy Muniz. Uma faixa resumia a indignação dos trabalhadores e sua advertência aos mineiros: “Ruy Muniz já roubou os trabalhadores da comunicação, da educação e da saúde. Cuidado: o próximo pode ser você”. A manifestação foi filmada por pessoas que estavam na sede do jornal, numa tentativa de intimidação, que não teve êxito.

367 ações, R$ 25 milhões

O Hoje em Dia dispensou ao todo mais de 100 trabalhadores, incluindo gráficos e empregados da administração. Depois da demissão em massa, novas irregularidades aconteceram na empresa, como atrasos no pagamento de salários, vale alimentação e 13º e erros no registro de ponto. O ex-presidente do Sindicato Aloísio Morais, com mais de 30 anos de casa, que tinha sido demitido e reintegrado por determinação judicial, foi novamente dispensado, ilegalmente.

Ao todo, Ruy Muniz e o Hoje em Dia respondem a 367 ações envolvendo jornalistas, gráficos e trabalhadores da administração, cujos valores são estimados em cerca de R$ 25 milhões.

O calote nos jornalistas não é uma novidade na trajetória empresarial de Ruy Muniz. Dono de uma rede de escolas, a Soebras, ele é conhecido por dispensar professores e não pagar os direitos trabalhistas, e responde também a outros crimes.

Em abril de 2016, quando era prefeito de Montes Claros, Ruy Muniz foi preso pela Polícia Federal, acusado de desviar dinheiro público para o hospital da sua família. Na véspera, durante a votação do impeachment da presidenta Dilma, a mulher e sócia de Ruy Muniz, deputada federal Raquel Muniz (PSD), tinha citado o marido como exemplo de administrador público.

Apesar de tudo isso, o governo federal liberou, em outubro do ano passado, R$ 10,9 milhões para o hospital do empresário, e continua repassando recursos do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE) para a Soebras, rede de escolas do empresário. Ruy Muniz é pré-candidato a senador e Raquel Muniz candidata à reeleição para a Câmara dos Deputados.

“Quem dá calote em trabalhador não pode ser representante dos mineiros no Senado”, disse a presidenta do Sindicato, Alessandra Mello, ao relatar, na manifestação, o golpe aos jornalistas do Hoje em Dia. “Enquanto o jornal não pagar o que deve aos jornalistas, todo dia 28 estaremos aqui denunciando o calote e alertando a população para que não eleja caloteiros para o Senado e para Câmara”, avisou.

A justiça do trabalho reconheceu os direitos dos jornalistas, determinou intervenção administrativa no Hoje em Dia e ordenou que os repasses do FNDE para a Soebras sejam depositados numa conta destinada a pagar a dívida trabalhista. A decisão foi descumprida. Em novo despacho, o juiz determinou que o oficial de Justiça, em Brasília, solicite auxílio da Polícia Federal para que a ordem seja cumprida.

Luta, Jornalista!

[28/2/18]

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