Sindicato considera nota do Atlético insuficiente em episódio de censura

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Em mediação realizada nesta sexta-feira 23/2 na Superintendência Regional do Trabalho e Emprego (SRTE), sobre a proibição de entrada do repórter Leo Gomide, da Rádio Inconfidência, na Cidade do Galo, o Sindicato ratificou sua preocupação com o cerceamento ao trabalho dos jornalistas pelo Clube Atlético Mineiro e expressou a esperança de que esse comportamento mude.

“Após esse episódio, recebemos várias reclamações de cerceamento ao trabalho dos jornalistas e uma de proibição de entrada de um repórter no clube, cujo nome não divulgamos, para evitar retaliações”, disse o diretor do Sindicato Felipe Castanheira. “Sabemos das pressões que os jornalistas sofrem para não fazarem críticas ao Atlético e outros clubes, principalmente repórteres de rádio, e isso nos preocupa muito, porque é um tipo de censura”, acrescentou.

O Atlético foi representado na mediação pelo advogado Pedro Henrique Antunes. Ele disse que não tinha conhecimento de outros casos e que iria reportar à diretoria. Comunicou que sua participação na mediação se limitaria a ler uma nota da diretoria do clube.

A seguir, a íntegra da nota.

“A suspensão do acesso do jornalista às dependências do centro de treinamento do clube foi promovida em face do desentendimento público havido entre ele e o nosso então treinador. Com a demissão do treinador (ocorrida por razões técnicas – sem relação com o episódio), o clube avaliou que as questões remanescentes (discussão entre jornalista e técnico) se restringem, por ora, a eles.”

O Sindicato considerou a resposta do Atlético insuficiente diante dos acontecimentos e propôs realização de nova mediação, mas o representante do clube disse que aquela era a posição definitiva do clube. Diante disso, a mediadora encerrou a mediação e liberou o Sindicato para adotar as medidas que entender serem cabíveis ao caso.

“É preocupante essa manifestação do clube, que relativiza um problema grave, pois não houve desentendimento entre repórter e treinador, e sim desrespeito e tentativa de agressão ao trabalhador e cerceamento ao trabalho do jornalista”, enfatizou Felipe Castanheira.

O caso

Na noite de 7/2, durante entrevista coletiva, após o jogo do Clube Atlético Mineiro contra o Atlético Acreano, o então treinador Oswaldo de Oliveira xingou e tentou agredir o repórter Leo Gomide, da Rádio Inconfidência. Na manhã seguinte, o diretor de futebol do clube, Alexandre Gallo, comunicou que o repórter estava proibido de entrar na Cidade do Galo. A justificativa foi que o repórter teria dito um palavrão ao treinador.

O Sindicato divulgou nota repudiando a atitude do clube e o caso teve grande repercussão na imprensa nacional. Para o Sindicato, a atitude do clube configurou ataque à liberdade de imprensa, assédio e cerceamento ao direito ao trabalho. O fato gerou muita insatisfação dos jornalistas que cobrem o Atlético e várias denúncias foram feitas ao Sindicato.

O Sindicato solicitou mediação do Ministério do Trabalho e acionou a Comissão de Liberdade de Expressão da Ordem dos Advogados do Brasil Seção Minas Gerais (OAB-MG). Realizou também um protesto durante jogo do Atlético no sábado 10/2, exibindo faixa e distribuindo um boletim aos torcedores.

Na sexta-feira 9/2, o presidente do Atlético, Sérgio Sette Câmara, comunicou a demissão do treinador, disse que ela não tinha ligação com o fato e manteve a proibição ao repórter. Finalmente, no dia 13/2 o clube voltou atrás na sua decisão e permitiu a entrada do repórter na Cidade do Galo.

(Na foto, Sérgio Sette Câmara e Alexandre Gallo na coletiva do dia 9/2. Crédito da foto: Bruno Cantini / Atlético.)

[23/2/18]

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